Final no surfe tem contraste entre Medina badalado e Filipinho "esquecido"
O Circuito Mundial de Surfe (WSL) desembarca em Pipeline (Havaí) com a última etapa da temporada a partir deste sábado (8) - a janela vai até 20 de dezembro. São três candidatos ao título, entre eles dois brasileiros: Gabriel Medina e Filipe Toledo. Os dois vivem contrastes nas expectativas fora d´água mesmo dentro do Brasil.
Medina é o líder do ranking, principal favorito para a conquista e chega ao Havaí badalado. Na última quinta-feira (6), um vídeo publicado nas redes sociais lançou a hashtag #VaiMedina com mensagens de celebridades, entre elas Neymar, Gisele Bündchen, Cesar Cielo, Ronaldinho, Anitta, entre outros. "O Brasil inteiro está te esperando. Venha com a taça", disse Pelé no vídeo.
O surfista de Maresias soma 56.190 pontos, contra 51.450 pontos tanto de Filipinho quanto do australiano Julian Wilson (o outro surfista na disputa), e só precisa chegar à final para conquistar seu segundo título, independentemente dos resultados dos outros dois concorrentes. Em 2014, ele se tornou o primeiro brasileiro a alcançar tal feito.
Se Medina parar na semifinal, Filipe e Julian precisam vencer em Pipeline. Caso o campeão de 2014 termine entre as quartas de final e a segunda fase, os outros dois surfistas garantem o título chegando na final.
O favoritismo e a badalação ao lado de Medina fizeram Filipinho chegar à última etapa sem grande alarde no Brasil. O surfista de Ubatuba liderou o ranking no melhor ano de sua carreira, venceu no Rio e em J-Bay (África do Sul), mas viu o rival assumir a ponta na corrida pelo título após dois resultados ruins nas últimas duas etapas, quando caiu logo na 3ª rodada.
O desafio para Filipe ainda passa pelos tubos. Especialista em aéreos, ele mostrou evolução em 2018 ao chegar à semifinal no Taiti, na onda tubular de Teahupoo, mas agora precisará ir além em Pipeline, onde os tubos valem mais pontos que as manobras. O melhor resultado dele lá foram as quartas de final em 2014.
Já Medina foi muito regular desde o início do ano e também venceu duas vezes (no Taiti e na piscina de ondas nos EUA), além de ter chegado a três semifinais e outras três quartas de final. Nas últimas quatro etapas, venceu duas e chegou a duas semis, o que foi decisivo para liderar o ranking e ainda abrir vantagem para os outros concorrentes. Ele nunca ganhou em Pipe, mas já fez duas finais no Havaí.
Filipinho dá show, mas Medina é mais decisivo
Líder e vice-líder no ranking e donos de duas vitórias cada na temporada, os brasileiros foram parecidos em outros quesitos: aparições em finais (3 a 2 para Toledo), baterias ganhas (30 a 27 para Medina) e média de notas por bateria (13,54 de Filipe contra 13,23 de Gabriel). Filipinho leva maior vantagem em notas excelentes (acima de 8), com 26, contra 16 do rival.
Apesar dos números excelentes, o que pesou contra o surfista de Ubatuba na disputa foi justamente o mau desempenho nas duas etapas disputadas na Europa (França e Portugal). O resultado em solo francês ainda é contestado pelo surfista, mas ele sabe que o sonho de ser campeão este ano ficou mais distante.
"Eu procurei não me cobrar demais após as etapas da Europa. Senti que fui prejudicado na França e isso me fez entender que existem outros interesses por trás de um título mundial. Um deles é a minha felicidade", disse.
Recluso no Havaí há quase um mês, Filipinho disputou duas etapas da divisão de acesso do Circuito Mundial (WQS) e está acompanhado da família, enquanto Medina chegou para a última etapa do ano na semana passada junto com seu técnico e padrasto Charles Saldanha. O restante dos familiares só desembarcou nos últimos dias para se juntar à torcida pelo campeão de 2014.
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