Surfista que salvou mulher no Havaí quase perdeu irmão em acidente no mar
O surfista australiano Mikey Wright, de 24 anos, ganhou os noticiários neste início de 2021 ao salvar a vida de uma banhista que se afogava numa praia do North Shore, no Havaí, durante o feriado de Ano Novo. Estampar manchetes com histórias positivas, aliás, é algo que costuma ser frequente em sua família.
Mikey é irmão de Owen e Tyler Wright, surfistas que, assim como ele, fazem parte da elite do surfe mundial. A irmã, Tyler, de 26 anos, já conquistou o título mundial por dois anos consecutivos, em 2016 e 2017, enquanto Owen, de 30 anos, conseguiu um terceiro lugar em 2011 e há dez anos vem sendo um dos principais competidores do circuito.
Em 2016, porém, Owen ficou impossibilitado de competir por causa de um acidente que quase lhe tirou a vida no fim de 2015, em Pipeline, no Havaí. Durante os treinos para a mais tradicional etapa do Mundial, ele sofreu uma concussão e uma hemorragia cerebral que limitaram seus movimentos a partir de então.
Com perda de memória, dificuldade para falar e andar, entre outros sintomas, Owen contou com o apoio da família para superar suas limitações e até para conseguir voltar a praticar o surfe, uma vez que muitos chegaram a desconfiar se ele seria capaz de subir em uma prancha novamente.
Pois bem. Owen Wright não somente voltou a surfar e competir como retornou à elite do surfe mundial conquistando o título de uma das etapas mais cobiçadas do circuito, a Gold Coast, na Austrália, em março de 2017, logo na abertura do Circuito Mundial. A façanha foi vista como uma das maiores reviravoltas da história do surfe.
"Eu queria realmente a minha vida de volta. Depois da lesão na cabeça e de tantos altos e baixos, muitos pensamentos não me deixaram desistir, por mais cansado que eu estivesse. Eu continuei seguindo em frente, passando baterias, mas havia muito mais do que apenas a ideia de vencer as baterias. Eu queria recuperar a minha vida, queria a minha confiança. Estamos agora no final do ano, e ganhei de volta a minha confiança", disse o surfista, no mesmo ano, ao retornar a Pipeline, palco de seu acidente.
Owen terminou a temporada de 2017 na sexta colocação e repetiu a posição no ano seguinte - com direito a um vice em Teahupoo, derrotado pelo brasileiro Gabriel Medina. Em 2019, venceu Teahupoo e encerrou o ano com o nono lugar.
Irmã ficou 14 meses de cama após ser bi mundial
Em 2018, foi a vez de Mikey encarar mais um drama familiar. Depois de festejar as conquistas dos títulos mundiais de 2016 e 2017 pela irmã, ele viu Tyler travar uma batalha contra uma síndrome pós-viral, causada pelo vírus Influenza A, que a deixou impossibilitada de andar por mais de um ano - foram 14 meses de cama.
Tyler contraiu o vírus em julho de 2018, durante os treinos para a etapa de Jeffrey's Bay, na África do Sul. Ela mesma contou sobre o drama ainda no início da síndrome.
"Estou muito mal desde a África. O ataque inicial causado pela gripe A foi terrível e na volta para casa alguns sintomas melhoraram e outros pioraram consideravelmente. Meus médicos me diagnosticaram com síndrome pós-viral, o que realmente me deixou em uma montanha-russa", disse Tyler em uma entrevista ao site da Rip Curl.
"Essencialmente, você fica sintomático quase sempre com sensibilidade à luz e ao som, causando dores de cabeça e névoa cerebral. Situações estressantes e pequenas tarefas também se tornam extremamente difíceis sem que o seu corpo trabalhe normalmente", acrescentou.
Depois de 14 meses lutando contra perda de memória, crises emocionais e função cerebral limitada, Tyler voltou a competir em 2019, e vem conquistando grandes resultados na atual temporada. Ela estreou com vitória em Pipeline, com direito a uma nota 10 nas quartas de final, contra a sete vezes campeã mundial Stephanie Gilmore.
"Vidas Negras importam" e bandeira LGBTQ+
Em 2020, Tyler se tornou a primeira atleta de surfe a estampar a bandeira do Orgulho LGBTQ+ na lycra de competição. Em um longo post nas redes sociais, ela falou abertamente sobre sua sexualidade.
"Hoje, sinto que avancei em busca da compreensão da 'minha verdade' e autenticidade. Como mulher bissexual da comunidade LGBTQ+ e australiana estou muito feliz por representar ambos com essa lycra de competição", disse. "Surfar é para todos", completou.
Antes disso, a bicampeã mundial já havia se manifestado contra o racismo ao usar uma prancha homenageando o movimento "Vidas Negras Importam" durante um torneio preparatório. Ela inclusive se ajoelhou em apoio à campanha antes do início da bateria.
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