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Surfista corre com prancha e dribla fiscalização em São Vicente (SP)

Maurício Businari

Colaboração para o UOL, em Santos

23/03/2021 13h03

Uma cena inusitada chamou a atenção de quem caminhava pelo calçadão da orla da praia do Itararé, em São Vicente, litoral de São Paulo, ontem. Para fugir da fiscalização da Guarda Civil Municipal (GCM) de São Vicente, um surfista correu o mais rápido que podia, com a prancha na mão, evitando o motorista da viatura que tentava cercá-lo. Em seguida, ele entrou no mar com a prancha para não ser abordado, por descumprir medidas sanitárias referentes à pandemia de covid-19.

Um morador da cidade, que passava pelo local no momento em que ocorria a cena, registrou tudo com o celular e postou nas redes sociais, onde o vídeo viralizou. Mas ele não foi o único a acompanhar a fuga. Além das pessoas que passavam pelo calçadão da orla, a cena pôde ser acompanhada das janelas dos prédios em frente à orla.

"Foi louco o que o cara fez", contou ao UOL o publicitário Eduardo Ribeiro, 39 anos, que mora em um apartamento bem em frente ao local onde ocorreu a fuga do surfista. "Eu mesmo gosto de surfar, mas estou respeitando a quarentena. E, pelo que eu vi da minha janela, esse cara não era o único surfando perto da Ilha Porchat. Tinha vários na segunda-feira. Todo dia vejo a galera do surfe indo para a praia bem cedinho".

Apesar das restrições impostas pela fase emergencial do Plano São Paulo, as equipes de fiscalização das cidades do Litoral de SP ainda enfrentam resistência por parte de moradores e turistas no cumprimento das regras, principalmente nas praias da região.

Por meio de nota, a prefeitura de São Vicente lamentou que pessoas ainda insistam em descumprir as regras da pandemia. "Somente o trabalho de fiscalização do poder público não basta para mudarmos este cenário, pois o comportamento da população é fundamental neste processo".

Ainda de acordo com a nota, o homem que aparece com uma prancha fugindo da viatura da Guarda Civil Municipal (GCM) deu um "péssimo exemplo" e, por mais que os agentes tenham tentado abordá-lo, ele "entrou no mar, onde a fiscalização não tem como ser feita com a mesma efetividade".

A GCM realizou, no último fim de semana, mais de 1.400 abordagens por descumprimento às regras de acesso e permanência às praias e oito multas foram aplicadas pela ausência da máscara.

A fiscalização segue as determinações do Governo do Estado e o cumprimento aos decretos municipais que tratam do uso obrigatório de máscara mediante multa para quem não respeitar a determinação e da proibição de acesso e permanências às praias de São Vicente.

Surfista pede ajuda da comunidade

Maior recordista de títulos de surfe do Brasil, o professor Alexandre Salazar Junior, o Picuruta, está incentivando os praticantes do surfe, desde o início da pandemia, a seguirem as novas regras impostas pela pandemia à medida que elas surgem. Ele considerou como lamentável o que aconteceu em São Vicente e pede que a tribo dos surfistas reconsidere esse posicionamento de desafiar as autoridades.

"Estamos no pior momento da pandemia, é importante que respeitemos o próximo, quem a gente ama. Ninguém vai morrer se ficar uns dias sem pegar onda. Mas pode morrer se pegar essa doença [a covid-19]. A tribo tem que ter um pouco mais de consciência, temos que mostrar a nossa força, a nossa união. Lutamos tanto para desmarginalizar o surfe e vamos dar esse exemplo aí?", indagou, referindo-se ao surfista fujão do Itararé.

Na opinião de Picuruta, as prefeituras ainda estão um pouco perdidas no que se refere à organização das novas regras. Ele acredita que ainda existem muitas notícias "desencontradas", que só deixam a população ainda mais confusa.

"Eu vejo por Santos, onde nós temos a Escola de Surfe. Ninguém está desrespeitando as regras. Acabei de voltar da rua, levei meu cachorro para passear e vi que as praias estão vazias. Ninguém no quebra-mar pegando onda. Então como estão surfando lá em São Vicente? Tem que organizar melhor e a nossa tribo tem que dar o exemplo", finalizou.