Ricardo Mello ofereceu poucas dificuldades a Bopanna e caiu em três sets na Índia

19/09/2010 - 07h13

Mello perde após abandono de Bellucci, e Brasil fracassa outra vez na Davis

Régis Andaku

Em Chennai (IND)

O capitão João Zwetsch passou a semana toda dizendo que, na Copa Davis, ranking não faz diferença. Mais do que os próprios jogadores brasileiros, o indiano Rohan Bopanna parece ter usado esse "incentivo" a seu favor. Neste domingo, o número 479 do ranking mundial derrotou Ricardo Mello, número 75, ganhou o quinto e decisivo jogo do confronto da repescagem e acabou com as chances de o Brasil voltar ao Grupo Mundial da Copa Davis em 2011.

JOGO A JOGO

Na sexta, no primeiro duelo do confronto, Bopanna, cujo interesse no circuito profissional é participar apenas de torneios de duplas, obrigou Thomaz Bellucci, número 27 do ranking de simples, a jogar quatro horas e 28 minutos. Perdeu três match points e o jogo, mas desgastou fisica e mentalmente aquele que, teoricamente, seria o melhor do confronto -e dono de dois pontos garantidos para o Brasil.

A vitória de Mello sobre Somdev Devvarman ainda na sexta e da dupla indiana com Leander Paes e Mashesh Bhupathi sobre Marcelo Melo e Bruno Soares no sábado, em que os favoritos cumpriram sua parte, fez o último dia de jogos abrir ainda com vantagem brasileira de 2 a 1 e a necessidade de apenas uma vitória. Devvarman, número 113 porém, jogou contra um Bellucci que Bopanna levara ao limite e viu o brasileiro abandonar a disputa no segundo set e deixar a definição para o último jogo.

Em um ambiente amplamente favorável aos indianos, que aceleraram e iniciaram a partida tão logo Devvarman superou Bellucci, Bopanna ignorou a sua condição técnica notoriamente inferior para apertar Mello. Desperdiçou um break point já no segundo game, mas, com 2-1, viu Mello, acuado, cometer uma dupla falta e dar vantagem ao indiano. Essa vantagem conquistada por Bopanna se manteve até o fim do set, que fechou com 6-3.

No segundo set, Mello ainda buscava sua habitual tranquilidade, enquanto um animado e ainda mais confiança Bopanna, empurrado por uma pequena, mas insistente torcida indiana, apostava as fichas em seu saque e em subidas à rede. Com 2-2, ainda fora da concentração que costuma ter, Mello viu o rival ter a oportunidade de lhe quebrar o saque, mas conseguiu voltar ao jogo.

BOPANNA COMEMORA A VIRADA

Carregado por companheiros de equipe, Bopanna comemora com a bandeira indiana a virada: 3 a 2

Mais calmo, manteve-se à frente com 5-4 e chegou a ter duas oportunidades para ganhar o set. Mas, com a confiança criada ao longo dos últimos dias, Bopanna ganhou quatro pontos seguidos e, em seguida, conseguiu levar a definição para o tie-break. No desempate, o experiente parecia ser Bopanna: acertou dois aces, levou Mello a cometer outros três erros não-forçados e fechou com 7-2 incontestáveis.

O terceiro set viu mais do mesmo: Bopanna sacando com desenvoltura, correndo de confortavelmente nos pontos, longe de lembrar que é apenas o 479 do ranking. Quando saiu de 15-40 e, com um winner, abriu 5-2, gritou agressivamente na direção de Mello. Desenvolto, Bopanna ainda exibiu físico suficiente para subir à rede e, depois de fazer Mello correr de um lado para outro, fechar o set, marcando 6-3, 7-6 (7-2) e 6-3 em duas horas e um minuto.

Com a derrota na repescagem, o Brasil voltará a disputar o chamado Zonal Americano, equivalente à segunda divisão da Copa Davis, no ano que vem. Assim, segue fora do Grupo Mundial desde 2003. O país teve chance na repescagem nos últimos quatro anos, mas não teve sucesso em vencer seus confrontos.

INDIANO JÁ SABIA

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Depois de ser batido por Suécia (em 2006, 3 a 1), Áustria (em 2007, 4 a 1) e Croácia (em 2008, 4 a 1), os brasileiros jogaram em casa, em Porto Alegre, contra o Equador no ano passado. Mesmo assim, acabaram derrotados em um duelo que teve como destaque o veterano Nicolas Lapentti.

Já a Índia disputará o Grupo Mundial em 2011. Fora desde 1988, a equipe voltou à elite em 2009, mas no mesmo ano se viu rebaixada. Agora, espera o sorteio de quarta-feira para saber contra quem estreará no ano que vem.