UOL Esporte Tênis
 
22/09/2008 - 11h51

Meligeni lança livro e abre o "depois do jogo" no circuito aos leitores

Antoine Morel
Em São Paulo

Não é novidade que há no tênis brasileiro um argentino de sucesso. O que pouca gente sabe é como o portenho Fernando Meligeni se tornou uma figura relevante no circuito da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) e no Brasil.

Divulgação
Capa do livro de Fernando Meligeni, que será lançado nesta terça em São Paulo
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É isso que ele, aos 37 anos, mostrará no livro "Aqui Tem!", que tem lançamento nesta terça-feira, em uma livraria em São Paulo. Ex-tenista, ex-apresentador de TV, atual blogueiro e veterano do tênis, ele ganhou popularidade pela postura comprometida em quadra.

Ao UOL Esporte, Meligeni, ex-número 25 do ranking mundial, disse que a idéia é passar aos fãs de tênis e dos outros esportes também o que acontece aos tenistas quando não estão com a raquete na mão.

O melhor exemplo, para ele, aconteceu após a final do Pan de 2003, em Santo Domingo, quando ganhou a medalha de ouro sobre o chileno Marcelo Rios, ex-número um do mundo. A partida marcou também sua despedida do tênis profissional como jogador.

"Tem um texto que eu sou proibido de falar. O último capítulo do livro. Depois do jogo com o Marcelo [Rios], o que a gente fez depois, é bem os bastidores. É para mostrar como é o 'depois do jogo' mesmo", explicou, deixando no ar a história.

A idéia de escrever suas histórias no tênis começou em 2004. No ano seguinte, quando assumiu o comando do time brasileiro da Copa Davis, ele começou a trocar os textos pessoais com André Kfouri, jornalista que assina com o ex-tenista a autoria do livro.

"Foi muito tranqüilo. Tem história que eu nunca contei (...) É tudo escrito na primeira pessoa. Eu queria passar isso para galera. Nunca ninguém abriu o dia-a-dia de um tenista. Eu mandava o texto para o André e ele dava aquele toque do jornalista. E ele escreve muito legal", contou Meligeni.

A popularidade de um tenista argentino, que chegou ao Brasil ainda pequeno, chama a atenção e ele promete explicar como foi a adaptação no novo país, a decisão de defender a cor verde-amarela nos campeonatos e a impressão da família argentina. "Conto tudo. Como foi vir de ônibus para cá, com minha irmã com quatro anos ainda. E também da minha mãe, argentina, falando da sensação em ter um filho defendendo a Argentina que decide defender o Brasil", explicou "Fininho", seu apelido no circuito, que tem 1,80 m e tinha por volta de 65 quando jogava.

Na sua geração, Meligeni conviveu com uma geração de sucesso pouco visto no tênis nacional. "Eu conto bastante história com ele [Gustavo Kuerten, único tenista brasileiro número um do mundo, fato conseguido no começo da década]. Eu tive uma relação muito longa com ele (Guga). Logicamente, eu conto as coisas que podem ser contadas", garante, rindo.

Meligeni chamava atenção na Copa Davis para o Brasil, onde defendeu a equipe por dez anos como jogador e ainda depois como capitão. A vontade de não perder um ponto, a motivação de levantar a torcida e as reclamações eram parte do repertório na quadra. "Eu não era santo", admite. "[Sobre a Copa Davis] Foi o capítulo mais difícil de escrever. Foram doze anos de relacionamento", diz.

Semifinalista de Roland Garros em 1999, vencedor de três torneios da ATP (Bastad, Pinehurst e Praga) e quarto lugar nas Olimpíadas de 1996, Meligeni se consagrou justamente na sua despedida: com a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003. "Fica claro para mim que eu conquistei muita coisa. Você lembra dos caras que você ganhou, e aí você começa a escrever e começa a contar. O balanço que você faz é: 'valeu a pena'. É bem o título 'Aqui tem!'. Não é para ser uma coisa arrogante. É que teve muita vitória e derrota também. Mas a carreira foi bem-sucedida", completa.

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