UOL Esporte Tênis
 
06/01/2010 - 07h00

Pupilo de Acioly, Feijão tenta seguir caminho do amigo de infância Bellucci

Rubens Lisboa
Em São Paulo

Nascido em Mogi das Cruzes, no interior de São Paulo, o tenista brasileiro João Souza, mais conhecido pelo apelido 'Feijão', de 21 anos, começou a carreira na mesma época em que Thomaz Bellucci fazia suas primeiras partidas juvenis. O fato de fazer parte da mesma geração criou uma amizade entre os dois tenistas e a torcida de um para o outro, mas enquanto Bellucci conseguiu entrar para o top 40 do ranking mundial, Feijão caminha a passos mais curtos.

Reconhecido pelos outros tenistas como um jogador com potencial e bons golpes, Feijão tem seu talento lapidado pelo experiente treinador Ricardo Acioly, ex-tenista que foi capitão brasileiro na Copa Davis e treinou Fernando Meligeni durante sete anos, além de ter trabalhado com André Sá, Flávio Saretta e Alexandre Simoni, brasileiros que atingiram o top 100, além do chileno Marcelo Ríos, ex-número 1 do mundo.

Ainda são poucos os torneios da ATP disputados por Feijão, que após derrotar o cabeça-de-chave número 1 Marcos Daniel, busca o seu primeiro título de Challenger no Aberto de São Paulo, ostentando na carreira cinco títulos em Futures, que formam a transição entre o juvenil e o profissional para um tenista. Em Grand Slam, o pupilo de Acioly disputou todos no ano passado os torneios classificatórios de Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos Estados Unidos, descartando apenas o Aberto da Austrália pelo alto custo de viagem e a falta de uma sequência de eventos no local.

"O trabalho com o Feijão é legal, ele chegou lá na minha mão com 16 para 17 anos e estamos indo para cinco anos juntos. É legal no quesito de ver a evolução dele, de onde estava para onde está e o potencial dele de evolução ainda. Eu acho que esse lado é prazeroso em um trabalho de médio e longo prazo", afirma Ricardo Acioly.

Mas a ligação entre jogador e técnico vai muito além dos treinos no Centro de Treinamento Amil no Rio de Janeiro ou dos conselhos e broncas dados do lado de fora da quadra durante as partidas. Ambos afirmam ter um relacionamento como o de pai e filho, o que ajuda nos momentos mais difíceis.

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Técnico com a experiência de ter trabalhado com Fernando Meligeni e André Sá, Ricardo Acioly teve também sob seus treinamentos os mineiros Bruno Soares e Marcelo Melo, duplistas que iniciaram nova parceria em 2010 e passaram pelas mãos do treinador no início da carreira, no Rio de Janeiro.
"O Marcelo ficou bastante tempo e o Bruno passou um pouco lá, mas não ficou muito. Acho legal, é normal os jogadores fazerem uma transição de treinamento. Agora desejo sorte para os dois, eles são novos e têm muito a aprender" afirma Acioly sobre a nova dupla.

"A gente tem uma relação muito maior do que de treinador, ele está no Rio há muito tempo, saiu de Mogi das Cruzes para morar no Rio. Sei do potencial dele de jogar em condições como essa (quadra rápida), sei do potencial dele para jogar com um tênis de alto nível e agora é continuar trabalhando. Ele está em um processo de amadurecimento, as pessoas podem ver que ele tem força e golpes para jogar em alto nível e agora é continuar competindo, fazendo isso ele vai jogar os torneios grandes", avalia Ricardo Acioly.

Feijão reconhece a importância de Ricardo Acioly em sua carreira e espera retribuir todo o apoio recebido pelo treinador nos últimos cinco anos com a conquista de títulos.

"Ele sempre me ajudou muito desde o primeiro dia até hoje, é como se fosse um pai para mim. A gente está sempre junto, ele me passa muitas coisas boas, me ensinou muito como jogador e como pessoa. Tem uns arranca-rabos que é normal. Confio muito nele, como sei que ele confia muito em mim e nossa relação tem muito a render ainda", promete o tenista.

E diferentemente de ter uma rivalidade com Thomaz Bellucci, contra quem jogou três vezes e venceu apenas uma, Feijão prefere tentar usar o sucesso do amigo para poder se motivar para alcançar metas, como a de chegar neste ano ao top 100 do ranking mundial, algo que atualmente ainda está longe com o tenista sendo o 199º do mundo.

"No juvenil até que não joguei muito com o Bellucci, estávamos nos mesmos torneios mas jogamos duas vezes. E desde pequeno ele está junto, muita torcida para ele e tomara que ele siga no caminho que está, ele fez por onde, sempre foi um garoto concentrado e dedicado. Neste ano tomara que tudo dê certo, quero terminar entre os 100, mas é difícil, tenho de jogar bem para poder jogar chave de Grand Slam e subir cada vez mais", afirma Feijão, que não quer ter pressa em obter o sucesso de Bellucci para não se afobar.

"Não pode atropelar, é passo a passo, matar um leão por dia e estou fazendo as coisas certinho e sei que tenho nível para estar lá também", finaliza o tenista de 21 anos.

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