UOL Esporte Tênis
 
12/03/2010 - 21h13

Guga é homenageado e recebe troféu de Safin, mas russo faz "cara feia"

Rubens Lisboa
No Rio de Janeiro

Nesta sexta-feira, no primeiro dia do Rio Champions, Gustavo Kuerten foi a principal estrela ao ser homenageado com a exibição de um vídeo em alusão ao título da Masters Cup de Lisboa, Portugal, em 2000, ao som da música “Simply the best”, da cantora norte-americana Tina Turner (“Simplesmente, o melhor”, em português).

Guga entrou em quadra esperado por Mats Wilander, Jim Courier e Marat Safin, os tenistas do torneio que já ocuparam o posto de número 1 do mundo. Em seguida, Safin, que no dia anterior havia brincado dizendo que não perdoaria o brasileiro por lhe roubar a liderança do ranking, foi convidado a entregar um troféu para Guga.

Apesar de já estar programada a presença do russo, ele pareceu um pouco frustrado ao participar da homenagem e saiu de quadra com aparência de quem não gostou da situação.

“Ele já me ameaçou e tudo, e ele é grande, não é? (risos). Acho que sempre foi uma rivalidade boa entre eu e ele. Ele foi um cara que me desafiou muito a evoluir meu tênis, eu tive que adaptar uma série de coisas. Tive que jogar não da maneira que eu gostava de jogar. Tinha que jogar teoricamente mal para me adaptar ao jogo dele”, afirmou Gustavo Kuerten sobre sua rivalidade com Safin.

Para o brasileiro ex-número 1 do mundo, Safin foi responsável por sua evolução em quadra na busca pelo melhor jogo. Prova disso é que ele precisou perder três vezes para o russo antes de passar a vencer e assumir o topo do tênis mundial.

“Foi um cara que sempre me provocou muito em todos os aspectos, inclusive esse, por meu tênis ter melhorado. Eu diria que ele e o (Andre) Agassi foram os meus principais rivais, ao lado do (Yevgeny) Kafelnikov. Caras que cada jogo tinha que vir com algo diferente, era meio inadmissível me acomodar ou me defrontar com uma derrota contra eles, por mais que isso fosse natural”, lembrou.

Gustavo Kuerten compreendeu bem a frustração de Marat Safin, entendendo que a perda da liderança do ranking há uma década pode ter causado o desconforto do russo na hora de entregar um troféu a um de seus rivais.

“Aquela ocasião em especial deve ter sido muito frustrante, porque ele ficou de fora assistindo ao que não tinha mais condições de fazer nada a respeito, porque foi eliminado. Ele não tinha nenhum tipo de chance a não ser depender do Agassi e do Sampras”, explicou Guga, lembrando da Masters de Lisboa há 10 anos.

Mas o brasileiro ressaltou que também teve seus dias de frustração e que, assim como Safin, ainda não consegue digerir a perda da liderança do ranking há dez anos para o australiano Lleyton Hewitt, que lhe tirou a chance de completar um ano inteiro no topo.

“No ano seguinte o tiro saiu pela culatra também, fiquei na frente até a última semana e o Hewitt me tirou. Eu também vou ficar com isso entalado na garganta até o decorrer da minha vida. Ainda mais porque aquele ano a Masters era para ter sido aqui no Brasil e acabou inviabilizada pelo lado financeiro”, completou.

Mas apesar de toda a rivalidade e o desgosto de Marat Safin por ter ficado sem a liderança do ranking, Guga afirmou ter boa relação com o russo e salientou que nunca teve problemas com ele do lado de fora da quadra.

"Era muito boa a nossa convivência. Ele fala espanhol e facilitava, foi criado na Espanha e tinha uma cultura mais próxima de nós brasileiros. Muitas vezes conversávamos das mesmas coisas, sobre futebol e praias. É um cara que conviveu muito comigo, os melhores anos dele também foram os meus. E a gente degladiava nas quadras, mas até hoje se respeita muito. Temos uma amizade acima da própria competição", finalizou o brasileiro.

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