Anônimos, tenistas reservas e juvenis têm semana especial na Copa Davis

Rubens Lisboa

Em São Paulo

Além dos quatro jogadores e o capitão que fazem parte de uma equipe nacional de Copa Davis, personagens que acabam não sendo conhecidos do público têm a sua importância na preparação dos escolhidos para entrar em quadra e encarar as partidas. Assim ocorre com os reservas e juvenis, convocados por João Zwetsch para auxiliar os brasileiros nos treinos durante o embate com o Uruguai.

Juvenil João Sorgi joga futebol com o titular Thomaz Bellucci (ao fundo) e o capitão João Zwetsch
André Ghem, reserva da equipe brasileira toca bateria na "banda" do capitão João Zwetsch
João Sorgi é "castigado" por Daniel Melo e Marcelo Melo após vitória sobre o Uruguai em Bauru

Os tenistas profissionais André Ghem e Ricardo Hocevar aceitaram a convocação para formarem a equipe brasileira em Bauru mesmo sabendo que não teriam chances de entrar em quadra para jogar o confronto, ficando responsáveis por treinar os titulares.

Com um histórico familiar com o tênis devido aos tios, principalmente o ex-top 30 Marcos Hocevar, Ricardo Hocevar se apresentou à equipe comandada por Zwetsch como número 182 do ranking, mesmo sabendo que tinha ranking melhor do que o melhor tenista da equipe uruguaia, Marcel Felder, então 267º do mundo.

“Fico feliz por participar, estar no grupo e poder estar aqui. Quanto mais vezes eu puder estar aqui na Davis, participando do grupo, melhor. O tênis é um esporte individual, mas aqui está todo mundo junto com o objetivo de ganhar o confronto e quem sabe entrar no Grupo Mundial, é muito gostoso. Espero poder estar como titular um dia, jogar com todo mundo junto”, afirma Hocevar.

Já para André Ghem, treinado por Carlos Zwetsch, irmão do capitão da equipe brasileira, a situação de reserva da Davis é um privilégio. O ex-número 181 do ranking tem passado por seguidas lesões e despencou para a 1.085ª colocação na ATP. A entrada no time de Thomaz Bellucci, Marcos Daniel, Bruno Soares e Marcelo Melo serve como motivação para seguir na carreira aos 27 anos.

“Em 2008 tive um problema no ombro direito, acabei fazendo uma cirurgia e fiquei bastante tempo parado. Quando voltei, tive novos problemas de lesão no braço, no cotovelo, não estou conseguindo jogar muito”, explica Ghem.

Mas para os novatos Augusto Laranja, de 18 anos, e João Sorgi, de 16, estar na equipe da Copa Davis é motivo de comemoração por estarem ao lado dos melhores tenistas do país e também do ex-número 1 do mundo Gustavo Kuerten, mesmo sabendo que precisam aturar as brincadeiras dos veteranos, as chamadas “prendas”.

“A gente sofreu bastante nas mãos deles, que fazem essas brincadeiras para a gente passar por dificuldades e amadurecer com tudo isso, mas acho que faz parte, estou levando tudo numa boa. Comigo fizeram tudo. Eu cheguei ao quarto depois do jantar oficial e as malas estavam todas viradas, as camas viradas, as roupas e as raquetes no banheiro. Me fizeram subir correndo a ladeira atrás da van, paguei muitas flexões depois do. O pior, o cérebro da equipe, é o Marcelo Melo”, afirma Sorgi.

E até mesmo Guga entrou na brincadeira no último fim de semana e aprontou com os garotos, fazendo com que eles pagassem 30 flexões. Apesar disso, Augusto Laranja também afirma levar na boa e agradece a oportunidade de poder treinar com os mais velhos em seu último ano como juvenil.

“Sem dúvida foi um ritmo maravilhoso, não esperava esse convite, fiquei muito surpreso e contente. É um ritual, tem que manter a tradição, é uma parte de descontração, pagando as prendas, uma coisa que mais para frente a gente vai passar para o pessoal. O Guga foi bonzinho, pegou leve com a gente”, afirma o tenista, que com o encerramento das partidas volta à rotina de torneios juvenis.