Em condições desfavoráveis no piso duro, Nadal tem chance de fazer história

Rubens Lisboa

Em São Paulo

Apenas seis homens na história do tênis mundial conseguiram vencer todos os torneios do Grand Slam durante a carreira, uma missão obtida pelo britânico Fred Perry, pelos norte-americanos Don Budge e Andre Agassi, pelos australianos Rod Laver e Roy Emerson e finalmente pelo suíço Roger Federer, o mais recente a obter o feito, no ano passado em Roland Garros.

AUSÊNCIAS IMPORTANTES EM NOVA YORK

Acostumado a receber os melhores tenistas, o Aberto dos Estados Unidos deste ano começa marcado pelas ausências em sua chave principal. Campeão do ano passado, o argentino Juan Martín Del Potro não conseguiu se recuperar a tempo após a lesão no pulso para participar desta vez.

Na chave feminina, a situação também ficou ruim para os torcedores com a desistência da norte-americana Serena Williams, semifinalista do ano passado, que acumula três títulos de simples no evento em seu país. Assim como Serena Williams, a belga Justine Henin, dona dos títulos de 2003 e 2007, também não poderá participar do Major.

Com as ausências, aumentam as chances de novos campeões, já que entre os homens em atividade no evento apenas o suíço Roger Federer, o australiano Lleyton Hewitt e o norte-americano Andy Roddick conquistaram títulos em Flushing Meadows, enquanto a norte-americana Venus Williams, a belga Kim Clijsters e as russas Maria Sharapova e Svetlana Kuznetsova são as únicas que podem repetir o título em Nova York.

Líder do ranking mundial e responsável por ter incomodado o quebrador de recordes Roger Federer nos últimos torneios de Grand Slam, o espanhol Rafael Nadal tenta a partir desta segunda-feira ser o sétimo tenista da história a ter em sua galeria os títulos do Aberto da Austrália, de Roland Garros, de Wimbledon e do Aberto dos Estados Unidos, este último o único faltante para Nadal. Ele enfrenta o russo Teymuraz Gabashvili (RUS), provavelmente na terça.

Se nos anos anteriores, o tenista espanhol chegava desgastado ao Grand Slam norte-americano, desta vez Rafael Nadal não exibe nenhuma lesão aparente depois dos seguidos problemas nos joelhos, o que era um grande incômodo para partidas em eventos como o Aberto dos Estados Unidos.

Nadal jamais chegou em uma final em Flushing Meadows e neste ano chega ao Grand Slam sem ter conquistado nenhum título na mesma superfície. Das cinco conquistas do líder do ranking na temporada, quatro foram no saibro (Masters 1000 de Monte Carlo, Masters 1000 de Roma, Masters 1000 de Madri e Roland Garros) e um na grama (Wimbledon).

No ano passado, quando alcançou a semifinal e só foi derrotado pelo campeão Juan Martín Del Potro, Rafael Nadal havia obtido os títulos do Aberto da Austrália e de Indian Wells no piso duro. Em 2008, ele havia ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim e o Masters Series do Canadá, enquanto na temporada de 2007 chegou com o título do Masters Series de Indian Wells.

O número de partidas prévias à disputa deste ano no piso duro é menor que nas últimas duas temporadas. O espanhol que fez 40 partidas nesta superfície em 2008 e 26 no ano passado, quando ficou fora de torneios por lesão, agora tem 25 confrontos.

Não bastassem os números negativos, ainda resta para Nadal encarar uma chave mais difícil que a de Roger Federer, por exemplo. O espanhol poderá ter pela frente tenistas como o alemão Philip Kohlschreiber, o ascendente ucraniano Sergiy Stakhovsky, o experiente croata Ivan Ljubicic, além de nomes como o argentino David Nalbandián e o espanhol Fernando Verdasco, antes de poder confrontar com o britânico Andy Murray na semifinal.

Mas com números e possibilidades contrárias, ainda é possível acreditar que Rafael Nadal consiga obter o seu último título faltante para completar o Career Grand Slam pelo seu retrospecto no tênis. Afinal, o espanhol apelidado de “Touro” está acostumado a quebrar barreiras. Roger Federer sabe muito bem disso.