UOL Esporte Tênis
 
29/10/2010 - 07h00

Dividido entre Brasil e Suécia, Lindell põe "fama" à prova contra Bellucci

Rubens Lisboa
Em São Paulo

Um tenista que nasceu e cresceu no Rio de Janeiro, fala com sotaque de carioca, mas joga defendendo as cores da bandeira sueca tem chamado a atenção no challenger de São Paulo, válido pelo circuito Copa Petrobras, com seu estilo de jogo e também pela tentativa da Confederação Brasileira de Tênis (CBT) de lhe convencer a jogar por seu país-natal.

O simpático jogador que tem apenas 18 anos e há três defende a Suécia por influência de seu pai entrou viajou para São Paulo esperando jogar o qualificatório e já contava com a volta para casa, no Rio de Janeiro, onde iniciaria suas férias na segunda-feira, mas foi eliminando tenistas experientes, virou xodó dos torcedores e nesta sexta-feira, às 13h, enfrenta o paulista Thomaz Bellucci, cabeça de chave número 1 do torneio e atual campeão, pela semifinal do evento.

Treinado por Ricardo Acioly, que foi capitão do Brasil na Copa Davis, Lindell foi convidado para a chave do challenger e tirou logo de cara João Souza, o Feijão, na estreia, o que deixou o companheiro de treinos no Rio de Janeiro fora do top 100. Depois, passou por Thiago Alves e pelo cazaque Yuri Schukin para ter pela frente a principal estrela do evento na briga por uma decisão inédita de torneio deste nível. A campanha até a semifinal já deverá render ao sueco 85 posições no ranking, sendo que ele chegou a São Paulo como 445º do mundo e como quinto melhor sueco.

“Esse ano esse é meu último torneio. As férias eram para começar nessa semana, eu estava planejando e achava que ia jogar o quali aqui, e se furasse o quali iria estender um pouquinho mais para as férias, mas o planejamento era que começasse na segunda-feira, ainda bem que não começou”, brinca o tenista.

Ainda novo no circuito, Christian Lindell vai se acostumando à fama nos primeiros passos como tenista profissional e se mostra satisfeito pela forma como vem evoluindo na carreira.

CBT TRABALHA PARA CONQUISTAR LINDELL

  • Divulgação/Copa Petrobras

    De acordo com o Blog do Tênis, de José Nilton Dalcim, a Confederação Brasileira está alterando seu programa de incentivo aos novos jogadores numa tentativa que pode ajudar a garantir que Christian Lindell passe a jogar pelo Brasil após três anos defendendo a Suécia. O principal objetivo do programa é a preparação de tenistas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016, por isso a CBT conta com o apoio do Ministério do Esporte

“Nunca dei entrevista depois de dois jogos seguidos, mas me dá motivação para jogar assim, tenho que jogar com esse foco e essa atitude nos torneios menores também porque se eu jogar desse jeito, com certeza vou subir de nível mais rápido”, revela Lindell.

A qualidade já demonstrada pelo tenista durante outros eventos antes mesmo de vir a São Paulo, como as quatro finais de Future com um título no Brasil e a estreia em uma chave da ATP em Bastad, na Suécia, na atual temporada, fizeram com que a própria CBT procurasse tentar fazer com que ele troque a Suécia pelo Brasil. Mas a tentativa tem sido complicado devido às boas condições de preparação e o investimento que ele tem no país nórdico, além da preocupação com a perda de uma oportunidade na Europa.

“Me sinto brasileiro, moro no Rio, mas sem dúvida se pudesse escolher por nada eu escolheria jogar pelo Brasil, mas são muitas coisas que entram aí, tenho que pensar em muitas coisas se realmente eu vou querer trocar. É uma situação delicada porque se eu fecho uma porta lá, nunca mais ela se abre. Tenho que pensar bastante se realmente vale à pena, mas quem sabe para a frente”, afirma o tenista.

“Esse tipo de questão quem resolve é meu pai, mas eu acho que [a CBT] procurou o meu pai, só que meu pai não me falou nada porque eu estou viajando e não vejo ele faz um tempo, umas três semanas, então se procurou ele não me falou”, explica Lindell, que tem simpatia por tenistas como Andréas Vinciguerra e Robin Soderling na Suécia, mas admite ser tratado mais como brasileiro do que sueco.

BRASILEIRO OU SUECO?

Me sinto brasileiro, moro no Rio, mas sem dúvida se pudesse escolher por nada eu escolheria jogar pelo Brasil, mas são muitas coisas que entram aí, tenho que pensar em muitas coisas se realmente eu vou querer trocar. É uma situação delicada porque se eu fecho uma porta lá, nunca mais ela se abre

Christian Lindell, sobre a dificuldade de escolher por defender o Brasil

“No início foi difícil porque eu ficava longe da família, ficava em hotel, era frio, é uma coisa nova que começou há três anos, e fui acostumando, hoje está bem melhor, mas prefiro ficar por aqui”, afirma. “Me tratam como brasileiro. Um pouco como brasileiro e um pouco sueco, depende do assunto, falam em inglês a maioria das vezes comigo as pessoas que me conhecem”, completa Christian Lindell, que com as idas e vindas entre Brasil e Suécia, vai tendo alguns problemas, como a dificuldade em obter a habilitação para dirigir.

“Eu estou tirando carteira de motorista também e agora com essa nova regra são 45 horas teóricas e 20 horas práticas. Então como vou ter tempo de fazer isso? Comecei em dezembro e consegui terminar agora as 45 horas teóricas, sendo que o prazo é de um ano, então se não fizer até o final do ano tenho que fazer tudo de novo e pagar tudo de novo. Expira em dezembro, se não conseguir eu não sei o que vou fazer”, explica Lindell.

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