Oncins e Saretta falam em 'infelicidade' e tentam esconder desconforto com Bellucci
O clima era confraternização. Jaime Oncins e Flávio Saretta fariam um jogo-exibição em um resort paradisíaco no litoral da Bahia. Entre sorrisos e brincadeiras, apenas um nome tirou os dois do prumo: Thomaz Bellucci. O melhor tenista brasileiro da atualidade recebeu dos dois críticas por conta de seu comentário sobre ex-tenistas e técnicos do país.
CLIMA DE AMISTOSO SÓ FORA DE QUADRA
No dia seguinte à conversa com o UOL Esporte, Flávio Saretta e Jaime Oncins foram para quadra e o clima de amistoso acabou com as primeiras raquetadas. Mesmo com dez anos a menos, Saretta pareceu sentir mais o calor da Bahia e até mesmo a lesão no cotovelo que o fez deixar a carreira como profissional há dois anos.
Oncins quebrou o saque do adversário por duas oportunidades no primeiro set e fechou por 6/2. Mas Saretta conseguiu reagir no set seguinte e vencê-lo por 6/3. A decisão veio apenas no terceiro período, que foi disputado como match-tiebreak. Com duas quebras no começo, Jaime fechou por 10-7 e venceu o jogo por 2 a 1.
“Acho que não tem ninguém mais cansado no mundo do que eu”, brincou Flávio, com o publico durante a partida e recebeu um conselho de amigo-técnico do rival. “A única coisa que sobrou foi minha a esquerda e você só joga nela!”, disse Jaime.
Mas com a partida encerrada, o clima de amizade voltou. E o peso da idade e da distância do tênis profissional também. Amparados por suas esposas, os dois tenistas caminharam com dificuldade para seus quartos, arrastando os pés. Nada que atrapalhasse o restante da folga deles.
No final de outubro, Bellucci foi categórico: “Nunca tivemos tradição de termos bons técnicos e não vai ser agora que vamos ter”. E foi além. Disse que falta uma maior participação de ex-tenistas com os jovens brasileiros. O contra-ataque veio agora.
Fernando Melligeni já tinha respondido em seu blog logo após o ocorrido e dessa vez foram Oncins e Saretta que deram suas opiniões sobre as duras críticas do número 31 do mundo. As brincadeiras e o clima de descontração deram lugar a rostos carrancudos quando questionados sobre o assunto pela reportagem do UOL Esporte.
Jaime Oncins foi mais comedido. Apesar de nitidamente incomodado, a experiência pesou. Com 40 anos – e longe do circuito profissional desde os 30 – foi mais calmo na resposta, mas não menos contundente. “Acho que faltou ele direcionar melhor o que disse. Ele precisa se informar melhor com quem trabalha nisso.”
“No meu caso, por exemplo, fui técnico do Saretta, do André Sá e de outros depois que parei. Temos o caso de outros ex-tenistas como Fernando Roese e o próprio Saretta, que vem desenvolvendo um trabalho junto à base”, completou o paulista, que seguindo seu trabalho de técnico, recebe o português Gastão Elias, de 19 anos e 512º do mundo.
Já Flávio Saretta teve de se segurar. Enquanto Oncins dava sua resposta, se contorcia na cadeira, como se ela tivesse ficado menor. Estava medindo suas palavras. Queria dar uma resposta à altura para Bellucci, mas sem soar grosseiro ou ofensivo. Ficou entre o político e o sarcástico. “Ele não foi muito feliz porque isso não está acontecendo.”
“Faltou cuidado na hora de ele criticar. O gozado é que o Bellucci nunca saiu daqui, sempre teve treinador brasileiro. Acho que ele está desmerecendo quem trabalhou com ele”, disse Saretta, defendendo principalmente João Zwetsch, técnico do número 1 do Brasil nos últimos dois anos – foi substituído por Larri Passos na última segunda-feira.
A segunda parte da reposta de Flávio foi praticamente uma mea culpa: “O tenista quando para, procura passar mais tempo em casa, curtir a família e os filhos, pois está desgastado com viagens, lesões e treino. Começamos a carreira muito cedo, é muito tempo longe de casa. Depois de um período, ele recomeça e se envolve novamente no esporte.”
Mesmo com tantas críticas, Thomaz Bellucci ainda ganhou uma defesa, mesmo que não da área. Próxima da conversa, a ‘rainha do basquete’ Hortência fez às vezes de advogada do tenista. “Os rapazes do tênis que me perdoem, mas ele abriu o diálogo, fez todo mundo pensar no assunto. É importante isso. Eu já tive de buscar um técnico fora para dirigir a seleção no último Mundial.”
Foi voto vencido. Oncins e Saretta seguiram de cara fechada até o assunto ser deixado de lado.
*O repórter viajou a convite da organização.
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