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Bellucci tem pressão amenizada, vira 'búfalo' e aprimora golpes com Larri

Larri Passos e Thomaz Bellucci posam juntos após treinamento em academia de tênis em São Paulo - Divulgação
Larri Passos e Thomaz Bellucci posam juntos após treinamento em academia de tênis em São Paulo Imagem: Divulgação

Rubens Lisboa

Em São Paulo

05/01/2011 07h00

O primeiro aspecto de trabalho do treinador gaúcho Larri Passos com Thomaz Bellucci tem sido para amenizar a pressão do tenista que carrega a responsabilidade de ser o principal brasileiro na atualidade e ocupa a 31ª colocação no ranking. Com a expectativa do público de como será o desempenho do tenista ao lado do técnico que levou Guga ao topo, Larri chama a responsabilidade para si enquanto o jogador tenta jogar mais relaxado.

A defesa dos 540 pontos que o tenista terá a defender em sua sequência de torneios que se inicia na próxima segunda-feira em Auckland, na Nova Zelândia, até o Masters 1000 de Miami, na segunda quinzena de março, Bellucci não coloca o ranking como principal objetivo da temporada e espera conseguir evoluir aspectos de seu jogo, como o voleio.

“Acho que o mais importante é melhorar o nível de jogo, melhorar os ajustes, acho que o ranking vai ser consequência disso. Tenho muitas coisas a melhorar e o ranking vai dizer isso. Se o ranking melhorar, é porque o nosso nível de jogo está melhorando e isso que vai surtir o efeito que a gente quer”, afirma Thomaz Bellucci, que embarca nesta quarta-feira para Auckland, onde já será acompanhado pelo técnico.

MOTIVAÇÃO E DEDICAÇÃO

O Larri tenta me deixar focado 100% em quadra. A gente fez uma preparação de 30 dias e passava o tempo todo em quadra. Não tinha distração de nada, isso ele tem me passado muito, a concentração total em quadra. E além disso ele tem me passado muita motivação. São rotinas desgastantes, mas ele tem me motivado a cada dia para eu conseguir chegar naquela bola que mesmo desgastado eu tenho que chegar, naquele final de treino que você está cansado ele motiva para estar como no começo do treino

Thomaz Bellucci, sobre o primeiro mês de trabalho com Larri Passos antes da viagem para disputar o Torneio de Auckland

O raciocínio é reforçado por Larri Passos, que não demonstra preocupação com os pontos do tenista na primeira etapa e se mostra confiante em vitórias já no início, avisando que não costuma entrar em torneios para perder.

“Se eu tivesse pensado muito em pontos, em 1998 teria largado o tênis. O Guga tinha 2 mil em um mês, não penso em pontos, não penso em dinheiro, acho que a gente tem que pensar na parte tática e tem o ano inteiro para jogar, perde uns pontos aqui, ganha ali”, afirma Larri.

Para conseguir a desejada evolução, Bellucci passa por uma espécie de “castigo” ao final dos treinamentos e após cada sessão é chamado por Larri para realizar cerca de 15 minutos de trabalho específico de algum golpe em que não tenha ido tão bem. No treinamento aberto à imprensa nesta terça-feira, o principal golpe foi o voleio.

“A gente tem trabalhado os pontos que eu preciso melhorar que é a chegada na rede, bola de defesa, slice e saque. Isso a gente tem trabalhado de uma maneira geral diariamente e tem tentado melhorar esses golpes”, explica o tenista brasileiro.

O empenho de Thomaz Bellucci tem deixado Larri Passos satisfeito e assim como Gustavo Kuerten era chamado de “cavalo” pelo treinador nos treinamentos, o novo comandado pelo gaúcho também não escapou de um apelido. Ele é o “búfalo”.

“É uma maneira de falar, a gente está treinando tanto que ele fala que eu sou aquele animal que fica o dia inteiro se exercitando. É mais para esse lado”, afirma Bellucci.

SEM PRESSÃO POR RANKING

Se eu tivesse pensado muito em pontos, em 1998 teria largado o tênis. O Guga tinha 2 mil em um mês, não penso em pontos, não penso em dinheiro, acho que a gente tem que pensar na parte tática e tem o ano inteiro para jogar, perde uns pontos aqui, ganha ali

Larri Passos, sobre a quantidade elevada de pontos que Bellucci tem a defender

“Quando a gente começou o trabalho ficou bem claro que ia ter que trabalhar bastante, dar o máximo e isso a gente tem feito muito. Estava até comentando que no dia do aniversário [dia 30 de dezembro é aniversário de Bellucci e Larri] a gente ficou o dia inteiro treinando, ficamos na quadra até 17h, no Réveillon a gente ficou até quase à noite do dia 31 treinando e no dia 1º levantei cedo para treinar”, complementa o jogador.

O trabalho de Larri Passos visa também evitar a distração do tenista e também no lado tático em quadra, já que em algumas partidas da temporada passada Thomaz Bellucci teve dificuldades e não conseguia se recuperar para buscar a vitória, como na disputa de tie-breaks.

“A gente trabalhou plano A, B, C, D... até o Z. Se ele estiver caindo na quadra, vamos ter que arrumar uma maneira de ganhar o jogo. Esse é o meu trabalho. A gente tem o caso títpico do jogador que foi numero um do mundo, que saia muito bem dos buracos. Como eu estava com o Guga no circuito, estou transmitindo para ele. Vai ter momentos que ele vai ter que descansar o jogo, brincar com a bola, e o outro game vai ter que acelerar. Essa é a minha função e ele está aceitando bem”, explica Larri Passos.