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Brasil tem delegação recorde no antes 'caro e distante' Aberto da Austrália

Thomaz Bellucci é o destaque da delegação brasileira no Aberto da Austrália - AP Photo/Rob Griffith
Thomaz Bellucci é o destaque da delegação brasileira no Aberto da Austrália Imagem: AP Photo/Rob Griffith

Rubens Lisboa

Em São Paulo

12/01/2011 12h00

Um ano depois de o Brasil ter um representante fazendo história no Aberto da Austrália, com Tiago Fernandes conquistando o título juvenil do Grand Slam, a delegação do país para a edição deste ano é uma das maiores que já foram ao torneio que antes não tinha a mesma procura por fatores como o alto custo das viagens e a adaptação ao fuso-horário de 13 horas à frente do horário de Brasília.

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  • Divulgação/CBT

    Com os bons resultados conquistados no ano passado e as posições que ganhou no ranking, Ana Clara Duarte sonhava entrar no qualificatório do Aberto da Austrália para tentar quebrar o hiato de participações brasileiras entre as mulheres em Grand Slam, já que a última vez que isso ocorreu foi no Aberto dos Estados Unidos de 1993, com Andrea Vieira, também a última representante brasileira no top 100 do ranking WTA, em 1990.

    Com o insucesso na tentativa de Ana Clara Duarte, o Brasil chega mais uma vez sem contar com mulheres nem mesmo no qualificatório ou na chave do torneio juvenil, que também não tem nenhuma jogadora entre as cem melhores do mundo.

    “Está muito mais atrasado no feminino do que era o masculino. Conseguimos aumentar o numero de Futures e estamos calculando 25 eventos para essa ano. Fechamos um projeto da Lei de Incentivo fiscal com a Nestlé, que deu um problema e atrasou, mas temos um projeto de investimento com R$ 990 mil só para o feminino, atendendo a seis jogadoras”, afirma Jorge Lacerda, presidente da CBT, sobre a situação do tênis feminino no país.

Com três jogadores de simples na chave principal, quatro representantes no qualificatório, quatro duplistas e quatro juvenis, o tênis brasileiro terá na Austrália 15 tenistas, acompanhados de seis técnicos, já no início de um trabalho que conta com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT) e também com o treinador de Thomaz Bellucci, Larri Passos.

Sabendo da necessidade de preparar ter mais pessoas no primeiro grande evento do circuito mundial em 2011, e tendo cinco profissionais, além de dois juvenis treinando em sua academia, Larri Passos foi quem pediu ao presidente da CBT, Jorge Lacerda, para aumentar o número de treinadores para Melbourne, e foi atendido.

“A gente vai ter um monte de jogadores na Austrália. Eu fui até a confederação e pedi para eles enviarem mais um treinador. A confederação está enviando um técnico a mais para ajudar os jogadores. Isso é um avanço nosso, nunca tivemos isso. É importante, sentar à noite, trocar uma ideia”, analisa o treinador de Bellucci.

Com Thomaz Bellucci, Ricardo Mello e Marcos Daniel na chave principal de simples, além de João Souza, Rogério Dutra da Silva, Thiago Alves e Tiago Fernandes no qualificatório que começou na madrugada desta quarta-feira, o Brasil tem ainda os duplistas André Sá, Franco Ferreiro, Bruno Soares e Marcelo Melo no Grand Slam.

No entanto, um deles já foi eliminado: atual campeão juvenil, Tiago Fernandes perdeu por 2 a 0 na sua estreia no qualificatório entre os profissionais.

A partir da próxima semana, o tênis brasileiro tentará defender o título juvenil de Tiago Fernandes com quatro tenistas na disputa. Bruno Sant’Anna, Bruno Semenzato, Karuê Sell e Vitor Galvão são os candidatos a igualar a façanha do alagoano que ficou famoso no ano passado pela conquista.

Além da participação dos tenistas, que recebem ajuda da CBT para a viagem, a entidade comemora o fato de poder contar com mais treinadores em uma participação recorde no evento, que em 2008 não tinha brasileiros nas chaves de simples, nem juvenis e via na dupla André Sá/Marcelo Melo a única representação.

“Estava indo o Larri [Passos], o Bocão [Marcus Barbosa], o Patrício [Arnold], o João Zwetsch, que é capitão da Copa Davis e técnico da CBT e quando o Larri falou que seria importante levar mais um, nós aceitamos”, afirma o presidente da entidade, Jorge Lacerda.

No ano passado, o Brasil tinha apenas dois tenistas com entrada direta na chave que eram Bellucci e Daniel, mas ainda ganhou um terceiro representante com a entrada de Ricardo Hocevar pelo qualificatório, em que foi o único do país a se arriscar na disputa. Enquanto isso, Tiago Fernandes e Guilherme Clezar foram os únicos brasileiros entre os juvenis.

A ideia do mandatário da Confederação Brasileira é ter um número ainda maior de brasileiros em Roland Garros, quando os custos não são tão elevados e o torneio é mais propício aos tenistas do país. Para isso, a entidade resolveu investir em challengers anteriores ao fechamento do ranking para o Grand Slam francês.

“Uma jogada para esse ano é reduzir um pouco de futures e estamos aumentando apoio para challengers. Vamos trabalhar com 15 challenger, a ideia é ter mais no Brasil em preparatório para Grand Slam. Vai ser tudo antes de fechar para Roland Garros e o mesmo para virada de julho no Aberto dos Estados Unidos”, afirma Jorge Lacerda, confiante na possibilidade de ter mais tenistas em Paris.

“A gente tem que esperar. o Bellucci tem poucos pontos para defender em Masters. Marcos Daniel tem pouco a defender, Ricardinho [Mello] também. Acredito que esses estão em melhor condição. Temos o Feijão [João Souza], que já deveria estar jogando torneios mais fortes, acho que está muito emperrado em challengers e precisa arriscar mais. E os outros que estão chegando, o [Rafael] Camilo vai mudar todo o calendário dele”, completa Lacerda.