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Bellucci se aproxima do público e Larri pede paciência antes da estreia

Rubens Lisboa* <BR>Na Costa do Sauipe (BA)

08/02/2011 07h18

Tímido, de poucas palavras e sem o carisma apresentado por Gustavo Kuerten, o paulista Thomaz Bellucci apresenta uma nova cara na Costa do Sauipe este ano. Com Larri Passos o tenista está mais solto, tranquilo em relação aos resultados que ainda não vieram e mais próximo do público tentando usar a torcida a seu favor.

O próprio tenista admite o fato de não ser emotivo como os tenistas que empolgavam os torcedores brasileiros como Gustavo Kuerten e, de certa forma Fernando Meligeni, mas Larri Passos tem trabalhado para que Bellucci fique mais à vontade e sua tentativa tem surtido efeito.

“Sempre foi meu estilo ser um pouco mais contido dentro de quadra, mas eu acho que o Larri é um cara totalmente diferente de mim, é um cara muito emotivo, que está sempre gritando ao lado da quadra e acho que isso acaba me incentivando mais a alcançar essa emoção para fora”, afirma Bellucci.

“Acho que não vou perder muito a característica de ser mais contido, mas acho que ficando com o Larri eu vou acabar pegando um pouco dele de gritar. Quebrar a raquete vai ser um problema, porque eu acho que não sou muito de quebrar raquete, mas às vezes é importante para extravasar um pouco a raiva”, completa o tenista.

Em 2009, Bellucci teve o gosto de contar com a torcida toda a seu favor na decisão do torneio ATP realizado na Bahia e, diferentemente de outros tenistas que veem pressão em jogar em casa, o pupilo de Larri Passos trabalha usando seus adeptos como incentivo e que ajuda a tirar o “egoísmo” natural do tenista que joga sozinho na quadra.

“Faz muita diferença jogar dentro de casa, acho que é muito mais motivador do que jogar lá fora, a gente praticamente só joga com torcida contra, sempre jogando fora de casa. Acho que jogar dentro de casa é uma emoção muito forte para a gente porque é a única semana em que a gente tem a oportunidade”, afirma Bellucci.

Chave da competição é "surpresa" para Bellucci

Ainda prestes a jogar o seu quarto torneio desde que acertou parceria com Larri Passos, Thomaz Bellucci revela que o treinador não lhe deixa saber contra quem poderá jogar em possíveis finais, semifinais ou qualquer outra partida que o tenista ainda precise vencer seu jogo antes de fazer. Assim, Bellucci não visualiza possíveis confrontos com favoritos a cada novo torneio.

"Eu nem vi a chave, o Larri não deixa eu ver a chave. Ele só deixa eu ver o jogo que eu jogo, então eu sei apenas que pego [o argentino Carlos] Berlocq ou quali [o gaúcho André Ghem", afirma o tenista.

“Sentir pressão de jogar com a torcida acho que não passa pela minha cabeça. Eu tento entrar na quadra e tentar ganhar para a torcida é uma energia que tem que ter, não ganhar só para mim, mas para a torcida, todas as pessoas que trabalham comigo”, explica o tenista número 37 do ranking mundial.

Enquanto Bellucci tem se mostrado mais solto, tendo inclusive vivido um dia de percussionista no Pelourinho, o técnico Larri Passos tenta acalmar os ânimos dos torcedores pela cobrança de resultados que não vieram nos primeiros torneios da parceria e pede paciência.

“Todo mundo quer um novo Guga e é difícil, acho que só se o espírito do Guga baixar em alguém. Vamos ter paciência com o Thomaz, é o que eu gostaria de pedir, para a imprensa ter paciência, ele é trabalhador. Se fosse um cara que não trabalhasse eu não estaria com ele hoje, ele já deu mostras na pré-temporada e tem lutado. É um garoto ainda, tem 23 anos”, afirma Larri Passos.

Com Bellucci se mostrando paciente com a falta de bons resultados, Larri Passos diz ter a certeza de que o seu tenista ainda vai conquistar títulos grandes na carreira.

“Estou gostando muito, é um rapaz com respeito e trabalhador. Acho que o povo brasileiro ainda vai se orgulhar dele, sem dúvida nenhuma”, afirma Larri demonstrando a confiança de quem já se viu no topo.

*O repórter viaja a convite da organização do Aberto do Brasil