Mudança de piso na América Latina pode padronizar circuito e reduzir saibro
O comum acordo entre os quatro torneios da tour latina de saibro para a troca de piso, passando a utilizar as quadras de cimento a partir de 2012 - ainda não chancelada pela ATP - poderá causar uma mudança significante no circuito. Principalmente para os tenistas brasileiros, tradicionalmente jogadores criados em quadras de saibro.
Sem Acapulco, Buenos Aires, Santiago e o Aberto do Brasil na Costa do Sauipe, o circuito de saibro deverá ser reduzido a apenas 18 datas na temporada. Pela primeira vez, o saibro terá menos do que a metade dos torneios em piso duro, que passariam a totalizar 40. O circuito ainda tem cinco torneios disputados em grama. Há dez anos, por exemplo, eram 32 competições em piso duro e 25 no saibro.
CONCORRÊNCIA DE ROTERDÃ E SAN JOSE
Com a ideia de ser uma etapa preparatória para os Masters 1000 de Indian Wells e Miami, a mudança de piso deixaria o início da temporada de saibro apenas para abril. A troca também deixaria o torneio da Costa do Sauipe concorrendo com o ATP 500 de Roterdã, na Holanda, e com San Jose, nos Estados Unidos. O evento brasileiro pretende usar o clima semelhante ao dos Masters norte-americanos e a hospitalidade na Bahia como atrativos na briga com os dois torneios.
“A gente tem uma vantagem bem grande, que joga na mesma condição de Miami, que é rápida e outdoor. San Jose e Roterdã são frias e indoor. Só isso já seria uma grande opção, inclusive pelos jogadores. Tem uma série de fatores do calendário deles, uma é viagem, remuneração para jogar evento e conversa de vestiário entre jogadores”, afirma Luiz Procópio Carvalho.
“Geograficamente temos desvantagem por estarmos afastado, mas temos clima melhor, hospitalidade diferente do que eles [os tenistas top] estão acostumados e poderíamos lutar em nível de igualdade jogando na quadra rápida como preparação para eventos maiores, assim é só fazer uma proposta”, completa o dirigente.
Além dos tenistas brasileiros, há espanhóis como Nicolás Almagro e Juan Carlos Ferrero, argentinos como Juan Ignácio Chela e até mesmo russos como Igor Andreev que nas últimas temporadas optaram por jogar na América Latina pelo piso de saibro, já que os outros torneios que ocorrem simultaneamente são em quadras de cimento.
“Estamos tendo conversas, uns são a favor e outros contra. A ATP não é contra, não se posiciona a favor ou contra. São jogadores como Almagro e outros de saibro que preferem que continue [sendo jogado em quadra lenta] e fazem toda a discussão ir adiante. Não queremos prejudicar os jogadores. Uma decisão dessas não vai agradar a todo mundo, mas achamos que com essa mudança o evento tem tudo para crescer”, afirma Luiz Procópio Carvalho, gerente do Aberto do Brasil e defensor da mudança de piso no torneio.
Em acordo com os outros torneios, o pedido para a troca já foi feito para a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), que deverá aprovar ou não a mudança. O mais provável é que ela seja aceita e o Brasil terá então um torneio com o mesmo piso utilizado em 2001, quando o torneio na Costa do Sauipe teve sua primeira edição.
O motivo para a troca passa pela recorrente ausência de público. E as arquibancadas vazias são resultado da falta de grandes nomes do tênis mundial. O projeto da Koch Tavares, organizadora do evento, é contar com pelo menos um top 10 em sua próxima edição. Roger Federer e Rafael Nadal já recusaram ofertas, apesar do alto valor oferecido.
“Há anos as chaves da América do Sul não mudam. Estamos felizes de receber Almagro e Ferrero, mas queríamos outras atrações para o público e para patrocinadores. Um [Novak] Djokovic, alguém diferente do que estamos acostumados. Esperamos que saia do papel e funcione”, explica o representante da Koch Tavares e ex-membro das comunicações da ATP.
BELLUCCI VENCE DE VIRADA EM ACAPULCO
Tenista brasileiro perdeu o primeiro set para o espanhol Ivan Navarro, mas se recuperou e venceu a partida por 2 sets a 1 para se colocar nas quartas de final do torneio conta o polonês Lukasz Kubot
No planejamento dos torneios latino-americanos, um importante aliado que surgiu na quarta-feira foi justamente o maior jogador de saibro da América Latina, o brasileiro Gustavo Kuerten. Ele declarou apoio à mudança de superfície para que os melhores jogadores do mundo possam atuar no circuito latino.
A saída pelas quadras rápidas, porém, não é certeza de público. New Haven, nos EUA, deixou o calendário neste ano para ser substituído por Winston-Salem. O torneio era preparatório para dois Masters 1000 e Aberto dos EUA nos últimos anos, mas não atraia astros.
É um exemplo de que a troca de piso no Brasil também pode ser um risco e não render os frutos esperados. “É uma aposta, não temos nenhuma garantia. Não tem nenhum jogador assinado com a gente que se mudar vai jogar, mas com o feedback dos jogadores é possível que aconteça”, explica o atual gerente do Aberto do Brasil.
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