Topo

Bellucci perde e não melhora, com Larri Passos, campanha obtida em 2010

Bellucci grita após cometer erro em partida pelo Masters 1000 de Monte Carlo - Eric Gaillard/Reuters
Bellucci grita após cometer erro em partida pelo Masters 1000 de Monte Carlo Imagem: Eric Gaillard/Reuters

Rubens Lisboa

Em São Paulo

29/04/2011 10h08

Com quatro meses, 29 dias e dez torneios jogados sem a conquista de nenhum título, a parceria formada por Thomaz Bellucci com o técnico Larri Passos chega às vésperas dos principais torneios do ano para o tenista número um do Brasil ainda sem apresentar evolução em relação à temporada passada, quando era treinado por João Zwetsch. A marca foi confirmada com a derrota de 2 a 0 para o uruguaio Pablo Cuevas, nesta sexta-feira, pelas quartas de final do ATP 250 de Estoril.

Se em 2010, Bellucci havia iniciado no saibro logo com a conquista de um título em Santiago, além de desempenhos ao menos razoáveis nos outros torneios do primeiro quadrimestre, neste ano o paulista não conseguiu chegar a nenhuma final, fez resultados ruins contra tenistas com nível abaixo dele em torneios como o de Santiago e o da Costa do Sauipe e teve como destaque a semifinal do ATP 500 de Acapulco.

DESEMPENHO DE BELLUCCI POR FAIXA DE RANKING DOS RIVAIS APONTA QUEDA

Rivais Por Ranking
2010
2011
Top 101 derrota (0%)1 vitória e 1 derrota (50%)
Top 201 vitória e 3 derrotas (25%)1 derrota (0%)
Top 301 vitória e 1 derrota (50%)1 derrota (0%)
Top 504 vitórias e 8 derrotas (33%)1 vitória e 5 derrotas (16%)
Top 10013 vitórias e 8 derrotas (62%)7 vitórias e 8 derrotas (46%)
50º a 100º9 vitórias (100%)6 vitórias e 3 derrotas (66%)
100º a 300º4 vitórias e 1 derrota (80º)5 vitórias e 2 derrotas (71%)
Total17 vitórias e 9 derrotas (65%)12 vitórias e 10 derrotas (54%)

Contando como sua primeira semifinal em um torneio de nível 500, sendo um evento no qual foi conquistada pela primeira vez a vitória sobre um tenista do top 10, Acapulco marcou o momento em que Bellucci também não teve um desempenho do nível apontado por Larri Passos como meta no início da parceria e teve problemas para vencer rivais como o espanhol Ivan Navarro e o polonês Lukasz Kubot.

Se antes a meta era a aproximação ao top 20, Bellucci vem brigando para se manter entre os 30 melhores e não tem sido fácil, já que o brasileiro ainda não consegue desenvolver seu jogo contra rivais superiores e teve uma queda em relação aos que se situam entre a 50ª e a 100ª colocação no ranking.

No total de 22 partidas disputadas esse ano Bellucci venceu 12, enquanto no ano passado ele nove derrotas e 17 vitórias. O aproveitamento que com Zwetsch era de 65,3% no mesmo período de 2010, caiu para 54,5%. E a principal queda é nas partidas contra top 100, em que o brasileiro perdeu oito de 15 partidas, vendo seu aproveitamento cair de 61,9% para 46,6%.

Sem conseguir uma evolução de pontos no ranking em relação ao ano passado, o tenista brasileiro tem a seguir os Masters 1000 de Madri e Roma, além de Roland Garros, fase que lhe rendeu 315 pontos no ranking no ano passado, quando fez boas partidas e parou diante de Novak Djokovic no torneio italiano e Rafael Nadal no Grand Slam de Paris.

O 'AUTOFLAGELO' DE THOMAZ BELLUCCI

Aberto da Austrália: "Lutei até o final, mudei a característica de jogo, mas quanto mais forte eu entrava no ponto, melhor ele contra-atacava".
Santiago: "Comecei jogando taticamente perfeito até o 1/1 no segundo set, mas depois falhei em dois voleios fáceis e passei a errar demais".
Aberto do Brasil: "Não tem desculpa para o meu desempenho, simplesmente não joguei nada hoje".
Indian Wells: "Para jogar contra os tops é preciso ser eficaz, não basta ser eficiente. Foi um dia ruim, mereço correr uma hora no deserto para tentar digerir essa derrota"
Miami: "Saí jogando taticamente perfeito, o Blake não conseguia fazer nada até o 4/5 do segundo set. Depois cometi duas duplas faltas e perdi a mão, dei todas as chances para ele virar".
Monte Carlo: "É duro ter sete breaks e converter apenas um. Errei demais. Eu sei que no saibro tenho que ficar mais no ponto e não me queimar mentalmente".
Barcelona: "Estou fazendo tudo certo, mas na hora de fechar, o jogo me escapa e perco o controle, a paciência".
Estoril: "Eu estava taticamente perfeito, jogando o meu melhor tênis, mas acabei fazendo umas escolhas erradas na hora de fechar".

O problema é que com a queda no ranking devido à alteração no calendário, as chances de Bellucci ser cabeça de chave nos torneios em que tem os melhores resultados a defender diminuem e podem colocar o brasileiro para encarar os favoritos já nas primeiras rodadas, o que deixaria sua situação mais difícil.

A tentativa de Larri Passos é moldar o jogo do tenista brasileiro para encarar adversários mais difíceis. Com isso, Bellucci iniciou o ano aprimorando o saque e tentando evoluir no voleio, se aproximando mais da rede, um problema que o paulista ainda tem dificuldades de melhorar.

Sem nenhuma lesão declarada e um trabalho de fortalecimento planejado no início da temporada, o preparador físico Cassiano Costa foi dispensado por Thomaz Bellucci dois anos após ter sido contratado para o lugar de Rodrigo Gomes.

Nas declarações de Bellucci após suas derrotas e mesmo nas vitórias em que o próprio tenista sabe que tinha condições de sofrer menos, o tenista número um do Brasil tem se culpado pelas falhas cometidas até com certa agressividade em declarações sempre citando certo destempero (veja box ao lado).

 

Uruguai em ‘vantagem’ na Copa Davis

Sem poder contar com a experiência de Marcos Daniel no saibro devido às lesões que fizeram o tenista gaúcho já agendar a sua aposentadoria das quadras, a provável equipe brasileira que enfrenta o Uruguai em julho na Copa Davis terá nas partidas de simples Thomaz Bellucci e Ricardo Mello.

Mesmo com a data ainda distante, Pablo Cuevas já pode levar vantagem os uruguaios. Ausente no confronto do ano passado, quando o Brasil venceu por 5 a 0 na cidade de Bauru, Cuevas deve ser o reforço do Uruguai, que jogará em casa, e leva em seu retrospecto do ano vitórias sobre Bellucci e Mello. O único brasileiro que bateu o uruguaio em 2011 é João Souza, que jamais atuou na Davis.