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Agressividade na altitude leva Bellucci ao melhor resultado da carreira

Thomaz Bellucci vibra durante partida contra Novak Djokovic no Masters 1000 de Madri - AP Photo/Andres Kudacki)
Thomaz Bellucci vibra durante partida contra Novak Djokovic no Masters 1000 de Madri Imagem: AP Photo/Andres Kudacki)

Rubens Lisboa

Em São Paulo

13/05/2011 12h41

Em uma temporada com altos e baixos no trabalho desenvolvido por Larri Passos, o brasileiro Thomaz Bellucci teve no Masters 1000 de Madri o seu melhor momento da carreira com duas vitórias sobre tenistas do top 10 e uma semifinal na qual equilibrou uma partida diante do invicto Novak Djokovic. O sucesso do brasileiro na Espanha teve dois fatores fundamentais: a agressividade e a velocidade da quadra.

CONFIRA O SAQUE DE BELLUCCI EM MADRI

  • Com um saque potente e golpes agressivos de fundo de quadra, Bellucci desloca o adversário e fecha o ponto mais rapidamente, sem ter que trabalhar tanto a bola como no saibro mais lento

Apesar de ser tratada geralmente como uma quadra lenta, o piso de saibro varia de acordo com as condições em que os torneios são disputados. Em torneios com altitude no nível do mar, o saibro é mais lento, enquanto a altitude aumenta a velocidade do piso devido ao ar rarefeito.

Neste caso, Thomaz Bellucci leva vantagem quando atua no saibro rápido. Foi nestas condições que o principal tenista brasileiro após Gustavo Kuerten conseguiu seus melhores resultados na carreira com os títulos nos ATPs 250 de Gstaad, em 2008, e Santiago, em 2009, antes da semifinal de Madri neste ano.

“Com saque e a velocidade da bola que tem em quadra rápida como foi em Gstaad, Santiago e Madri, ele tem muita facilidade porque dá três tapas e define o ponto. Já em um saibro pesado, ele é obrigado a trabalhar mais o ponto”, explica o ex-tenista Fernando Meligeni, blogueiro do UOL Esporte.

A diferença apontada por Meligeni (veja vídeo ao lado) ocorre pela forma como Bellucci joga. O tenista brasileiro tem melhorado o seu serviço, usando o saque aberto para deslocar o adversário, e está tentando se aproximar mais da rede para volear, um ponto que é bastante trabalhado por Larri Passos desde o início da parceria.

Mas em alguns casos é difícil tentar ditar o ritmo de partida. Contra Andy Murray, Tomas Berdych e Novak Djokovic, Bellucci manteve seu jogo no fundo de quadra e subiu menos à rede para evitar levar passadas. Justamente as idas à rede em que o brasileiro costumava se precipitar foram evitadas diante dos tenistas top 10, contra quem o pupilo de Larri Passos tem um bom desempenho no ano com três vitórias em cinco duelos.

CAMPANHAS DE BELLUCCI

  • 1050 m

    Gstaad

    Primeiro título conquistado pelo brasileiro foi na altitude em 2009

  • 567 m

    Santiago

    Em 2010 o brasileiro venceu no Chile também com altitude

  • 655 m

    Madri

    Semifinal contra Djokovic também foi no saibro rápido na Espanha

“Eu acho que não é tanto o jogador querer fazer, se você pegar contra quem ele jogou nos últimos jogos, tem que tomar muito cuidado para subir porque leva o contra-ataque. É obvio que o Larri está botando ele para ir com a cara na rede, mas a velocidade da quadra e a bola são muito mais importantes do que a tática”, analisa Meligeni.

Enquanto Bellucci tem seus melhores resultados na carreira com as altitudes de Gstaad (1.500 m), Madri (655 m) e Santiago (567 m), o próximo passo do brasileiro é o segundo Grand Slam da temporada, em Roland Garros, na qual a altitude volta a cair, assim como em Roma. No ano passado ele alcançou as oitavas de final e só parou no espanhol Rafael Nadal, que terminou como campeão.

Como terá maior tempo de preparação em Paris do que teve para Roma, Thomaz Bellucci tem a possibilidade de melhorar o desempenho no Aberto da França, mas sua evolução ainda é gradual e ao longo da temporada seu jogo estará melhor adaptado aos tipos de superfície de acordo com Fernando Meligeni.

“O que vejo de diferença na rápida para a quadra na lenta é que rende um pouco mais o Thomaz, mas daqui alguns meses eu acho que ele vai jogar da mesma maneira nas duas pelo que o Larri está trabalhando com ele”, afirma o ex-tenista número 25 do mundo.