Dificuldades e "frescuras" de Wimbledon criam atrativos para torneios menores
Torneio de Grand Slam mais antigo do tênis, Wimbledon ostenta há 135 anos suas tradições e características muitas vezes encaradas como "frescuras" por tenistas e até pelo público. As dificuldades para a adaptação no torneio inglês batizado pelo nome do bairro de Londres onde fica o All England Club ainda fazem com que eventos menores sejam privilegiados com os melhores jogadores do mundo, mesmo dando apenas 250 pontos para o campeão.
MUDANÇA DE SAIBRO PARA GRAMA CAUSA RISCO AOS TENISTAS PARA WIMBLEDON
A falta de semanas para separar Roland Garros dos torneios de grama acaba causando um risco para o físico dos tenistas. Segundo o brasileiro Marcos Daniel, a mudança brusca de um tipo de jogo para outro é propícia a causar lesões.
"Entre um torneio e outro a janela é muito pequena. Qualquer outro esporte tem algumas competições por ano e o tênis tem uma atrás da outra, o cara tem que se adequar. Mas corre um risco enorme, imagine o [Rafael] Nadal depois de vencer Roland Garros, em um estresse mental e físico, sai para um torneio que não tem nada a ver o piso, pode escorregar e ter uma lesão, tinha que ter pelo menos uma semana de folga", afirma Daniel.
"Pelo lado físico o risco que o torneio [Wimbledon] está correndo é enorme. São opções que a galera faz. Pelo lado de um fisioterapeuta é o maior erro, o que [Novak] Djokovic e [Roger] Federer fizeram, às vezes é momento de sabedoria. É claro que no calor da competição cara não pensa muito isso, mas é um risco. Por outro lado tem o fator que já começa a jogar na quadra de grama", completa.
Como o tempo de preparação para Wimbledon é curto e há um limite imposto de treinamento em suas quadras, os torneios de Halle, Queen's, Eastbourne e Hertogenbosch ganham como atrativo as presenças de nomes como Rafael Nadal e Roger Federer, que acabou desistindo de Halle neste ano por dores na virilha.
Em um calendário já inchado, apenas seis torneios usam a grama como superfície. Se o estilo de jogo ainda fosse semelhante ao dos outros pisos, facilitaria para os tenistas, mas não é isso o que ocorre. Mesmo tendo mudado coisas como a velocidade da bola e a altura da grama, o jogo continua muito rápido e complicado.
"É um jogo totalmente diferente, mesmo que agora deu uma mudada e ficou um pouco mais jogável. Está mais lento, eles se preocuparam com a velocidade da quadra. É um jogo diferente de 10 anos atrás", afirma Fernando Meligeni, blogueiro do UOL Esporte e ex-tenista.
"É um campeonato totalmente diferente do que a gente está acostumado. As quadras de treino são bem diferentes, machucadas, é realmente complicado. Por isso que a maioria acaba se preparando nos torneios anteriores", completa Meligeni.
A falta de um número expressivo de quadras de grama no Brasil não interfere na participação dos tenistas em Wimbledon, já que a sequência de torneios não dá o tempo necessário para um retorno da Europa antes de ir jogar na Inglaterra. E mesmo na preparação dos novos tenistas isso não se faz necessário, já que mesmo os países tradicionais da grama não criam mais seus jogadores no piso.
"A Inglaterra teve muitos problemas no passado porque deles eram criados na grama. O treinamento precisa ter troca de bola ritmo e corpo, a grama não deixa trocar bola. E mais, tem quatro torneios e seria totalmente descabido treinar um menino para jogar três semanas", explica Meligeni, que conhece quadras brasileiras de grama apenas no Hotel do Frade e na casa de Thomaz Koch.
Mas o ponto que irrita os tenistas são as particularidades, as “frescuras” de Wimbledon, que tem restrição aos treinos, não permite a preparação em suas quadras principais, obriga os jogadores a atuarem apenas com roupas brancas e ainda tem um sistema de escolha de cabeças de chave que foge ao dos outros Grand Slam, o que causou boicote de alguns tenistas, como Gustavo Kuerten, há alguns anos.
FININHO SE ARREPENDE POR JOGAR POUCO WIMBLEDON
Eu descansava e treinava para jogar no saibro, como em Gstaad. Hoje provavelmente eu não teria feito isso e teria jogado todos os anos, acho que foi um erro. Todo mundo que deixou de jogar deve ter o mesmo sentimento que eu. Foi um erro estratégico
Fernando Meligeni, que jogou apenas quatro edições de Wimbledon e venceu uma partida contra Guillermo Coria."Ninguém vai deixar de jogar por causa disso, tem gente que é mais a favor da tradição e tem gente que acha nada a ver. Eu nunca gostei, não gosto de nada de coisas impostas, mas é uma personalidade, nem uma crítica. Acho legal, mas a tradição também era ter calça comprida e acabou", afirma Meligeni sobre a questão do uniforme.
Para o recém-aposentado Marcos Daniel, que jogou Wimbledon no ano passado, a estrutura e a beleza do torneio compensam a falta de cores e as restrições de Wimbledon.
"Para mim tem essa coisa da cor da camisa, mas em Wimbledon passa batido porque uma vez que você chega ao torneio, apesar de eu jogar melhor em Roland Garros, é o mais bonito. Wimbledon é lindo, a comida com certeza é a melhor, o vestiário é bom. A única frescurinha é a questão da roupa", afirma Daniel, que ressalta a mudança do estilo de jogo nos últimos anos na grama.
“Quando eu joguei juvenil a quadra era: sacou, o primeiro saque entrou, você não tocava na bola. Era completamente diferente do que a gente joga hoje, mesmo a bola ficando mais pesada. Quando comecei no profissional a quadra continuava rápida, mas nos últimos 5 anos a quadra foi ficando cada vez mais lenta, até por isso eu ia mais. Mudou muito a quadra e hoje se joga de fundo tranquilamente, a grama está mais alta”, afirma Daniel.
MARIA ESTHER BUENO DESAFIOU CONSERVADORISMO DE WIMBLEDON EM 1962
Maria Esther Bueno é o nome brasileiro mais respeitado em Wimbledon, com títulos em 1959, 1960 e 1964 em simples, além de ter vencido também nas duplas em 1958, 1960, 1963, 1965 e 1966. Mas a ex-tenista também ficou marcada no Grand Slam britânico devido ao vestido com forro rosa-choque que foi feito pelo renomado estilista Ted Tinling e usado nas quadras de Wimbledon durante a edição de 1962. "Na hora de sacar a minha saia ia para cima e o pessoal via o forro rosa-choque. Foi um escândalo", disse a ex-tenista brasileira Maria Esther Bueno em entrevista ao livro O Tênis no Brasil: de Maria Esther Bueno a Gustavo Kuerten. |
NADAL CAI EM QUADRA E LEVA SUSTO, MAS VENCE STEPANEK EM QUEEN'S
Em um chuvoso dia do tenista em Londres, o número um do mundo Rafael Nadal deu sustos, mas honrou a posição que ocupa na modalidade e garantiu a classificação para as quartas de final do Torneio de Queen’s ao bater o experiente tcheco Radek Stepanek por 2 sets a 1, parciais de 6-3, 5-7 e 6-1. Com a vitória, Nadal igualou a campanha do ano passado em Queen’s, quando caiu nas quartas de final diante do compatriota Feliciano Lopez. Para tentar seu segundo título no torneio, ele vai enfrentar o francês Jo-Wilfried Tsonga. |
BELLUCCI DÁ 'PNEU', MAS CAI EM LONDRES DIANTE DO CROATA MARIN CILIC
O brasileiro Thomaz Bellucci conseguiu vencer set com um ‘pneu’ depois de quase um ano, mas o dia do tenista não teve muitos motivos para celebração do brasileiro, que acabou derrotado pelo croata Marin Cilic nas oitavas de final do Torneio de Queen’s ao perder com parciais de 7-6(7-3), 0-6 e 6-3. Depois de não aproveitar um momento ruim para Cilic no primeiro set e perder o tie-break, Bellucci venceu o segundo set sem perder nenhum game, mas voltou a falhar no terceiro set e perdeu o duelo. |
TENISTA FRANCESA PRESTA QUEIXA CONTRA O PAI POR VIOLÊNCIA E FRAUDE
A australiana Jelena Dokic não é a única tenista a ter problemas com o seu pai. Nesta quinta-feira o jornal Le Parisien revelou que a francesa Aravane Rezai apresentou queixa contra o pai na última semana à polícia de Boulogne-Billancourt por violência e suposta fraude de milhares de euros. A relação de Aravane Rezai com o pai e ex-técnico Arsalan é conturbada. Em janeiro deste ano ela teve uma forte discussão com ele e a Federação Internacional (ITF, sigla em inglês) decidiu suspendê-lo indefinidamente. |
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