Roqueiros do tênis relembram aventuras musicais com shows e discos no circuito
A semelhança entre a raquete e uma guitarra é apenas um dos fatores que ligam o tênis ao rock. O estilo musical que tem nesta quarta-feira o seu dia é o preferido da maioria dos tenistas, seja no aquecimento antes das partidas ou até mesmo em um palco, estúdio, gravando um disco. Não é raro um jogador se arriscar a tocar instrumentos e chegar a registrar músicas. Ex-tenistas como John McEnroe, Mats Wilander e Ricardo Acioly sempre levaram seus instrumentos pelo circuito.
"Sim, lancei um disco, mas eu nunca parei, eu ainda toco em casa com os meus amigos. Mas agora é sem lançar mais discos”, brinca Mats Wilander sobre sua ‘carreira musical’.
Atualmente ainda há os ‘tenistas-roqueiros’, caso dos irmãos gêmeos norte-americanos Bob e Mike Bryan. E também tem aqueles que ficam apenas na brincadeira de vídeo game, como Thomaz Bellucci, um fã discreto de Beatles e Dire Straits, que nas horas vagas costuma jogar "Guitar Hero".
MELIGENI DEU TRABALHO AO 'PROFESSOR'
Sem habilidade para aprender um instrumento musical, Fernando Meligeni acabou ganhando uma gaita do técnico Ricardo Acioly, mas a tentativa de introduzir a música no pupilo não deu certo para o treinador, que teve de esconder o instrumento.
“Sempre que acabava a Copa Davis a gente montava pra tocar. O Guga depois de um tempo comprei um baixo e dei para ele. Aí uma vez dei para o Fino uma gaita e em uma semana escondi a gaita porque ele me deixou louco, não conseguia fazer nada decente. Aí mandei ele pegar o tamborim ou só cantar junto”, lembra aos risos o ex-capitão do Brasil na Davis, Ricardo Acioly.
“A velha guarda fala muito mais de rock do que outra coisa, agora que mudou um pouco a cara dos jovens. Nossa época era rock and roll, todo mundo curtia”, lembra Fernando Meligeni, um dos integrantes da banda “Paralelos do Ritmo”. A explicação para o nome? “Cada um tocava no seu ritmo”, brinca o blogueiro do UOL Esporte.
“Fizemos bons papelões no mundo, a gente cantou para 5 mil pessoas na França no evento do Yannick Noah, que sempre em Roland Garros fazia um concerto com as principais bandas da França, e a gente foi lá fazer feio, eu na quarta voz e o Guga na 29ª voz”, completa Fininho.
E não são poucos os tenistas que se arriscam como instrumentistas ou cantores do rock. Isso acabou virando uma marca registrada da equipe brasileira na Copa Davis por muitos anos.
“O mundo do tênis tem uma galera que toca bem. [Carlos] Kirmayr, [Ricardo Acioly] Pardal, o Jaime [Oncins] toca batera, o Dácio [Campos] gosta de cantar. O Guga arranha na guitarra e no baixo, André [Sá] as toca guitarra, o [Flávio] Saretta tenta, mas não consegue na guitarra, o Chico [Costa] costa toca guitarra e violão e tem o João Zwetsch que toca bateria”, lembra Meligeni.
E os primórdios do rock no tênis envolveram justamente os brasileiros Acioly e Kirmayr, que se juntavam no circuito para tocar com outros jogadores e a brincadeira acabou ficando mais séria a cada ano. De convidados a assistir as bandas do Hard Rock Café em Londres, eles passaram a atração principal, fazendo anualmente a festa da ATP no local, além de alugarem estúdios na Austrália.
“O dono do Hard Rock gostava de tênis e a gente não pegava fila para entrar. Nos anos 80, 87, ou 86 estava tocando uma banda da casa mesmo e o cara chamou a gente para tocar. Eu toquei uma, o Wilander também, e no ano seguinte resolveram fazer a festa da ATP para a gente tocar. Ficou tão elaborado que a ATP alugava um estúdio em Londres, dez dias antes de Wimbledon”, lembra Ricardo Acioly.
Treinado por Acioly durante sua carreira, Fernando Meligeni brinca que ele antes de tenista é um “músico frustrado”, mas o técnico rebate e lembra que teve os seus momentos de astro do rock.
“Tem um amigo meu que bem toca melhor que eu e brinco porque toquei em lugares que ele nunca vai tocar. Nessas festas apareciam o Keith Richards, do Rolling Stones, o David Gilmour, do Pink Floyd, o Elvis Costello, o Nicko McBrain e o Steve Harris, do Iron Maiden...” lembra Acioly, que influenciava alguns tenistas na Copa Davis para que tocassem instrumentos musicais.
“Eu não forço ninguém a escutar nada, mas musica põe você em sintonia, é uma coisa que traz energia, foco, depende muito de como você a usa. É muito difícil ter um tenista que não escute música. Você falar que o Federer gosta do AC/DC não me surpreende nada, porque é uma musica que traz adrenalina, tem muito ritmo, guitarra forte e bateria bem marcada. Quem é tenista sabe o que a música faz quando ela está com você”, finaliza o treinador.
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