Guga aponta 'tênis fora dos deuses' como sua maior contribuição para o esporte
Em um esporte em que apenas os cabelos compridos e as roupas marcantes de Andre Agassi eram ousados, Gustavo Kuerten fez história no tênis ao introduzir uma descontração que não se via nas quadras gramadas de Wimbledon ou no saibro de Roland Garros. Hoje, quatro anos após sua aposentadoria, 15 após o primeiro título do Aberto de Paris e no momento em que comemora sua entrada no lendário Hall da Fama, Guga olha para trás e vê no jeito simples de jogar e guiar a carreira o seu maior legado para o esporte brasileiro.
A DESCONTRAÇÃO DE GUGA
Fã confesso de Andre Agassi, Guga repetiu o ídolo ao iniciar a carreira usando cabelos compridos, roupas ultracoloridas e bandanas chamativas
Guga também adorava quebrar o protocolo nas premiações. Chorava, fazia declarações à família e invadia as arquibancadas
“Pude aproveitar cada momento da carreira, de felicidade, de dificuldade, de aprendizado, de conseguir conectar o povo com o tênis, e esse talvez tenha sido meu maior êxito: trazer o tênis para a esfera popular, para a boca das pessoas na rua, na padaria, no açougue, no supermercado, coisas que não existiam”, celebra Kuerten. “O tênis ficou acessível, gostoso, e acho que é uma contribuição que me dá uma satisfação especial. Conseguir fazer um tênis fora dos deuses”.
É ao envolvimento interminável com o tênis e a este modo popular de fazer esporte, com direito a choro no final dos eventos, quebras constantes de protocolo, camisas azuis e amarelas e declarações de amor à família, que Guga atribui o carinho que recebe até hoje das pessoas, mesmo estando aposentado desde 2008.
“Naturalmente, isso está se mantendo porque eu ainda estou muito próximo do tênis. Eu jogo duas ou três partidas por ano, participo de eventos, estou envolvido com o esporte de uma maneira geral. Eu vivo no tênis, e o tênis vive em mim. Então acho que o contato e o carinho das pessoas estão sendo mantidos”, reflete.
Guga entrou no circuito profissional de tênis em 1995. Dois anos depois, já era campeão de Roland Garros. O número um do mundo, porém, veio apenas no ano 2000, durando por 40 semanas. Foi o período mais longo de liderança de um sul-americano no ranking em seu formato atual, e o brasileiro se diz maravilhado até hoje pelas conquistas que alcançou.
“Hoje eu vejo minhas imagens, o que aconteceu ali, e às vezes eu dou beliscada para ver se foi verdade, porque alguns feitos chegam a ser bastante assustadores, foram coisas inacreditáveis”, diz ele. “Mas encarar os desafios e obstáculos de uma maneira natural e saber que é possível ultrapassá-los era uma das características que já vinha embutida em mim. Têm diversas outras coisas também, como conseguir enxergar e tirar valor das situações mais atuais e ver qual seria o próximo passo, não pensar tão distante. Se for analisar minha carreira, pra ter uma real perspectiva de me tornar número um, eu tive que chegar a quinto, terceiro, para depois ter realmente essa sensação”.
Encerrada a carreira de atleta, Gustavo Kuerten continua vivendo do tênis, mas agora de outras maneiras. Promotor de eventos, o ex-atleta realiza partidas de exibição e organiza a Semana Guga, em Santa Catarina, há três anos. Ainda participa do comitê de ex-esportistas dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e ajuda a coordenar o Instituto Gustavo Kuerten, que auxilia crianças com deficiências. “Está cada vez mais difícil corresponder tudo que o tênis me trouxe”, reconhece.
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