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Lenda das quadras, francês de 70 Grands Slams relembra jogos históricos e elogia Guga

Fabrice Santoro somou 21 anos como jogador profissional no circuito da ATP - Jacques Demarthon/AFP
Fabrice Santoro somou 21 anos como jogador profissional no circuito da ATP Imagem: Jacques Demarthon/AFP

Pedro Taveira

Do UOL, em São Paulo

11/05/2012 11h00

Fabrice Santoro não foi dos atletas mais vitoriosos da história do tênis, mas é uma lenda. Com 70 Grand Slams disputados – e 70 derrotas, como brinca –, é o único jogador que atravessou quatro décadas no esporte e enfrentou de igual para igual lendas de diferentes gerações, de Jimmy Connors a Roger Federer.

ESTILO ÚNICO E JOGADAS INUSITADAS MARCARAM CARREIRA DE FRANCÊS


Fabrice Santoro foi um inovador na história do tênis. Seu estilo de jogo único adota o uso constante das duas mãos na raquete. De acordo com ele, uma mania que começou ainda quando estava aprendendo a jogar tênis.

“Quando eu comecei a jogar a raquete era muito grande e eu era muito pequeno. Aí tinha que segurar com as duas mãos”, contou o francês.

A inovação deu certo e Santoro não parou por aí. Não foram poucas as vezes que o ex-tenista, em momentos de apuros, deu raquetas por baixo de suas pernas e pegou seus rivais desprevenidos.

Em São Paulo para a disputa do Grand Champions Brasil, torneio que reúne ex-tenistas consagrados, o francês de 39 anos, que tem John McEnroe como inspiração e recebeu o apelido de “Mago” de ninguém menos que Pete Sampras, relembrou confrontos históricos de sua carreira e fez um elogio especial a Gustavo Kuerten.

“Tive sorte de jogar contra caras como Jimmy Connors, Pete Sampras e agora Novak Djokovic e Rafael Nadal. Sempre foi uma meta tentar me manter competitivo e sou muito orgulhoso disso porque tive a chance de fazer isso por muitos anos”, afirmou Santoro ao UOL Esporte.

“Jogar tênis por 21 anos é muita coisa e eu amo isso. Joguei nos anos 80, 90, 2000 e 2010, mas pretendo ainda atuar em 2020 e 2030 porque eu gosto”, completou o francês, que derrotou 18 ex-líderes do ranking mundial ao longo de sua carreira, Guga entre eles, mas não chegou ao topo da lista da ATP.

Sobre o brasileiro, o ex-atleta demonstra respeito principalmente pela história escrita em Roland Garros. Na visão dele, Kuerten é o único jogador no mundo que compete em popularidade com os franceses no tradicional Grand Slam.

“Guga é mais do que um jogador de tênis. É uma grande pessoa, um bom coração. E é o único cara que jogou contra um francês em Roland Garros e a plateia estava dividida. O único na história”, falou Santoro.

Bem humorado, o ex-tenista brinca na maioria de suas respostas. Quando indagado para comentar seu recorde de 70 Grand Slams disputados, ele é direto: “me lembro disso porque perdi 70 vezes.”

  • Figura carismática, Santoro provocou risadas de Roger Federer durante partida do Aberto da Austrália de 2008. Pressionado, correu para todos os lados para defender três cortadas do suíço e ganhou o ponto graças a um erro do adversário.

E quando o assunto vira seu estilo de jogo técnico, substituído pela força física dos atletas atuais, Santoro brincou que até pensa em voltar a jogar profissionalmente: “meu estilo de jogo é para velhos. Acho que vou começar nova carreira daqui a dez anos.”

Com mais seriedade, o francês revelou que é muito difícil para um jogador parecido com ele ter sucesso no circuito mundial nos dias de hoje: “antes os atletas mais altos tinham dificuldade para se movimentar. Agora parece NBA: caras grandes com agilidade.”

O Grand Champions Brasil está sendo realizado desde quinta-feira e vai até o próximo domingo. Além de Santoro, estarão em quadra o australiano Mark Philippoussis, o espanhol Seri Brugera, o sueco Thomas Enqvist e o argentino Mariano Puerta, além do brasileiro Flávio Saretta.