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Superstição e apoio político fazem Rio Preto substituir Floripa como 'alçapão' do Brasil na Davis

Capitão João Zwetsch discursa após vitória do Brasil sobre a Rússia na Davis em Rio Preto - Luiz Pires/Fotojump
Capitão João Zwetsch discursa após vitória do Brasil sobre a Rússia na Davis em Rio Preto Imagem: Luiz Pires/Fotojump

Rafael Krieger

Do UOL, em São José do Rio Preto (SP)

17/09/2012 06h00

Durante o auge de Gustavo Kuerten, Florianópolis ganhou o status de “alçapão” na Copa Davis. Entre 1997 e 2007, o Brasil jogou cinco vezes na capital catarinense e perdeu apenas um confronto, contra a Austrália, em 2001. De volta à primeira divisão após nove anos, o Brasil tem São José do Rio Preto como nova casa depois de duas vitórias que marcaram o ressurgimento do tênis nacional.

A cidade do interior paulista, distante 443 quilômetros da capital, ganhou moral com a equipe brasileira na vitória sobre a Colômbia, em abril. Diante de um adversário perigoso, a torcida e o calor fizeram sua parte e o Brasil ganhou por 4 a 1. Rio Preto voltou a receber a Copa Davis neste final de semana, e o triunfo por 5 a 0 sobre a Rússia marcou um retorno histórico à elite da competição.

A justificativa da Confederação Brasileira de Tênis para levar a Copa Davis ao interior é a boa vontade da prefeitura em conceder incentivos para a viabilização financeira. Além disso, o presidente do Harmonia Tênis Clube de Rio Preto, Aimar Matarazzo Ribeiro, foi recém-eleito vice-presidente da Federação Paulista de Tênis e tem dado suporte a todos pedidos da equipe: chegou a sacrificar um campo de futebol e duas quadras de tênis para acolher a estrutura exigida pelo evento.

O esforço foi recompensado, e Rio Preto deu sorte à equipe brasileira, que perdeu apenas um jogo em dez disputados neste ano. Mas o capitão João Zwetsch evitou falar em qualquer tipo de superstição, e não quis garantir que a cidade receberá o próximo confronto do Brasil em casa pela Copa Davis.

“A gente tem que olhar cada confronto de uma forma particular, dependendo da equipe que a gente vai enfrentar e as características dos jogadores deles. O certo dessa história é que Rio Preto será sempre uma opção que a gente guarda com muito carinho na manga, porque tem boas lembranças, boas recordações, e todo mundo que jogou aqui sempre conseguiu apresentar um ótimo tênis”, comentou o capitão.

Mas, durante a coletiva de encerramento do confronto contra a Rússia, o duplista Marcelo Melo revelou que há, sim, superstição da equipe em São José do Rio Preto. Ele disse que sugeriu mudar o local do banco do time brasileiro para ficar mais perto do vestiário, mas não deixaram porque, contra a Colômbia, aquela posição deu sorte.

“Eu pedi para trocar o banco de lugar, para colocar o Brasil do lado de lá. Alguém pediu para ser no mesmo lugar, e isso é o quê?”, brincou Melo, apontando para quem ele disse ser o mais supersticioso da equipe: o preparador físico Edu Farias, que negou essa versão.

“Gostaria que tivesse uma superstição, e que a gente jogasse todos os confrontos aqui. Mas eu não acredito em superstição, não. Isso é uma mentira. É uma grande mentira. Mas, se for aqui, fomos muito bem recebidos, nos oferecerem toda a estrutura necessária”, rebateu Edu Farias.

Para Gustavo Kuerten, que liderou o Brasil na série de confrontos da Davis em Florianópolis, a escolha de uma cidade como local da sorte não tem nada de errado: “Atleta é supersticioso, queira ou não queira. Depois de ganhar da Colômbia, em um confronto mais difícil que o esperado, a gente pensa: ‘não vamos mexer’. Lembro que lá em Floripa nós ficamos até perder da Austrália, jogamos lá três vezes seguidas, e a sensação era de que a gente era imbatível lá. Aqui, tenho certeza que isso passa na cabeça dos jogadores”, completou Guga.

Na sexta-feira, a arena do clube Harmonia recebeu cerca de 3.500 pessoas, nas arquibancadas que tiveram aumento de capacidade de 3.200 para 5.000 espectadores em relação ao confronto de abril contra a Colômbia. No sábado, esse número ultrapassou 4.000 torcedores. Segundo a organização, a Copa Davis gerou um impacto de R$ 7,8 milhões na economia de Rio Preto, com 232 novos postos de emprego e ocupação próxima de 100% na rede hoteleira.