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Fãs brasileiras criticam rótulo "nadaletes" e descartam histeria para ver espanhol em SP

Talita Sahdo ganhou simpatia de Nadal e acompanhou dois treinos do ídolo em Mallorca - Arquivo pessoal
Talita Sahdo ganhou simpatia de Nadal e acompanhou dois treinos do ídolo em Mallorca Imagem: Arquivo pessoal

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

04/02/2013 14h00

Meses depois de receber Roger Federer e Novak Djokovic, o Brasil terá Rafael Nadal em suas quadras nos próximos dias, para a alegria de suas devotadas fãs no país. Apesar da fama, as meninas que seguem os passos do rei do saibro rebatem o rótulo de "nadaletes" e asseguram que a idolatria ao espanhol é comportada, com distanciamento respeitoso, ao contrário do que sugerem provocações de internet.

Nadal disputa o Aberto do Brasil em São Paulo, no segundo torneio após a ausência de cinco meses no circuito, por lesão [o espanhol reaparece nesta semana em Viña del Mar, no Chile]. A disputa no no ginásio do Ibirapuera começa dia 9, no sábado.

Na expectativa para a presença de Nadal no país, o UOL Esporte conversou com três fãs brasileiras das mais dedicadas do heptacampeão de Roland Garros e conheceu uma devoção adulta que confronta a imagem de ‘nadalete’ histérica.

"Gosto da personalidade, do estilo de jogo do povo latino. Ele vibra muito, se dedica bastante, tem um quê de latino. Admiro a forma de vencer obstáculos. Tinha dificuldade com o saque, trabalhou, insistiu. Depois com o slice, melhorou. No bate-pronto, melhora a cada dia. Por isso é uma inspiração para todo mundo. Nunca fica acomodado", diz a policial civil Fabíola Mourão, do Maranhão, que não poderá vir ao Aberto de São Paulo em razão do trabalho.  

O termo "nadalete" foi disseminado principalmente em debates da web envolvendo seguidoras do espanhol e admiradores de Federer, estes em maioria masculina. As meninas ligadas ao ídolo do saibro eram vistas como fãs mais concentradas nos dotes físicos do jogador do que propriamente em seu talento como atleta.

Esta interpretação é rebatida pela criadora do blog brasileiro Nadal Obsession, que operou entre 2010 e 2012, encerrando atividades por falta de tempo da dona. No espaço virtual, a paulista que prefere ser chamada pelo pseudônimo de Raphaela ("é como me conhecem") tratava muito mais da esfera esportiva do que dos músculos do ídolo.

"Não é muito do meu estilo, é mais coisa de adolescente. E não tenho tempo para isso. Me interessa mesmo o jogo dele. Os fãs do Federer e do Djokovic veem que os fãs do Nadal são mulheres na maiori, e têm essa ideia de meninas exaltadas. Mas eu não entendo direito. Particularmente prefiro ser chamada de 'nadalista'", conta a fã de 27 anos.

A manauara Talita Sahdo foi estudar idioma na Espanha e escolheu Mallorca, terra de Nadal, inspirada na possibilidade de encontrar o ídolo. Lá, conseguiu encontrar o local de treino do jogador e contou com a simpatia do campeão para acompanhar a prática por dois dias seguidos. Segundo a fã brasileira, o tenista costuma ter aversão à histeria e acolhe melhor os admiradores mais comportados.

"Pela minha idade, pela personalidade, não sou das escandalosas, que chora, que grita. Me mantive calma, falei com ele de igual para igual. Por isso eu acho que ele aceitou que eu ficasse lá dentro. Ele não gosta de muitas meninas chorando, como aconteceu lá, fica assustado, é tímido. Ele meio que ficou reprovando quando aconteceu lá. Ele só tirou foto comigo e com uma senhora enfermeira. Fomos as únicas", relata a professora de 27 anos, que batalha dinheiro para viajar a São Paulo e poder rever o ídolo.

As mídias sociais ainda abrigam uma série de outras fãs brasileiras do espanhol, algumas de fato mais entusiasmadas com a figura masculina do tenista, outras entusiastas do esporte. Tem admiradora que até tatuou o símbolo de touro, logomarca publicitária registrada de Nadal.

FÃ DIZ QUE USOU JOGOS DE NADAL PARA REVERTER MOMENTO RUIM

A policial civil Fabíola Mourão não poderá comparecer a São Paulo para ver o ídolo espanhol jogar, em razão de compromissos profissionais. Mesmo assim, a antiga colaboradora do blog Nadal Obsession mantém a admiração pelo tenista em alta, graças a um episódio de sua vida pessoal.

"Passei por um momento difícil, profissionalmente, no segundo semestre de 2011. A distração que eu tinha era assistir aos jogos dele. Isso acabou me ajudando. Pela imagem dele de guerreiro, de alguém que nunca se conforma, luta a cada ponto, a cada saque. Eu até gravava as partidas para assistir", declara a policial de Carolina, no Maranhão.

Está será a segunda visita de Nadal como tenista ao país. Em 2005, ainda desconhecido no circuito, na condição de um jovem promissor, o espanhol venceu o Aberto do Brasil, quando o torneio era realizado na Costa do Sauipe, na Bahia - foi o segundo título do canhoto de Mallorca na ATP.