Torcida adota argentinos para torcer no Aberto do Brasil e só abre exceção para Nadal

Ao espectador de TV desavisado, os jogos dos tenistas argentinos na última sexta-feira no Aberto do Brasil poderiam sugerir que o torneio tivesse surrealmente se mudado para Buenos Aires. A mais clássica rivalidade esportiva da América do Sul foi por terra no ginásio do Ibirapuera por algumas horas, com os fãs brasileiros adotando os tenistas do país vizinho para torcer contra europeus.

A óbvia exceção da 'armada argentina' na sexta-feira foi Carlos Berlocq, que não pôde fazer frente à barulhenta popularidade de Rafael Nadal junto aos brasileiros. Mas, de resto, o dia foi dos hermanos, com Martin Alund e David Nalbandián.

"Não me surpreendi com o apoio da torcida, porque no ano passado já fui muito bem recebido. Hoje, senti o apoio do público quando deixei a quadra. Isso me incentiva a seguir melhorando. As pessoas gostam sobretudo de um bom tênis. Quando Guga jogava em Buenos Aires, era algo parecido. A rivalidade entre Brasil e Argentina fica em segundo plano neste esporte. Claro que, se fosse um brasileiro contra um argentino, seria completamente diferente", comentou Nalbandián. 

À tarde, o azarão Martin Alund se classificou para a semifinal empurrado pela torcida no duelo contra o italiano Filippo Volandri. Não pesou nem o fato de o argentino, que veio do torneio qualificatório, ter eliminado o brasileiro Ricardo Mello na primeira rodada.

"O público mostrou muito respeito comigo. Tem sido a melhor semana da minha vida", manifestou Alund, grande surpresa do Aberto do Brasil, classificado para enfrentar Nadal na semifinal.

Em seguida a torcida que praticamente lotava o ginásio do Ibirapuera, já à espera da partida noturna de Nadal, fez barulho para ajudar David Nalbandián a superar o atual campeão do torneio, o espanhol Nicolas Almagro.

No set decisivo, a eloquência da torcida chegou até a desconcentrar Almagro, que descontou sua fúria na raquete. No jogo anterior, o italiano Volandri também castigou sua companheira de trabalho e foi duramente vaiado pelo torcedor no ginásio do Ibirapuera.

Sem representantes nas finais de simples, o Brasil segue no torneio da ATP apenas com Bruno Soares, classificado para a decisão de duplas ao lado do austríaco Alexander Peya.