Topo

Aberto do Brasil admite problemas dentro e fora das quadras e promete melhorar em 2014

Rafael Nadal e seu principal alvo de críticas durante o Aberto do Brasil: a bola - Wagner Carmo/inovafoto
Rafael Nadal e seu principal alvo de críticas durante o Aberto do Brasil: a bola Imagem: Wagner Carmo/inovafoto

Rafael Krieger

Do UOL, em São Paulo

18/02/2013 11h00

A presença de Rafael Nadal no Aberto do Brasil de 2013 motivou o maior público dos 13 anos de história do torneio. Foram 57.465 pessoas durante os sete dias, batendo o recorde do ano passado, que era de 45.700. Tudo isso, porém, acabou expondo uma série de falhas na organização do evento, sem falar na já conhecida falta de estrutura no complexo do Ibirapuera.

As primeiras reclamações vieram dos próprios jogadores, insatisfeitos com a qualidade das quadras. Buracos na superfície de saibro e até linhas soltas motivaram duras críticas. Dois deles torceram o tornozelo: o espanhol Ruben Ramirez Hidalgo, que abandonou a partida contra João Souza “Feijão”, e o alemão Dustin Brown, que reclamou via Twitter.

O próprio Nadal chegou a afundar seu pé em um buraco na quadra central durante as quartas de final, e reclamou dizendo que a quadra de São Paulo é mais rápida que as do Aberto dos Estados Unidos e da Austrália. A Koch Tavares, que organiza o torneio e também esteve à frente das exibições de Roger Federer, afirmou que a empresa contratada para a montagem da quadra é a mesma dos eventos anteriores.

“É uma empresa que tem experiência no mercado, mas desta vez a quadra não ficou a contento dos jogadores. Nas próximas edições, vamos fazer com que as quadras sejam testadas antes do torneio”, argumentou Roberto Burigo, gerente de competições da Koch Tavares.

Burigo foi o encarregado de responder às críticas à organização ao final do Aberto do Brasil, e falou também sobre a questão das bolas. A maioria dos jogadores reprovou o modelo Championship Extra Duty da Wilson. Rafael Nadal foi quem mais demonstrou insatisfação e disparou contra a ATP (Asociação dos Tenistas Profissionais) por permitir o uso de uma bola “difícil de controlar” e que “perde os pelos rapidamente”.

“A bola foi a mesma usada no Challenger Finals, que tinha uma superfície mais rápida. Ela foi aprovada pela ITF (Federação Internacional de Tênis). A ATP não tem critério próprio para a homologação das bolas. Não seguimos um critério específico. O importante é que as bolas cumpra às regras e às exigências, e isso aconteceu”, esclareceu Burigo. Ele admitiu, no entanto, que o modelo usado neste ano não é o mesmo do ano passado.

O gerente assegurou que as reclamações serão levadas em conta, e que a troca do modelo de bola será avaliada para o ano que vem. Outros problemas, porém, não dependem da organização do torneio. É o caso do ginásio Mauro Pinheiro, situado no complexo do Ibirapuera, que foi usado para as quadras secundárias do Aberto do Brasil. Goteiras, pombos, ratos, mosquitos , teias de aranha e entulhos foram vistos por jogadores e espectadores que por lá passaram.

A organização reiterou que a manutenção do ginásio compete ao governo estadual e revelou uma promessa não cumprida: “A conversa é constante, até porque o Aberto do Brasil não é o único evento que fazemos aqui. No caso do Mauro Pinheiro, o ginásio passa por um processo de reforma, que deveria ter sido entregue antes do início do torneio. Mas não foi”.

Uma das quadras do Mauro Pinheiro chegou a ser interditada por falta de condições. Mas não era preciso ir até lá para constatar falhas na organização. Quem pagou até R$ 300 por um ingresso no anel inferior da quadra central do Ibirapuera teve sérios problemas para assistir aos jogos, especialmente no sábado e no domingo.

Questionado sobre a superlotação que causou confusão entre espectadores e seguranças, o gerente Roberto Burigo assegurou que não foram vendidos mais ingressos do que a lotação máxima de 9.300 pessoas por dia. Ele chegou a cogitar a hipótese de falsificação de ingressos, e confirmou a possibilidade de que, para o ano que vem, seja adotada a marcação prévia de lugares para evitar transtornos.

Além de tudo isso, jogadores e torcedores tiveram que se contentar com a estrutura cinquentenária do ginásio, que virou um forno gigante no fim de semana, dias em que São Paulo registrou calor intenso durante o dia. Sobre uma possível mudança de local, a organização deixou claro que sair do Ibirapuera não está nos planos. Por outro lado, Roberto Burigo repetiu mais de uma vez que “tudo é possível” no sentido de melhorar o torneio para o ano que vem. Até porque a Koch Tavares ainda não recebeu nenhum relatório da ATP sobre os problemas constatados no Aberto do Brasil.