Topo

Bellucci despenca, e Brasil fica fora do top 100 em simples pela 1ª vez em 4 anos

Bellucci tem sequência de maus resultados em simples após parada por lesão - Marcelo Ruschel / POA Press/Divulgação
Bellucci tem sequência de maus resultados em simples após parada por lesão Imagem: Marcelo Ruschel / POA Press/Divulgação

Felipe Noronha

Do UOL, em São Paulo

19/07/2013 12h05

Na próxima segunda-feira, 22, o ranking semanal da ATP trará, pela primeira vez em quatro anos, seu top 100 sem um único nome brasileiro em chave adulta de simples. A brusca queda de Thomaz Bellucci, que despencará mais de 40 posições na lista, é o principal motivo. Mas não o único. Esperança do tênis brasileiro e melhor jogador em simples desde a aposentadoria de Gustavo Kuerten, Bellucci não possui companheiros no país que possam dividir espaço com ele entre os principais tenistas do mundo. E isso continuará, provavelmente, por alguns anos.

Bellucci estava no top 100 consecutivamente desde a primeira semana de agosto de 2009. O último ranking sem brasileiro no top 100 foi o divulgado em 29 de junho daquele mesmo ano. No mês de julho, apareceriam entre os melhores Thiago Alves e Marcos Daniel, até que Bellucci aparecesse em agosto, na 66ª posição, após seu primeiro título em Gstaad - torneio no qual foi bicampeão em 2012 e responsável pela queda atual, já que os pontos foram descontados nesta semana, apesar da edição de 2013 ocorrer na semana que vem.

Mesmo que se recupere, Thomaz deverá manter sozinho o nome do Brasil na briga no topo por muito tempo. A previsão é de José Nilton Dalcim, blogueiro do UOL Esporte e editor do site Tênisbrasil. "Não acho que a curto prazo entre alguém no top 100 e fique. Temos algumas promessas e, mesmo que deem certo, o passo para chegar no top 100 é grande", opinou. "Demorará uns dois, três anos, no mínimo."

Os principais nomes do Brasil, atualmente, além de Belucci, são os de João Souza, o Feijão, e Rogério Dutra Silva, o Rogerinho. Ambos "revezam" entre o top 100 e quedas bruscas no ranking, já que dificilmente avançam em torneio da ATP, mas sobem com bons resultados em torneio challenger. Para Dalcim, os dois até mostraram potencial, mas não têm tênis para subir na lista.

"Feijão tem um pouco mais de potencial do que o Rogerinho. Tem estilo de jogo mais moderno, mais adequado ao tênis de hoje. Mas não vejo eles indo além do que já alcançaram", comentou. Os dois chegaram, no máximo, à posição 84 do ranking - João em 2011, Rogério neste ano.

"Dos novos nomes, jovens, Guilherme Clezar e Thiago monteiro são esperanças, os outros não vejo assim. Principalmente o Thiago, que é cria do Larri (Passos, ex-técnico de Guga no auge do ex-atleta)", prosseguiu o comentarista. Clezar, 20 anos, tem como melhor posição no ranking o 179° em abril deste ano. Já Monteiro, 19 anos, que vem jogando torneio menores, está em 326°, seu ápice até agora.

CONFIRA O RANKING DOS BRASILEIROS ANTES DA QUEDA DE BELLUCCI

Mas e Bellucci, como voltará aos principais nomes do circuito? Ele tem a chance de recuperar os pontos perdidos em Gstaad a partir de segunda-feira, mas terá que encarar a falta de ritmo após lesão abdominal que o deixou fora das quadras por três meses, além da presença de Roger Federer na chave. Depois, terá que melhorar seu jogo nas quadras rápidas, já que Gstaad é o último torneio no saibro do calendário europeu.

"Lesão no abdômen é sempre complicada. Atrapalha golpe de direita, saque e tira a confiança", disse Dalcim. De fato, Bellucci teve péssimo aproveitamento no saque em suas três partidas de simples após a lesão, em Stuttgart e Hamburgo, ainda que no primeiro torneio tenha conquistado o título de duplas. "Eu acho  que ele irá se recuperar. Em Gstaad, encontrará o saibro mais altitude, que ele gosta muito. Não à toa ganhou duas vezes lá. Mas terá que ter sorte no sorteio", completou.

Ele acredita na recuperação rápida de ranking do brasileiro: "Caso do Bellucci é bem específico, diferente da queda de 2009 (quando chegou a cair no ranking para fora do top 150). Ele estava em uma fase técnica ruim naquela época. Agora é diferente. Não vem com grandes resultados, mas a contusão atrapalhou. Saibro na Europa era fundamental para somar pontos, deveria ter feito uma pontuação razoável", afirmou Dalcim.

Com a queda no ranking, Bellucci deverá ficar fora dos Masters 1000 de Montreal e Cincinatti, em agosto, mas isso pode ser bom para ele. "Se for para challenger ou ATP 250 ele deve recuperar pontos avançando algumas rodadas. Acho extremamente difícil que fique tão baixo tanto tempo", finalizou Dalcim.

TODOS OS TOP 100 BRASILEIROS NA HISTÓRIA DO RANKING DA ATP

JogadorMelhor posição
Gustavo Kuerten1° (2000)
Thomaz Belluci21° (2010)
Thomaz Koch24° (1974)
Fernando Meligeni25° (1999)
Luiz Mattar29° (1989)
Marcos Hocevar30° (1983)
Jaime Oncins34° (1993)
Carlos Alberto Kirmayr36° (1986)
Flávio Saretta44° (2003)
Cássio Mota48° (1986)
Ricardo Mello50° (2005)
André Sá55° (2202)
Marcos Daniel56° (2009)
Júlio Góes68° (1985)
João Soares74° (1982)
Edson Mandarino81° (1975)
Ivan Kley81° (1986)
Givaldo Barbosa84° (1984)
João Souza (Feijão)84° (2011)
Rogério Dutra Silva84° (2013)
Thiago Alves88° (2009)
Danilo Marcelino91° (1991)
Fernando Roese92° (1992)
Roger Guedes93° (1979)
Alexandre Simoni96° (2001)

A crise no tênis brasileiro, que não consegue emplacar um nome forte no circuito desde Gustavo Kuerten, passa também pela CBT (Confederação Brasileira de Tênis), que é alvo de suspeitas em seu projeto olímpico - exatamente o que tem como objetivo o surgimento de novos nomes para a modalidade.

Os últimos resultados de expressão para o país ocorrem nas duplas, em que Bruno Soares e Marcelo Melo - que formam a dupla brasileira na Copa Davis - estão entre os principais nomes do mundo.

Soares, campeão do US Open nas duplas mistas em 2012, vice de Wimbledon também nas mistas em 2013 e semifinalista em Roland Garros ao lado do austríaco Alexander Peya, é o 8° do ranking de duplas e, com o parceiro, é segundo na corrida para o Finals.

Já Melo, vice em Wimbledon ao lado do croata Ivan Dodig, é 14° no ranking e 7° com Dodig na corrida para o Finals.