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Dia de chuva revela goteiras do Aberto do Brasil, mas boleiro agradece

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

25/02/2014 22h19

Embora o público ainda não tenha aparecido em massa no Aberto do Brasil que está sendo disputado nesta semana em São Paulo, nesta terça-feira, quem deu as caras foi a chuva. A breve tempestade que caiu sobre a capital paulista no início da tarde e que retornou pouco antes do turno da noite revelou um problema na estrutura do complexo montado no Ibirapuera. Mas fez a festa de um jovem pegador de bolas.

Um dos diferenciais do Aberto do Brasil no circuito profissional é ter todas as quadras cobertas, incluindo as de treinos. Mas um teto não significa que a água fica longe do saibro. Com a chuva que caiu logo depois do meio-dia, apareceram duas goteiras na quadra em que Juan Monaco e Maximo Gonzalez trocavam bolas.

Por sorte, a chuva parou logo e não interrompeu o treinamento dos argentinos. Mesmo assim, foi preciso uma intervenção de Leonardo Olguin, treinador de Gonzalez. Com uma pedaço da caixa de papelão das bolinhas, ele improvisou uma pá e juntou um pouco de pó de tijolo do fundo da quadra. Jogou o material sobre a poça d’água que se formava, e o problema foi resolvido. Isso até voltar a chover e atrapalhar um pouco os treinos de Thomaz Bellucci e Albert Ramos.

Terminado o trabalho, Olguin minimizou o contratempo e afirmou que as quadras estavam muito boas e a goteira não comprometeu a sessão. As quadras de treinamento não ficam na área do Ibirapuera. Elas estão no Círculo Militar, instituição localizada numa rua ao lado da sede do evento.

Mesmo com a goteira, o treinador de Gonzalez vê evoluções no Aberto do Brasil, que sofreu críticas em relação à quadra principal e às bolas na última edição. Em rápida avaliação da estrutura do torneio, Olguin disse que as condições melhoraram bastante em 2014. “Quadras, vestiários, serviços e alimentação estão num nível bem superior que no ano passado”, avaliou.

Se a chuva pode atrapalhar os jogadores, ela é tudo que Matheus de Lima Silva deseja. Ele é boleiro do Círculo Militar, mas só pode acompanhar os jogadores no horário de almoço. A coisa muda se São Pedro ajudar. Com as quadras molhadas, os sócios não podem bater bola, e o garoto de 18 anos tem o dia livre para acompanhar os atletas profissionais que usam as quadras cobertas do clube.

A torcida deu certo nesta terça-feira e o dia foi bem aproveitado, porque os treinamentos são as únicas oportunidades de assistir aos tenistas. Não falta vontade de ver os jogos, mas o salário de R$ 800 e a obrigação de ajudar em casa impedem que o rapaz compre ingressos.

O gosto pelo esporte é um cenário bem diferente de quando Matheus começou como boleiro do clube aos 16 anos. Para ele o tênis não passava de uma profissão. A situação mudou no Aberto do Brasil do ano passado. Na ocasião, ele ficou perto dos profissionais pela primeira vez. Tomou gosto e mesmo depois de tantos horários de almoço ao lado das quadras ele ainda se impressiona com a velocidade das bolas.

A proximidade com os jogadores no Aberto do Brasil de 2013 fez Matheus tomar uma decisão. Chegou no professor do Círculo Militar e falou que queria aprender a jogar.

Ele não faz aula, mas começou a ser chamado para completar duplas nos treinos ou quando alguém está sozinho em quadra e precisa de um parceiro. A parte teórica, Matheus adquire com a observação. Olhando e escutando as dicas aos alunos, projeta o conhecimento passado para os próprios golpes e busca evoluir. Já não é mais um iniciante, mas admite estar longe do ideal.

Até o final da seman,a Matheus estará junto à quadra acompanhando os tenistas. Chegará ao Círculo Militar bem antes dos profissionais da raquete, às 6h. Caso chova novamente, permanecerá no local até às 14h30, quando precisa sair para não chegar atrasado na escola. O plano é entrar na faculdade de Educação Física e virar professor de tênis. Quem sabe assim, ganhe uma munhequeira ou bolinha autografada de um jogador. “Não tenho nenhuma porque tenho vergonha de pedir”.

BELLUCCI VENCE GIRALDO DE VIRADA MAIS UMA VEZ

  • Assim como havia acontecido há uma semana no Aberto do Rio de Janeiro, Thomaz Bellucci estreou com vitória contra Santiago Giraldo. Em São Paulo, o brasileiro conquistou uma vitória por 2 sets a 1 de virada.

SOBERANIA BRASILEIRA

  • Diferentemente do que aconteceu no Rio de Janeiro, quando apenas Thomaz Bellucci se classificou para a segunda fase, o Brasil teve um bom início em São Paulo. Os três principais tenistas do país seguiram para a rodada seguinte.

    O primeiro a se garantir na segunda fase foi João Souza, o Feijão, que ganhou na última segunda-feira. Nesta terça-feira, Rogério Dutra da Silva (foto), o Rogerinho, e Thomaz Bellucci venceram.

    Em contrapartida, Guilherme Clezar foi derrotado logo em sua estreia.