Incentivo dos pais tirou maior tenista canadense na história do hóquei

Estreante e jogador mais novo entre os oito que disputam as Finais da ATP de Londres a partir deste domingo, o canadense Milos Raonic, de 23 anos, poderia muito bem estar exibindo seu talento nos rinques de hóquei não fosse um empurrãozinho de seu pai, quando ele tinha oito anos de idade. Foi com esta idade que o atual oitavo colocado do ranking mundial começou a dar as primeiras raquetadas no Bramalea Tennis Club. Até então, o hóquei era o que chamava a atenção do garoto.
Ele se divertia com o taco na mão nas ruas do condomínio fechado onde morava em Tornhill, um subúrbio de Toronto.

“Morava em uma comunidade fechada, e não passava carro na rua. Então colocávamos os gols, juntávamos uns quatro, cinco caras e jogávamos. Era bem divertido. Mas depois  meus pais me colocaram em uma escola de tênis e aí comecei a pegar gosto”, afirmou o jogador, que é nascido em Podgorica, capital de Montenegro, mas vive no Canadá desde os três anos, quando seus pais, Dushan e Vesna resolveram se mudar para a América do Norte.

"Com certeza ele abriu mão de muitas coisas. Ele desistiu do hóquei e do snowboard porque podia se machucar também", afirmou a Vesna certa vez em entrevista  ao jornal canadense The Star.

O talento demonstrado por Raonic no  Bramalea Tennis Club e seus bons resultados quando ainda era juvenil rapidamente chamaram a atenção da Federação Canadense de Tênis. Em 2007, quando tinha 17 anos passou a frequentar o recém-inaugurado Centro Nacional de Treinamento em Montreal e receber ajuda financeira da entidade para disputar torneios ao redor do mundo.

“Isso me ajudou muito. Com os técnicos da federação evoluí muito neste período que treinei em Montreal”, contou Raonic, que só foi conquistar seu primeiro título como jogador profissional em 2009, um Future em quadra dura jogado no próprio Canadá.

Neste mesmo ano, jogou sua primeira grande competição, o Masters 1.000 do Canadá. Após passar pelo qualifying, caiu na primeira rodada. Porém, só foi a partir de 2010 que passou a jogar com mais regularidade as competições do primeiro escalão da ATP. E desde então um detalhe de seu jogo começou a chamar a atenção, a força do saque.

E foi usando e abusando desta arma que em 2011 ele conquistou a primeira taça de expressão no circuito mundial, o ATP 250 de San José (EUA) e conseguiu ascensão incrível no ranking mundial. Depois de iniciar a temporada como 153º colocado, fechou o ano como 31º. Havia deixado de ser uma promessa para se tornar realidade. As duas temporadas seguintes também foram frutíferas para o canadense, com quatro títulos conquistados (ATPs 250 de Chennai e San José em 2012 e ATPs 250 de San José e Bangcoc).

Mas foi agora, em 2014, que Raonic se firmou de vez e transformou-se um jogador top de linha.Foi quadrifinalista do Grand Slam de Roland Garros, semifinalista em Wimbledon, campeão do ATP 500 de Washington e alcançou a sexta posição do ranking em julho. Além disso, foi vice-campeão do ATP 500 de Tóquio e do Masters 1.000 de Paris (FRA), na semana passada.

Sob o comando do croata Ivan Ljubicic (ex-número 3 do mundo), o canadense aperfeiçoou ainda mais seu serviço. Na temporada, já obteve 1.093 aces em 65 partidas, segunda maior marca no circuito. Ele fica atrás apenas do croata Ivo Karlovic, que teve 1.185 saques certeiros em 64 jogos.  Na história, Raonic possui o quinto saque mais veloz  de todos os tempos: 249,9km/h em partida do Masters 1.000 do Canadá em 2012.

“Vi no Ivan um cara com a capacidade de maximizar a minha carreira”, disse.

O canadense marcará presença nas Finais da ATP pelo segundo ano seguido. Apesar de jogar  a competição pela primeira vez, ele esteve em 2013 na O2 Arena como um dos reservas. Mas como ninguém se lesionou, não teve a oportunidade de entrar em quadra.

“Foi legal para pegar experiência, saber como funcionam as coisas funcionam. Foi um aprendizado legal”, disse Raonic, melhor tenista canadense de todos os tempos.

Em Londres, Raonic integra o Grupo B,  ao lado de Andy Murray, Kei Nishikori e Roger Federer, seu adversário na estreia às 18h (de Brasília) deste domingo.