Vai começar o pior Grand Slam para o Brasil. Onde nem Guga foi grande
Começa neste domingo o Aberto da Austrália, Grand Slam em que o Brasil tem seu pior desempenho. Nunca um tenista do país conseguiu chegar à segunda semana do campeonato. Até mesmo Gustavo Kuerten mais perdeu do que ganhou nas quadras de Melbourne, sendo sete vitórias e oito derrotas – 46,7% de aproveitamento. É o único dos quatro principais torneios do circuito em que o maior tenista brasileiro tem menos de 50% de vitórias.
Ainda assim, Guga divide com Jaime Oncins o melhor desempenho de brasileiros em solo australiano: ambos alcançaram a terceira rodada. Somando todos os triunfos de tenistas do país desde a Era Aberta, que começou em 1968, foram 19 partidas vencidas. O segundo pior resultado em Grand Slam ocorre em Wimbledon, com 33 jogos ganhos, quase o dobro.
O saldo da comparação é estranho, porque de todos os pisos, a grama de Wimbledon é o menos favorável ao estilo de jogo dos brasileiros. Ex-tenista e comentarista do Band Sports, Flávio Saretta diz que procura explicações, mas não consegue entender o que acontece no Australian Open. Ele contou que a quadra é mais emborrachada que todo o resto do circuito e isto dificulta a movimentação porque prende o pé.
Só que o ex-atleta ressalta que esta característica não pode ser usada como desculpa, pois é a mesma condição para todos os tenistas. A diferença de fuso horário tem a mesma avaliação de Saretta. O forte calor enfrentado também não justifica o mau desempenho. O comentarista confirma que é bastante quente, mas nada a que os brasileiros não estejam acostumados.
Tenista número do Brasil, Thomaz Bellucci acredita que não existe uma razão para os resultados pouco animadores no Australian Open. “Acho que nada muito específico. É começo de temporada e todos estão buscando um melhor ritmo neste início de ano”.
Saretta considera que os números poderiam ser melhores se Thomaz Koch tivesse jogado o Australian Open. O ex-tenista de 69 anos competiu tanto na Era Aberta quanto na época em que profissionais não podiam se inscrever em Grand Slam. O comentarista lembra que o fato de ser canhoto e muito bom no voleio favorecia o jogo do brasileiro que mediu forças de igual para igual com os grandes de seu tempo. Mas era um período em que os atletas do país não enfrentavam a desgastante viagem para o outro lado do mundo logo depois das festas de final de ano.
E os dois brasileiros que participam do evento neste ano têm missão difícil para melhorar o histórico nacional no torneio. Thomaz Bellucci, núnero 62 do mundo, estreia contra o espanhol David Ferrer, décimo do ranking e que chegou duas vezes à semifinal do Australian Open. Ele tem larga vantagem nos confrontos contra Bellucci e ganhou cinco dos seis encontros ocorridos.
João Feijão Souza participa do quarto Grand Slam na carreira e jamais passou da primeira rodada. Ocupando a posição de 115 no circuito mundial, mede forças na primeira rodada contra Ivan Dodig, tenista 85º do ranking e com experiência nos grandes torneios do tênis.
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