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Conheça os idosos ingleses que pagam para vir trabalhar no Aberto do Brasil

Jacqueline e Jim Hollins posam para foto com a quadra central ao fundo - Fábio Aleixo/UOL
Jacqueline e Jim Hollins posam para foto com a quadra central ao fundo Imagem: Fábio Aleixo/UOL

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

13/02/2015 06h00

Cada vez que chega fevereiro, o casal de aposentados Jim e Jacqueline Hollins deixa o conforto do lar na Inglaterra para viajar ao Brasil. E engana-se quem pensa que eles vêm ao país para curtir férias ou conhecer as nossas belezas naturais.

Há seis anos, pagam passagem aérea do próprio bolso para trabalharem como juízes de linha no Aberto do Brasil. Da organização e da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) ganham hospedagem e uma verba para cobrir eventuais despesas.

"Não fazemos isso por dinheiro, o dinheiro não é importante para nós. O importante é estar perto dos amigos que fizemos ao longo de todos estes anos. Nos sentimos como se estivéssemos com nossa família", disse Jim, de 62 anos.

Eles passaram a integrar o quadro de árbitros de linha em 2010, quando a competição ainda era jogada na Costa do Sauípe. Desde 2012, viajam sempre para São Paulo. E com a criação do Aberto do Rio, em 2014, colocaram uma parada a mais no roteiro. Nesta sexta-feira, já seguirão para a Cidade Maravilhosa para as partidas do qualifying do ATP 500 carioca.

"Há nove anos, o juiz brasileiro Rafael Maia foi trabalhar no Grand Slam de Wimbledon e ficou em nossa casa. Fizemos amizade e ele nos convidou para vir ao Brasil visitar seus pais algum tempo depois. Conhecemos o Ricardo Reis (árbitro geral do Aberto do Brasil) e ele nos fez o convite para trabalharmos. Desde então a gente vem sempre e segue recebendo brasileiros em nossa casa", afirmou Jacqueline, que mora com o marido em uma pequena cidade localizada a 40 quilômetros de Londres.

Eles são casados há mais de 30 anos e se conheceram pois Jacqueline era secretária de uma empresa do ramo agrícola onde Jim trabalhava como representante de vendas.

O casal inglês têm experiência no tênis. Desde 1997, ambos trabalham como árbitros de linha no Grand Slam de Wimbledon. Além disso, atuam em torneios como os ATPs de Queen's e Eastbourne e algumas competições menores. Já estiveram também na Suécia, Dinamarca e Nova Zelândia.

"Todos os anos fazemos cursos de reciclagem, passamos por exames técnicos e oftalmológicos", disse Jim, que é um apaixonado pelo Brasil, mas não fala muitas palavras em português.

"Amamos as pessoas, o tempo, a comida. Há dois anos, depois do Aberto do Brasil fomos ao Rio e visitamos a quadra da escola de samba da Unidos de Vila Isabel. Foi algo fantástico", completou o árbitro. Este ano, por causa das obrigações no Aberto do Rio, não conseguirá ver os desfiles na Sapucaí.

No próximo ano, eles garantem que estarão de volta para o Aberto do Brasil e o Aberto do Rio, mas acham que dificilmente conseguirão atuar nos Jogos Olímpicos.

"Vamos nos candidatar para trabalhar nos Jogos, mas é muito difícil, pois são muitas pessoas tentando esta vagam do mundo todo. É muito concorrido. Não temos muita esperança", disse Jacqueline, que assim como o marido não conseguiu vaga para trabalhar na Olimpíada de Londres, em 2012.

"Talvez a gente possa vir assistir. Veremos o que acontece", completou Jim.