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Feijão luta em jogo mais longo da história da Davis, mas cai para Mayer

Do UOL, em São Paulo

08/03/2015 17h54

Apesar de não ser do jeito que João Souza esperava, ele está na história da Copa Davis, e do tênis como um todo. Foram exatas 6h43 até Leonardo Mayer anotar o último ponto da memorável partida válida pelo Grupo Mundial da Copa Davis, transformado o duelo no mais longo de simples de todos os tempos da competição. Sem se importar com a provocação vinda das arquibancadas, o brasileiro foi buscar o empate depois de estar perdendo por 2 sets a 0. Depois de salvar 10 match points, Feijão não conseguiu a virada, que fecharia o confronto.

Com a vitória de Leonardo Mayer por 3 sets a 2 (7-6 [7-4], 7-6 [7-5], 5-7, 5-7 e 15-13), a Argentina segue viva na disputa com o Brasil. A esperança brasileira, agora, fica nas mãos de Thomaz Bellucci. O paulista enfrenta Federico Delbonis, na partida derradeira do confronto (o jogo começou neste domingo, mas foi interrompido e será finalizado nesta segunda). O país que vencer terá a Sérvia, de Novak Djokovic, número 1 do mundo, pela frente, nas quartas de final. O derrotado terá que disputar a repescagem do torneio.

Caso consiga avançar na Copa Davis, o Brasil alcançará uma marca que não vem desde 2001, quando, liderado por Guga, o País chegou às quartas de final. 

Saques levam Mayer da alegria ao desespero

Nos dois primeiros sets, Leonardo Mayer apostou em seu eficiente serviço para se impor a Feijão. Ao todo, foram oito aces conquistados pelo argentino, contra nenhum do brasileiro. O desempenho foi fundamental nos dois tie-breaks, que colocaram o tenista da Argentina com grande vantagem na partida.

Depois disso, no entanto, os saques pararam de atingir Feijão e começaram a ser um problema para o argentino nos dois sets seguintes. O número de aces caiu consideravelmente (de 8 para 2) e o de duplas faltas aumentaram: de 2 para 5. Duas delas, inclusive, foram em momentos chaves da terceira parcial, que permitiram a reação de Feijão.

Ao final, o argentino encerrou a partida com 16 aces e 14 duplas faltas. Já Feijão terminou o jogo com quatro e cinco, respectivamente.

Mudança de jogo após lesão

Em dificuldades contra Leonardo Mayer nos dois primeiros sets, Feijão viu uma chance aparecer no terceiro, quando o argentino precisou de atendimento médico por conta de dores no pé esquerdo. A partir daí, o brasileiro mudou seu estilo de saque, e passou a sacar aberto, obrigando o adversário a se mover.

A mudança no saque, aliada as devoluções mais fundas, que forçavam erros não forçados do adversário, ajudaram Feijão no terceiro e quarto set, quando ele conseguiu buscar o empate e forçar a quinta parcial.

"Homem de gelo", Feijão resiste à torcida. Berlocq, não

Feijão tem se mostrado à vontade com a torcida argentina. Assim como acontecera na sexta-feira, contra Carlos Berlocq, o brasileiro foi alvo de constantes provocações, mas sempre se mostrou tranquilo. Em uma das vezes, chegou a sacar quando o público ainda cantava.

Por outro lado, a irritação se mostrou presente entre os argentinos. Derrotado na sexta-feira para Feijão, Carlos Berlocq, que acompanhara a partida deste domingo no banco argentino,  fora alvo constante da torcida brasileira. Incomodado com a situação, o tenista chegou a responder aos cânticos e, em um determinado momento, acompanhou o jogo ao lado de um segurança.

No final do jogo, Berlocq assumiu o lado torcedor e foi assistir à partida junto ao público. Por diversos momentos, foi possível ver o tenista pulando e puxando cânticos.

Maratona histórica no quinto set

Depois de quatro sets extremamente equilibrados, os dois tenistas aparentavam muito cansaço na última parcial. Não por acaso, o atendimento médico foi requisitado por diversas vezes.
Enquanto Leonardo Mayer sofria para fechar a partida, Feijão se matava para conseguir salvar 10 matchpoints durante todo o jogo.

Ao fim das contas, os dois entraram para a história do tênis, ao protagonizar a partida mais longa da Copa Davis, a segunda do esporte em geral, que tem o confronto entre John Isner e Nicolas Mahut, em Wimbledon, em 2010, que teve duração de 11h06.

Depois da vitória, Leonardo Mayer, claramente emocionado, mal conseguia se expressar. “Não consigo explicar o que aconteceu. Agradeço muito ao público, que me ajudou. Agradeço a todos que apoiaram muito. Foi uma batalha que, se perdesse, também estaria tudo bem. Fiz o que pude. Foram quatro horas (na verdade, foram 6h42) lutando muito”.