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No Brasil, troféu de Roland Garros tem 5 seguranças e não pode ser tocado

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

15/04/2015 16h32

Nenhum troféu do mundo do tênis é tão brasileiro quanto a taça de Roland Garros, que Gustavo Kuerten levantou por três vezes. Mesmo assim, para visitar o Brasil, o troféu precisou de um esquema de segurança digno da taça da Copa do Mundo da Fifa.

Desde que chegaram ao país, no início da semana, a “Coupe des Mousquetaires” (Copa dos Mosqueteiros) e sua versão feminina, a “Coupe Suzane Lenglen”, são acompanhadas por cinco seguranças particulares, 24 horas por dia. Em todas as exibições públicas, os olhos atentos dos profissionais não saem dos troféus de prata, que tem o nome de todos os vencedores gravados.

Ninguém pode tocar nas duas peças, criadas por uma famosa joalheria da França. Nem mesmo os campeões do Grand Slam francês ficam com ele por muito tempo: Gustavo Kuerten, por exemplo, tocou nele apenas três vezes como campeão, no dia em que conquistou seus títulos. Na tradicional foto do dia seguinte, em frente à Torre Eiffel, os campeões sempre levantam réplicas, também de prata – essa é levada para casa pelos tenistas.

Gustavo Kuerten posa com troféu do bicampeonato de Roland Garros em frente à Torre Eiffel em 2000 - Lula Marques/Folha Imagem - Lula Marques/Folha Imagem
Gustavo Kuerten posa com troféu do bicampeonato de Roland Garros em frente à Torre Eiffel, em 2000: a taça em questão é uma réplica, já que os campeões só tocam na taça verdadeira em quadra, após a final
Imagem: Lula Marques/Folha Imagem

Essas versões são, sempre, menores que o troféu original. Criada em 1981 para homenagear os “Quatro Mosqueteiros” do tênis francês (Jacques Brugnon, Jean Borotra, Henri Cochet e René Lacoste, que ganharam o primeiro título do país na Copa Davis), a taça pesa 14kg, com 21cm de altura e 19cm de diâmetro. As réplicas de Guga tem menos de 20cm de altura.

Nesta viagem, o único autorizado a tocar nos dois troféus é um francês, Lucas Dubourg, gerente de relações internacionais da Federação Francesa. E ele terá trabalho, já que a agenda é agitada. Nesta quarta-feira, estavam no Clube Paineiras, onde será realizado o Rendez-Vouz à Roland-Garros, um torneio que dará vaga à chave juvenil do Grand Slam nesta temporada para dois tenistas brasileiros, um para o feminino, outro para o masculino.

Depois, vão aparecer em pontos turísticos do Rio de Janeiro e São Paulo, para a gravação de um vídeo promocional. Detalhe: os organizadores não divulgaram a localização das gravações, justamente para garantir a segurança dos dois troféus. O tour ainda tem uma parada em uma loja dos patrocinadores do torneio, em São Paulo, e será exibida na final do Rendez-Vouz, no domingo, no Clube Paineiras do Morumby, na zona sul de São Paulo.

É um esquema muito parecido com o da Taça da Copa do Mundo da Fifa, que passou pelo Brasil no ano passado, antes do Mundial. Um funcionário da entidade máxima do futebol só podia tocar no troféu com luvas. Com as mãos limpas, apenas campeões do mundo tinham a permissão de levantá-la.