Nº 338, brasileiro de 21 anos surpreende Tsonga e avança no Aberto do Rio
Um atleta brasileiro de 21 anos derrubou um dos favoritos no torneio disputado no Jockey Club Brasileiro e virou uma das sensações do Aberto do Rio. O cearense Thiago Monteiro, que chegou a ser segundo do mundo entre os juvenis, bateu o francês Jo-Wilfried Tsonga, nono do planeta, por 2 sets a 1 (6/3, 3/6 e 6/4) nesta quarta-feira (17) e se tornou uma das grandes histórias da competição.
A vitória veio menos de 24 horas depois da decepção com o número 1 do Brasil. "A verdade é que não temos muitos jogadores em um nível mais alto". Foi assim que Thomaz Bellucci, 28, número 1 do ranking brasileiro de tênis, tentou justificar na última terça-feira (16) os apupos que tinha recebido na primeira rodada do Aberto do Rio de Janeiro (derrota por 2 sets a 1 para o ucraniano Alexandr Dolgopolov).
Mas Monteiro mostrou que pode iniciar a longa caminhada. O tenista disputa o Aberto do Rio de Janeiro por ter sido convidado pela organização. Número 338 do ranking mundial, o brasileiro era um dos três representantes locais na chave masculina de simples – os outros, Bellucci e João Souza, foram eliminados na primeira rodada.
A vitória sobre Tsonga, portanto, não foi um feito apenas para Monteiro. Um brasileiro não batia um tenista que figurava entre os top 10 da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) desde 2012, quando Thomaz Bellucci superou David Ferrer na segunda rodada do Masters 1000 de Montecarlo (o espanhol era o sexto do planeta na época) e bateu o sérvio Janko Tipsarevic, então número 8 do mundo, na decisão do torneio de Gstaad.
"Não sei o que dizer e não sei o que aconteceu. Estou muito feliz. Senti que estava bem e senti as condições do jogo. Estava muito quente, mas tentei resistir até o fim e tentei manter o saque e a intensidade, competindo com tudo que eu tinha. No meu primeiro ATP, contra um top 10, tinha que dar tudo de mim", disse Monteiro ao canal "Sportv". Depois do jogo contra Tsonga, o brasileiro deitou no saibro da quadra central e celebrou de forma efusiva.
O triunfo também foi suficiente para mudar instantaneamente o status de Monteiro. O brasileiro não estava entre os atletas mais badalados no Jockey Club, mas passou vários minutos distribuindo fotos e autógrafos quando saiu da quadra central. "Minha estratégia foi acreditar e tentar entrar nos pontos com bolas fundas", explicou.
O resultado contra Tsonga confirmou o bom início de ano de Monteiro, que também alcançou em 2016 a semifinal no Challenger do Rio de Janeiro e as quartas do Challenger de Mendoza (Argentina). Mais do que isso, porém, o triunfo foi uma espécie de retomada para o cearense. O canhoto de 21 anos foi número 2 do mundo entre os juvenis e chegou a ocupar o 254º lugar no ranking mundial em 2013, mas depois sofreu com lesões e precisou ser submetido a duas cirurgias (no joelho, em 2014, e no cotovelo, em 2015).
Monteiro começou a jogar tênis aos oito anos, ainda no Ceará, e começou a chamar atenção em 2006, aos 12, ao vencer o Banana Bowl, um dos torneios mais tradicionais do tênis na base. Três anos depois, mudou-se para Santa Catarina e passou a treinar com Larri Passos, que havia sido mentor de Gustavo Kuerten.
No ano seguinte, o cearense atingiu o primeiro posto do ranking nacional na categoria até 16 anos. A ascensão continuou até 2012, quando Monteiro se tornou o segundo melhor do planeta entre os juvenis.
Em 2014, depois de ter atingido o melhor ranking entre os profissionais e de ter começado a sofrer com lesões, Monteiro trocou Larri por João Zwetsch, que era capitão do Brasil na Copa Davis. A partir disso, começou a treinar no Rio de Janeiro.
Até agora, a melhor campanha da carreira do tenista brasileiro foi a semifinal do Challenger do Rio de Janeiro.
O jogo - O tenista de 21 anos impôs seu jogo logo no primeiro set. No sétimo game do jogo, o brasileiro quebrou o francês. Na sequência, uma nova quebra garantiu a primeira parcial para Thiago.
O clima do jogo mudou no segundo set. Tsonga conseguiu uma quebra logo no primeiro game do jogo. Thiago até teve a oportunidade de devolver, mas não conseguiu e ainda foi quebrado uma segunda vez.
O equilíbrio prevaleceu na terceira parcial. Thiago pressionava Tsonga ao partir para o ataque e dificultava as devoluções. Mas, ele também cometia alguns erros não forçados e dava chances para o francês.
Apesar das oportunidades, ele não perdeu o serviço e conquistou uma quebra, definindo a terceira parcial e se classificando.
Thiago volta agora para um desafio teoricamente mais tranquilo, ao menos no quesito ranking. Seu adversário será o uruguaio Pablo Cuevas.
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