Como Del Potro adaptou seu jogo após duas cirurgias e ressurgiu no tênis
Juan Martín del Potro tornou-se nos últimos dois meses um dos nomes mais comentados do tênis mundial e queridinho do público. É ovacionado por onde passa e também tem chorado bastante a cada vitória importante e manifestação de carinho dos torcedores. E não à toa.
Depois de duas cirurgias no punho esquerdo, em 2014 e 2015, e até o pensamento em se aposentar precocemente das quadras, o jogador de 27 anos dá a cada semana mostras de que pode conseguir novamente feitos grandiosos e entrar no top 10 do ranking mundial. Desde agosto, ele conquistou a medalha de prata na Olimpíada - passando por Novak Djokovic na estreia e Nadal na semifinal -, foi quadrifinalista do Aberto dos Estados Unidos e ganhou de Andy Murray na Escócia para ajudar a Argentina a alcançar a final da Copa Davis pela primeira vez desde 2011.
Atualmente é o 67º ranking e vem em plena evolução com momentos de brilhantismo que fazem lembrar aquele jogador que foi campeão do Aberto dos EUA em 2009 e quarto do mundo em 2011.
"Talvez hoje eu desfrute muito mais do jogo do que antes pois eu sei quanto custou para estar aqui de novo. Estou muito feliz com o momento que estou vivendo", afirmou recentemente Del Potro, que começou 2016 ocupando somente a 590ª posição do ranking.
Del Potro adaptou o seu jogo para voltar a ser top
Porém, para ressurgir no circuito em 2016 após um ano afastado, o argentino de 1,98 m precisou fazer mudanças impactantes em seu jogo. A principal foi alterar a maneira de usar o seu backhand. Os potentes golpes de duas mãos na esquerda que sempre foram uma marca registrada deram lugar ao slice, um movimento com muito menos potência e decisivo, utilizando apenas a mão direita.
A adaptação ao novo estilo fez-se necessária para não exigir e desgastar tanto os ligamentos que o fizeram parar na mesa de cirurgia.
"O Del Potro conseguiu encontrar uma maneira de incorporar ao seu jogo um golpe que muitas vezes é subestimado pela maioria dos tenistas. Ao usar o slice na cruzada, ele deixa a direita da sua quadra aberta intencionalmente. E isso gera uma dúvida na cabeça do adversário que não sabe se ataca de novo na esquerda e recebe um novo slice ou vai para a direita, onde o Del Potro vai atacar e se não ganhar o ponto terá 90% de chance de dominá-lo", explica Alexandre Cossenza, autor do blog Saque e Voleio, do UOL Esporte.
"Ele precisou fazer uma mudança técnica e tática. E o slice se tornou um grande golpe. Ele está cruzando a bola o tempo todo e como a bola chega lenta e baixa o adversário não está conseguindo atacar tanto. E o Del Potro tem tirado proveito disso", diz José Nilton Dalcim, autor do Blog do Tênis.
O jeito de executar o backhand é a mudança mais fácil de ser notada em uma rápida observação. Mas não é apenas isso. Neste processo de ressurgimento, o argentino tem subido com mais frequência à rede para volear, algo que quase não fazia em que pese a potência de seu saque e a envergadura.
"O Del Potro nunca voleou bem. Mas agora está voleando direitinho. É uma outra evolução", completa Dalcim.
"Às vezes confio muito na minha direita e me dá a impressão que não fazia falta ir à rede, mas também é necessário estar aí para ganhar os pontos. Como jogo bastante com slice, isso muda um pouco a minha forma de subir à rede e por isso faço um pouco mais do que em anos anteriores. São coisas novas para mim", explicou o tenista ao jornal La Nación.
Outro ajuste fino, quase que imperceptível, está no serviço. Del Potro tem jogado a bola um pouco mais à frente do que fazia antes em seu saque para diminuir a trajetória da bola e a força do impacto que precisa exercer.
Além disso, Del Potro reduziu a tensão das cordas da raquete em várias libras para ganhar potência e sentir menos o impacto no punho.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.