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Djokovic causa indignação mundial ao testar positivo para covid-19

Novak Djokovic durante o Adria Tour  - REUTERS/Antonio Bronic
Novak Djokovic durante o Adria Tour Imagem: REUTERS/Antonio Bronic

Da RFI

24/06/2020 14h34

O tenista Novak Djokovic está causando indignação no mundo do tênis após ter anunciado, ontem, que o resultado de seu teste para covid-19 deu positivo. O sérvio, que foi o organizador e principal atração do Adria Tour, uma turnê de caridade nos Balcãs, já está sendo chamado de "Djokovid" nas redes sociais e pode levar um bom tempo para recuperar sua imagem.

As fotos das duas primeiras etapas do torneio, em Belgrado (13-14/6) e em Zadar (20-21/6), mostrando Djokovic e outros atletas se abraçando, jogando basquete e futebol, dançando em boates ou no meio de dezenas de fãs sem respeitar nenhuma distância de segurança, provocaram incompreensão de uma parte do mundo do tênis.

"Eu sinto muito se nosso torneio causou estes problemas", declarou Djokovic em um comunicado publicado no Twitter. "Nós estávamos enganados. Era muito cedo."

O número 1 do mundo testou positivo assim como sua mulher. Outros tenistas participantes do Adria Tour também tiveram resultados positivos para a covid-19: Grigor Dimitrov (19°), Borna Coric (33°) et Viktor Troicki (184°). A turnê foi programada para acontecer entre 13 junho e 5 julho em quatro países dos Bálcãs: (Sérvia, Croácia, Montenegro e Bósnia-Herzegovina).

Desculpas que não impediram as críticas. O australiano Nick Kyrgios foi um dos primeiros a comentar o comportamento de Djokovic nas redes sociais. "Não mencionem o que eu já fiz de 'irresponsável' no passado ou o que pôde ser considerado 'estúpido'. Isso é pior." Já o britânico Andy Murray disse que acha que isso não dá uma "boa imagem do tênis."

"Djokovid"

Djokovic, que teve sua reputação manchada, tentou se justificar. "Tudo o que fizemos há um mês foi feito com coração puro e com intenções sinceras", disse destacando que o Adria Tour foi organizado "em um momento em que a força da epidemia estava baixando [...], com a ideia de ajudar os jogadores de tênis da região, de criar condições para que eles jogassem, para que eles tivessem uma renda para superar com mais facilidade este período difícil."

Djokovic recebeu inúmeros prêmios internacionais, não somente por sua brilhante carreira esportiva, mas por seu envolvimento em causas humanitárias e pela paz. Em 2007, ele criou uma organização de caridade, a Novak Fund, que se converteu em Novak Djokovic Foundation em fevereiro de 2012, com o objetivo de ajudar na educação de crianças pobres.

Mas isso não ajudou o tenista a conseguir o perdão do público que promove um verdadeiro Djokobashing nas redes sociais. "Não é realmente uma notícia exclusiva: Novak Djokovic é um idiota. É Novax Djokovid, não é mesmo?", diz um deles no Twitter.

Em março, o jogador de basquete francês Rudy Gobert também foi alvo de insultos e até ameaças de morte após ter sido o primeiro jogador da NBA a ter um resultado positivo no teste para covid-19. Alguns dias antes, o pivô da Jazz d'Utah foi filmado fazendo piadas sobre o coronavírus enquanto tocava materiais de outros jogadores e gravadores de jornalistas.

Defensores

Mas Novak Djokovic também tem defensores para lembrar que a Sérvia tem poucos casos de contaminações e que a gestão da etapa do torneio em Zadar pela Federação croata foi muito criticada.

No jornal L'Équipe, o francês Julien Boutter, organizador da competição, defendeu "Djoko". "Todo mundo concordou em participar. Se ele estava em seu direito, se ele seguiu as regras sanitárias de seu país e se os jogadores não foram obrigados [a participar] com uma faca no pescoço, não podemos criticá-lo".

Sobre as próximas competições, Boutter afirmou que "a reflexão inteligente a fazer é se dizer que esta foi uma réplica de um evento de tênis importante, e estas foram as consequências. O que fazemos? Acho que é uma boa lição. Eu comparo a um crash-test de um carro. Pensamos que era perfeito mas vimos que tem um defeito. Nos cabe corrigir."