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Rebaixamento com o Palmeiras, ameaça de torcida e briga com clube português... saiba quem é Paulo Assunção, novo reforço do SP

Adriano Wilkson
Do UOL, em São Paulo


O volante Paulo Assunção tem 32 anos e passou os últimos dez na Europa, entre Portugal, Grécia e Espanha. Contratado para resolver os problemas defensivos do meio-campo do São Paulo, ele ainda é pouco conhecido do torcedor brasileiro.

Pouca gente lembra que ele era titular do Palmeiras que foi rebaixado à segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2002. Mas foi quando atuava pelo Porto, que Paulo Assunção viveu um dos momentos mais conturbados de sua carreira. Ele usou uma lei da Fifa para romper unilateralmente seu contrato com o clube e provocou a ira da torcida. Assunção chegou a se sentir perseguido e ameaçado por aqueles que há pouco tempo lhe faziam juras de amor.

Transferido à Espanha, o volante foi campeão da Liga Europa, o segundo torneio interclubes mais importante do continente. Em 2009-2010, foi titular na maior parte da campanha. Dois anos depois, ouviu do técnico Diego Simeone que não teria muito espaço no time por causa da ascensão de atletas mais jovens.

Conheça essas e outras histórias do novo jogador tricolor, que será apresentado oficialmente nesta sexta-feira.

Sem dizer tchau

AP Photo/Arturo Rodriguez

Aos 28 anos, Paulo Assunção estava descontente com as condições para a renovação de seu contrato com o Porto. Queria salários e luvas maiores para aumentar seu vínculo por mais alguns anos. Não conseguiu, resolveu forçar a saída e acionou um dispositivo obscuro do regulamento de transferências da Fifa para romper unilateralmente seu contrato com os portugueses. O volante tinha uma proposta melhor do Atlético de Madri. A relação entre os dois clubes estremeceu por um tempo, mas logo os cartolas chegaram a um acordo que viabilizou a transferência do volante. "É um caso raríssimo no futebol mundial", afirma Luiz Roberto Martins Castro, especialista em direito esportivo.


Tiros no joelho

EFE

Durante os meses conturbados em que negociava sua renovação, o volante sentiu a pressão da exigente torcida do Porto. Alguns "adeptos" o acusaram de mercenários por querer maiores salários. Meses depois de ter deixado o clube, Assunção deu uma entrevista a uma rádio portuguesa em que relatou ameaças de torcedores após um treino. "Eu saí do treinamento e vieram cinco indivíduos dizendo: 'Se tu não renovar até quarta-feira, nós vamos dar um tiro no teu joelho. Eu saí, fui direto para a polícia, e os caras me perseguiram. Isso me arrebentou, perdi totalmente a confiança. Minha esposa teve que mudar tudo, mudar de casa, e pra mim, tudo é a minha família."


Naturalização frustrada

Nelson Coelho/Diário de São Paulo/Agência O Globo

Tricampeão português e natural de Várzea Grande, no Mato Grosso, o volante começou a sonhar em jogar pela seleção lusitana. Suas ótimas atuações na liga nacional fizeram imprensa e torcedores especularem sua convocação. Para estar apto a vestir a "camisola" verde e grená, Paulo Assunção precisava apenas se naturalizar cidadão português, visto que já morava há anos no país. Isso ele fez, mesmo já tendo defendido a seleção sub-20 do Brasil. Mas seus plano deram bastante errado: mesmo naturalizado, nenhum técnico de Portugal jamais o convocou para a seleção.


Cartão amarelo altera o placar

Fernando Santos / Folhapress

No torneio Rio-São Paulo de 2002, Paulo Assunção contribuiu para que o São Paulo eliminasse o Palmeiras, clube que defendia, recebendo um cartão amarelo. O regulamento do torneio previa como um dos primeiros critérios de desempate o número de advertências recebidas pelas equipes. Nas semifinais, São Paulo e Palmeiras empataram os jogos de ida e volta. O desempate foi a contagem de cartões. Os alviverdes haviam recebido sete amarelos (um deles para Paulo Assunção). Já os tricolores, apenas quatro. O time do Morumbi se beneficiou pelo "fair play" e chegou à final (acabaria perdendo o título para o Corinthians).


Ascensão e queda

Juca Varella/Folha Imagem

No São Paulo, Assunção estará do mesmo lado de Luis Fabiano. Há dez anos, eles estavam em situações rigorosamente opostas. Enquanto o palmeirense era rebaixado à segunda divisão com uma derrota para o Vitória na Bahia, o atacante caminhava para se consolidar como artilheiro do Nacional. Luis Fabiano fez ao todo 19 gols naquele ano. Em sua segundo passagem pelo clube, ele vivia um dos melhores momentos de sua carreira. Já o rebaixado Assunção seria vendido ao futebol português e não jogaria a segunda divisão com seus antigos companheiros.


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