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10/02/2010 - 07h03

Afeganistão tentará derrotar Estados Unidos... no críquete

Do UOL Esporte
Em São Paulo

Há nove anos a população do Afeganistão sente na pele a superioridade bélica dos Estados Unidos, cuja guerra contra os talibãs já fez milhares de vítimas. Um quadro de extrema tensão política que, no entanto, os atletas de ambos os países tentarão evitar quando entrarem em campo quinta-feira próxima, em Dubai, no torneio classificatório para a Copa do Mundo de Críquete, a ser realizada em maio no Caribe.

Ambos os lados tentam minimizar a óbvia tonalidade política do encontro. “Não estamos nem pensando nisso”, afirma o capitão da equipe norte-americana, Steve Massiah. “Isso é política; nós estamos aqui para ganhar a partida e o torneio inteiro”.

Discurso sustentado pelo técnico dos EUA, Imran Khan Suddahazai. “Existe um conflito no Afeganistão e o governo dos Estados Unidos está envolvido, mas gostaríamos de nos dissociar disso tudo. Críquete é esporte, uma maneira de competição saudável”.

Ainda que uma vitória contra os ianques possa oferecer um momento de orgulho e diversão para uma população oprimida por compatriotas e estrangeiros, os afegãos também procuram manter o foco no esporte. “Nós ganharemos deles. Mas nosso objetivo não é só vencer os americanos, e sim nos classificar para a Copa do Mundo”, disse o rebatedor Raess Ahmadzai.

Empecilhos à prática

Ao contrário de sua máquina de guerra, o críquete dos norte-americanos ainda engatinha, o que faz dos afegãos os francos favoritos na disputa. Afinal, mesmo com as diversas restrições aplicadas pelo regime talibã – que chegou a banir a prática de todos os esportes no país, para depois proibir “apenas” as mulheres – o críquete faz parte, há décadas, do cotidiano esportivo do Afeganistão, sendo jogado na maior parte do tempo em campos improvisados. Muitos dos profissionais, no entanto, vão treinar no vizinho Paquistão.

A modalidade une inclusive facções opostas, como os talibãs e o atual presidente, Hamid Karzai. “Existem grupos que tentam sabotar eventos esportivos no Afeganistão, mas o interesse no críquete cresceu rapidamente e, por sorte, os jogadores nunca foram ameaçados”, explica o técnico da seleção afegã, Seed Shah.

Já nos Estados Unidos, o críquete, esporte praticado principalmente por filhos de imigrantes, sofre com a falta de investimento, o que torna difícil a reunião dos jogadores, espalhados por todo o território norte-americano. Assim, até os treinos da equipe são raros.

“Nós representamos a maior potência do mundo na política, mas no críquete temos muito a aprender com o Afeganistão”, reconhece Suddahazai, técnico dos EUA. “Gostaríamos de imitar o sucesso deles, classificar para a Copa do Mundo e fazer vingar o críquete nos Estados Unidos”.

Ao que Shah, o técnico afegão, responde: “queremos mostrar que o Afeganistão não vale menos do que qualquer outro país, se nos dão uma chance justa”.

Copa do Mundo

No grupo de Afeganistão e Estados Unidos jogam ainda Escócia e Irlanda, enquanto o grupo B do torneio é formado por Holanda, Canadá, Quênia e Emirados Árabes Unidos.

Os dois melhores de cada grupo decidem quem irá às finais, e consequentemente à Copa do Mundo. O campeão entrará no grupo C do mundial ao lado de África do Sul e Índia, enquanto o vice se junta a Inglaterra e Índias Ocidentais (união de alguns países do Caribe) no grupo D.

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