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23/04/2010 - 06h58

Árbitros das finais de Superliga e NBB lutam para conciliar profissões e esporte

Allan Farina e Ana Luiza Rosa
Em São Paulo

Enquanto jogadores e técnicos recebem os holofotes nas partidas finais da Superliga masculina de vôlei e do Novo Basquete Brasil (NBB), os árbitros lutam para dividir seu tempo com a vida profissional longe das quadras. De professores de educação física a químicos, os homens do apito têm no esporte uma fonte complementar de renda.

  • Sergio Domingues/HDR Photo

    Árbitro em ação em partida do NBB; no basquete e no vôlei, árbitros são obrigados a tentar conciliar a paixão pelo esporte e as profissões fora de quadra

“Consigo conciliar as duas profissões, pois tenho flexibilidade no colégio em que trabalho. Também, a maioria das partidas é à noite ou no final de semana, o que ajuda”, comenta Sérgio Luis Cantini, 47 anos, que é professor de educação física e apitaria o terceiro jogo entre Cimed e Pinheiros pela semifinal da Superliga – como os catarinenses venceram as duas primeiras partidas, o confronto final não foi necessário.

A rotina de Cantini é parecida com a enfrentada pela maioria do quadro do vôlei brasileiro. Os árbitros têm como principal incentivo a paixão pelo jogo, já que o pagamento não é suficiente para que se mantenham somente com o esporte.

“Acredito que não dê pra levar a vida só com a arbitragem. Árbitro não é regulamentado e ficaria sem trabalho nos períodos em que não há competição”, explica Jediel de Carvalho, 45 anos, professor e advogado que apitou a final da Superliga masculina de 2006/2007.

“As próprias entidades incentivam uma atividade profissional, para que arbitragem seja uma forma alternativa de remuneração. Tem que ser encarada como uma atividade séria pela responsabilidade, mas tem que fazer por gosto, senão não vira um bom árbitro”, aponta Paulo Turci, 45 anos, que recebe R$ 390 por partida por ser do quadro internacional.

“É por essa sensação de satisfação pessoal”, esclarece o árbitro, que apitou o segundo jogo da semifinal entre Cimed e Pinheiros e há 22 anos alterna sua vida entre o vôlei e uma multinacional em Curitiba.

A situação é semelhante no basquete nacional. Segundo Antonio Affini, coordenador de arbitragem da Liga Nacional de Basquete (LNB), os árbitros que comandarão as quadras dos playoffs do NBB também são obrigados a equilibrar o esporte com outra profissão.

“Cada um tem sua atividade. Eu tenho advogado, professor de educação física, professor universitário, engenheiro, químico. Eles passam por um processo de avaliação e recebem para fazer o trabalho deles”, explica Affini, ex-árbitro que atuou nas Olimpíadas de Seul e Barcelona.

O dirigente optou por não divulgar o valor pago pela LNB por cada jogo, mas revela que os árbitros que trabalharão a partir da semifinal do NBB receberão um valor superior ao pagamento convencional, uma novidade implementada nesta temporada. “Se ele receber dez, vai receber 20, e assim por diante. Isso é justamente para premiar os melhores”, aponta.

Entre os árbitros que irão ao Mundial de 2010, que será disputado entre agosto e setembro na Turquia, apenas o catarinense Cristiano Maranho não participa dos playoffs do NBB. O juiz foi convidado a apitar as finais do Campeonato Chinês de basquete. Já o paulista Marcos Benito, o segundo árbitro que irá ao Mundial, está garantido nas rodadas decisivas do torneio brasileiro.
 

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