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04/06/2010 - 19h39

Governo tenta controlar ações olímpicas e entra em choque com o COB

José Cruz
Em Brasília

Com a realização da 3ª Conferência Nacional do Esporte – a primeira foi em 2004 e a segunda, em 2006 –, o governo federal ganha o apoio da comunidade esportiva para assumir a governabilidade das ações olímpicas, entre outras ações, já que o cofre público é o principal provedor dos projetos do esporte de alto rendimento.

LULA COBRA METAS OLÍMPICAS E FISCALIZAÇÃO

No melhor estilo desportista - sem gravata – e bem descontraído diante de um auditório de 1.500 pessoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na III Conferência Nacional do Esporte, em Brasília, cobrando metas olímpicas e fiscalização no uso de recursos públicos junto às confederações esportivas.

Na mesma cerimônia, que começou com atraso de três horas (estava prevista para às 10h), Lula anunciou que o PAC 2011 terá R$4,1 bilhões para construir ginásios cobertos e espaços esportivos em escolas públicas de todo o país.

Lida com atenção, a proposta que se discute na Conferência do Esporte coloca o governo em rota de colisão com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – apesar de as autoridades ministeriais negarem esse confronto.

Um dos itens mais polêmicos das linhas estratégicas do Plano Decenal de Esporte e Lazer, que deverá ser aprovado até domingo na Conferência, é o que cria “uma instituição pública para a implantação e gestão da Rede Nacional de Treinamento”.

Jogada de mestre

Pode parecer estranho um governo em fim de mandato apresentar propostas tão ousadas e de longo prazo, como as que serão aprovadas na 3ª Conferência Nacional do Esporte, já que, em janeiro, o Palácio do Planalto poderá ser ocupado por governante da oposição.

Mas a estratégia está bem amarrada e começou com a criação dos dois órgãos – Autoridade Pública Olímpica e a Empresa Brasileira de Legado Esportivo –, que têm no ministro do Esporte, Orlando Silva, o principal cotado para se tornar autoridade olímpica, isto é, muito mais que um simples representante do governo no Comitê Organizador das Olimpíadas 2016. Com isso, o governo quer deixar de ser apenas o patrocinador do esporte para se tornar agente efetivo na formulação de metas, por exemplo.

Assim, mesmo no caso de derrota da candidata oficial, Dilma Roussef, o atual governo terá mando de longo prazo no projeto de maior visibilidade esportiva internacional.
Nos bastidores, autoridades do Ministério do Esporte tentam demonstrar que essa não é uma estratégia oportunista, já que o atual governo se encerrará em sete meses. Mas é difícil convencer o contrário, devido à realidade dos fatos.

Apesar de a Conferência Nacional do Esporte ter o respaldo democrático da participação popular – o debate em nível municipal envolveu cerca de 220 mil pessoas –, ficam brechas na estrutura das responsabilidades do sistema nacional de esporte.
Por exemplo, quando o governo assumir a responsabilidade de gestão do esporte de rendimento, o que competirá às federações, confederações e ao COB?

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