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Prefeitura de São Caetano do Sul dispensa 720 atletas

Da Folhapress

Em São Paulo

21/01/2011 09h03

A Prefeitura de São Caetano do Sul (Grande São Paulo) decidiu repaginar seu modelo esportivo e dispensou 720 dos 986 atletas que defendiam a cidade.

CALENDÁRIO APERTADO TAMBÉM MOTIVOU CORTE

O apertado calendário também pesou na decisão da Prefeitura de São Caetano de alterar seu modelo esportivo. Neste ano, acontecem os Jogos Mundiais Militares e os Jogos Pan-Americano.

Os militares competem no Rio, em julho, e o Pan ocorre em Guadalajara (México), em outubro.

Justamente na mesma época acontecem as duas mais importantes competições para as prefeituras paulistas: os Jogos Regionais e os Jogos Abertos.

Por ser disputado no Rio, as Forças Armadas brasileiras se reforçaram com atletas de ponta, o que vai enfraquecer a competição entre cidades do Estado de São Paulo.

Mauro Chekin, secretário de Esporte e Turismo de São Caetano, foi questionado se não valeria a pena ter um atleta da cidade campeão mundial militar.

"Mas iriam dizer que ele é da cidade tal e não que quem banca é São Caetano", afirmou o secretário. Ele disse estar aberto para negociar novas formas de parceria. Chekin afirmou, por exemplo, que a cidade poderia bancar a estrutura de treinamento, alimentação e moradia enquanto uma confederação se responsabilizasse pelo pagamento dos salários.

"Em algum momento você teria que fazer isso por causa do custo benefício", afirmou o secretário de Esporte e Turismo, Mauro Chekin. "O esporte está ficando inviável."

A cidade foi campeã de 13 das 14 últimas edições dos Jogos Abertos do Interior e investia em 28 modalidades.

Com a decisão, sobreviveram quatro modalidades, que contam com patrocínios próprios. Mas a intenção da prefeitura é recontratar parte dos dispensados após estudo de viabilidade dos esportes.

A previsão inicial era ter um documento pronto em 30 a 45 dias, mas após a repercussão da medida a prefeitura pretende fechar o estudo em no máximo um mês.

Chekin disse que preferiu dispensar e recontratar os atletas para permitir que quem não estiver nos planos da cidade tenha oportunidade de procurar outra equipe.

Questionado se não seria ideal já ter feito o estudo no final de 2010 para dispensar somente o necessário agora, Chekin reconheceu que não houve esse planejamento.

"Infelizmente não somos americanos ou orientais para ter essa visão macro lá atrás e planejar com essa tendência", disse ele. "Somos latinos. Então foi: ‘Vamos fazer? Legal, vamos fazer’. E uma hora tinha que fazer."

Chekin afirmou que a mudança aconteceu por um corte de R$ 1 milhão no orçamento do esporte, mas não quis declarar qual era o valor investido anteriormente.

Entre as equipes fechadas, pelo menos temporariamente, estão as de judô e taekwondo, que contam até com medalhistas olímpicos. O judoca Carlos Honorato, prata em Sydney-2000, disse estar treinando no interior e que não poderia falar nada. "Vou voltar a São Caetano na segunda e ver o que realmente aconteceu", afirmou Honorato, 36, que defende a cidade há 14 anos.

"Infelizmente, o judô entrou no arrastão", disse o coordenador Mario Tsutsui. Segundo ele, a equipe tinha orçamento de R$ 35 mil mensais e, no auge, dispunha de R$ 60 mil por mês. São Caetano também abrigou outros medalhistas olímpicos como Henrique Guimarães e Tiago Camilo.

Tsutsui disse ter esperança de que a equipe possa ser remontada ainda que mais modesta. "Muitos atletas estão esperando pela recontratação após essa quarentena."