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Remadora critica demora em anúncio da seleção, mas comemora apoio inédito

Catarinense Fabiana Beltrame durante a disputa dos Jogos de Pequim, em que foi 19ª - Caio Guateli/Folhapress
Catarinense Fabiana Beltrame durante a disputa dos Jogos de Pequim, em que foi 19ª Imagem: Caio Guateli/Folhapress

Maurício Dehò

Em São Paulo

23/02/2011 07h45

A brasileira Fabiana Beltrame, principal nome do remo brasileiro, mostrou nesta semana preocupação com o trabalho feito para o Pan-Americano de Guadalajara, em outubro, já de olho também nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Mas, apesar do alerta à demora para o anúncio da seleção nacional, ela comemorou um apoio inédito à Confederação, o que pode representar um salário para 24 atletas, entre adultos e juniores.

Pela primeira vez a modalidade conta com um apoio de uma grande empresa, de forma intensiva. A Petrobras iniciou um trabalho de patrocínio para o remo que entre outras ações vai contemplar 24 atletas que atingiram os índices determinados para a seletiva nacional, realizada entre 5 e 7 de fevereiro.

Os nomes demoraram cerca de duas semanas para serem divulgados, sob a alegação da Confederação de que a análise dos tempos e uma reunião com o COB para fechar o planejamento do time levaram tempo. Além dos 24 atletas listados, outros podem ser chamados para integrar os barcos maiores da seleção.

O novo investimento no remo, que poderá beneficiar os selecionados, faz parte de uma aplicação de R$ 100 milhões da Petrobras dividida em cinco modalidades: remo, boxe, levantamento de peso, taekwondo e esgrima.

Entre os remadores, as ajudas de custo vão de R$ 1.250 a R$ 3.100, de acordo com os resultados conquistados pelos atletas – o valor é completado por benefícios, como plano de saúde e a possibilidade de bolsas de estudos.

“Esta ajuda é ótima, inédita no remo, então acho que vai ajudar muito”, disse Fabiana, que, no entanto, também alerta para a necessidade de um rápido início dos trabalhos com a seleção, devido à aproximação do Pan, das Olimpíadas e de Mundiais, que já tem início em maio.

Em um post publicado sábado no blog “Donas da Bola” - e reproduzido no Blog do José Cruz - , Beltrame questionou a demora para a definição da seleção brasileira. “Enquanto a maioria das seleções de outros países já está formada e treinando, o Brasil mais uma vez, na minha opinião, já sai alguns barcos atrás”, disse ela. Na segunda, foi anunciada a base da seleção.

Em entrevista ao UOL Esporte, ela ponderou. Destacou que seu texto serviu de alerta para que o Brasil possa fazer um bom papel nas competições.

“O Pan é muito importante para o remo. No feminino nunca vencemos. Temos essa chance de acabar com um jejum de tantos anos e minha preocupação ao escrever era essa mesmo. Quero ver o Brasil ganhando medalhas”, explicou ela. “Nem é o meu caso, que estou treinando no Flamengo, no skiff, mas para as embarcações maiores, que precisam de guarnições e tem de treinar mais tempo juntos.”

Resposta

O presidente da Confederação Brasileira de Remo respondeu aos questionamentos publicados no post de Beltrame e reproduzidos no Blog do José Cruz. Em resposta ao blogueiro, Wilson Reeberg alegou que a análise dos dados e o desenho do planejamento em conjunto com o Comitê Olímpico Brasileiro causaram certa demora para que se possa anunciar a seleção nacional.

“Esperamos começar o treinamento em março, assim que tivermos definido a logística e assegurado os recursos financeiros. O Brasil tem dimensões continentais, custa caro deslocar e manter atletas fora de suas cidades. O fato de a maioria dos atletas ser do Rio de Janeiro ajuda nos custos, sem dúvida, mas o que sobra ainda representa uma despesa muito grande para uma confederação que só herdou contas para pagar e tudo para fazer”, afirmou Reeberg ao Blog do Cruz.