Jogo de empurra entre Rio e Governo Federal exclui sede dos Jogos Militares
A organização dos Jogos Mundiais Militares já tem substituto para o Complexo Miécimo da Silva. A instalação, que fica em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, receberia as competições de futebol feminino e judô, mas não passou pelas reformas previstas no início do ano e ficou fora do evento. A exclusão da sede é fruto de um jogo de empurra entre o Rio de Janeiro e o Governo Federal que envolveu os Ministérios da Defesa e do Esporte.
FUTEBOL VAI PARA BAIXADA FLUMINENSE; JUDÔ, PARA ILHA DO GOVERNADOR
A exclusão do Miécimo ainda não é oficial, mas a organização já sabe onde realizará os eventos agendados para o local. As saídas encontradas, porém, farão com que o futebol feminino seja disputado fora da cidade do Rio de Janeiro.
"Ainda contamos com o Miécimo, mas temos que estar preparados para levar as competições para locais alternativos. O judô vai para a Unifa (Universidade da Força Aérea, na Ilha do Governador), o que facilita uma série de questões de logística. O futebol feminino vai para o Giulite Coutinho (no município de Mesquita, na Baixada Fluminense), que foi gentilmente cedido pelo América", revela o vice-almirante Gamboa.
De acordo com fontes ligadas ao Ministério do Esporte, quando a organização dos Jogos Mundiais Militares solicitou que fossem feitas melhorias no Miécimo, a Prefeitura do Rio, por estar momentaneamente inadimplente com o Governo Federal, não poderia solicitar a liberação da verba em seu nome. A incumbência ficou com o Ministério da Defesa. Essa solicitação, porém, não chegou ao Ministério do Esporte, que deveria liberar o dinheiro.
A versão é contestada pelo Ministério da Defesa. “Nós entramos na negociação como meros clientes”, explica o vice-almirante Bernardo Gamboa, presidente da Comissão Desportiva Militar do Brasil. “Ficou acertado com a Prefeitura o uso das instalações do Miécimo. Em nenhum momento se falou que caberia a nós solicitar a verba necessária para as melhorias”.
Na Prefeitura, a explicação é de que não havia dinheiro para reformas. “A Prefeitura tentou com o Governo Federal o aporte financeiro para a obra, que, infelizmente, não chegou”, diz Ruy Cézar, secretário especial para a Copa 2014 e o Rio 2016. “Não teríamos condições de realizar intervenções no local sozinhos”.
Segundo a assessoria de Comunicação do Ministério do Esporte, a verba para a reforma do Miécimo não foi liberada simplesmente porque ninguém a solicitou. “O Ministério não recebeu oficialmente nenhum pedido do Ministério da Defesa para financiamento de obras no Miécimo”, informa o comunicado. “O governo só pode decidir sobre investimentos a partir de pedido formal e de plano de trabalho do interessado no recurso, o que não ocorreu neste caso”.
O complexo Miécimo foi inaugurado em 1997 e é mantido pela Prefeitura do Rio com uma verba anual de R$ 8 milhões. Depois de oferecido à organização dos Jogos Mundiais Militares, o complexo passou por uma inspeção que determinou a realização de reformas orçadas em mais de R$ 4 milhões para que pudesse receber as competições de judô e futebol feminino. Como nenhuma intervenção foi feita, o local foi descartado.
A organização dos Jogos Mundiais Militares, no entanto, até hoje não recebeu um comunicado oficial excluindo o Miécimo do programa de competições. “As informações emanadas da Prefeitura do Rio mostraram a dificuldade atual das pequenas recuperações em instalações do Centro Esportivo Miécimo da Silva e sua manutenção geral”, afirma o general Jamil Megid. coordenador geral dos Jogos.
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