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Orlando Silva abre sindicância para investigar denúncias contra Ministério do Esporte

Orlando Silva começa investigação que pode afastar funcionários do Esporte - Alan Marques / Folha Imagem
Orlando Silva começa investigação que pode afastar funcionários do Esporte Imagem: Alan Marques / Folha Imagem

Roberto Pereira de Souza

Em São Paulo

24/10/2011 19h00

O ministro do Esporte Orlando Silva decidiu abrir sindicância em sua pasta para apurar denúncias de fraude e favorecimento, publicadas pela revista Veja neste fim de semana (24). Uma nota oficial de menos de cinco linhas foi postada no site do ME no final da tarde:

“De ordem do ministro do Esporte, Orlando Silva, o secretário-executivo do Ministério, Waldemar de Souza, constituiu nesta segunda-feira, 24 de outubro, uma Comissão de Sindicância para investigar acusações publicadas pela revista Veja, nas páginas 88, 89 e 90 da sua edição número 2240, de suposto envolvimento de servidores do Ministério em irregularidades administrativas”.

Em meio a uma série de denúncias e com o cargo ameaçado, Silva estará nesta terça-feira, às 14h, na Câmara dos Deputados para discutir a Lei Geral da Copa.

O principal acusador do ministro Orlando Silva é o policial militar João Dias. O PM responde a vários processos por desvio de dinheiro público, vindo de convênios assinados com o Ministério do Esporte, via programa Segundo Tempo.

Nesta segunda-feira, João Dias passou várias horas na Polícia Federal, apresentando supostas provas de que funcionários do ministro Orlando Silva teriam cometido fraude em negociações, ocorridas em 2008.

Segundo reportagem da revista Veja do último fim de semana, João Dias teria pressionado a cúpula do Esporte para que um ofício fosse enviado à Polícia Militar, inocentando-o por desvio de dinheiro. O ofício foi assinado por José Lincoln Daemon, subsecretário de Planejamento e Finanças.

Detalhe: a operação foi montada, em abril de 2008, para negar comunicação oficial anterior que denunciava o desvio de dinheiro pela ONG dirigida por João Dias.

  • Lula Marques/Folhapress

    PM João Dias (foto) foi inocentado por Daemon

Acusado de ter desviado alguns milhões do programa Segundo Tempo, João Dias passou a ser investigado  internamente pela Polícia Militar do DF. Respondendo a questionamento do inquérito militar, Ana Augusta Barroso da Costa, técnica do Ministério do Esporte, escreve para não deixar dúvidas quanto à reputação do dono da ONG.

“Há indícios de desvios do dinheiro aportado, pactuado em convênio... desvio de finalidade e sugerimos a rescisão contratual”.

Quando soube do ofício, João Dias se sentiu traído e teve uma reunião com o chefe do programa Segundo Tempo, segundo apurou a revista Veja. A conversa com Fábio Hansen foi gravada pelo militar. Entre outras coisas, o funcionário do ministério do Esporte menciona que “Agnelo ficou p... e  me chamou de moleque”. 

Para ajudar o policial militar, Hansen sugere uma fraude de documentação, enviando um outro ofício aos investigadores da Polícia Militar, revogando a suspeita e ampliando o prazo para prestação de contas.

 O segundo ofício, assinado por Lincoln Daemon (gestor financeiro e ordenador de despesas do ministério), retirando a acusação de desvio de dinheiro das costas de João Dias foi assinado quatro dias depois do primeiro.

“Serve o presente para solicitar a Vossa Senhoria que desconsidere o teor do ofício 229/2008 de 02/04/2008 ... Dão prazo até 30/04/2008 para apresentação de novos documentos, fato este que enseja novas avaliações das prestações de contas”, escreve Daemon.