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COI interrompe investigação, mas Rogge diz que Havelange saiu por causa da saúde

Brasileiro João Havelange deixou o Comitê Olímpico Internacional após 48 anos - REUTERS/Jorge Adorno
Brasileiro João Havelange deixou o Comitê Olímpico Internacional após 48 anos Imagem: REUTERS/Jorge Adorno

Do UOL Esporte

Em São Paulo

06/12/2011 10h36

O pedido de demissão de João Havelange aceito pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e divulgado na última segunda-feira interrompeu automaticamente todas as investigações pelas quais o brasileiro vinha passando dentro da organização. O presidente do Comitê, Jacques Rogge, confirmou a informação nesta terça, mas disse acreditar que, conforme alegado por Havelange, a saída do quase centenário tenha sido motivada por questões de saúde.

HAVELANGE EVITA COMENTÁRIOS EM 1ª APARIÇÃO APÓS REÚNCIA DO COI

  • Pedro Ivo Almeida/UOL

    O presidente de honra da Fifa, João Havelange, fez nesta terça-feira sua primeira aparição pública depois da renúncia do quadro de dirigentes do COI. O cartola participou no Rio de Janeiro da cerimônia de abertura do Footecon, congresso de futebol promovido pelo técnico Carlos Alberto Parreira.

    Descrito pelo anfitrião do fórum como o “maior dirigente esportivo que o mundo conheceu”, Havelange evitou qualquer comentário a respeito da saída do COI. Apesar de integrar a mesa de apresentação do congresso, o dirigente de 95 anos não discursou, ao contrário de seus colegas de bancada. Depois, em breve contato com a imprensa, o veterano fez um desabafo: "Só peço que me deixem em paz".

“O Havelange me enviou uma carta dizendo que ele tem tido alguns problemas de saúde recentemente e ponderou que devido à idade e à saúde ele não pode mais viajar regularmente”, declarou o mandatário do COI em entrevista exclusiva à Reuters.

Encampando os motivos alegados por Havelange, de 95 anos, Rogge não concordou que o ex-presidente da FIFA tenha pedido demissão para evitar que a comissão de ética do Comitê divulgasse os resultados das investigações sobre ele.

“Eu não vou comentar especulações. João Havelange já esteve ausente em outros encontros, não esteve na sessão do COI de julho e perdeu a maioria dos encontros da FIFA. Para mim, a demissão é baseada apenas na saúde e na idade dele”, endossou.

No entanto, Rogge reconheceu que, saindo do COI, do qual era integrante há 48 anos, Havelange não poderá mais ser investigado.

“O Sr. Havelange não é mais um membro do COI. E investigações só se aplicam aos membros do COI. Por isso, já que o Sr. Havelange não é mais um membro, ele não estará sob investigação, já que ele é um cidadão comum”, explicou o presidente, sem afirmar literalmente que o presidente da Fifa estivesse sendo investigado.

Sabe-se, porém, que Havelange e mais dois membros da entidade olímpica estavam na mira do Comitê por conta de acusações de corrupção em assinaturas de contrato com a ISL, empresa de marketing esportivo que faliu em 2001 mas, antes disso, havia feito acordos milionários para direitos de Copa do Mundo. Lamine Diack e Issa Hayatou continuam sob investigação, e a expectativa é que o resultado final da comissão de ética seja divulgado nesta quinta-feira.

Rogge, que assumiu o comando do COI em 2001, justamente após o Comitê passar pelo escândalo de corrupção na escolha de Salt Lake City para sediar os Jogos de Inverno daquele ano, pediu que as organizações esportivas tenham maior transparência financeira .

“Há claramente uma necessidade de transparência e responsabilidade. Organizações esportivas comandam esportes, mas também conduzem orçamentos milionários e a maneira como esses orçamentos são geridos precisa de transparência que se aplique a todos”, discursou.

Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB e agora único membro brasileiro do COI, lamentou a saída de Havelange da entidade. "Uma das lendas no mundo do esporte por todo o séxulo XXi e até hoje [...] João Havelange dedicou sua vida ao esporte olímpico brasileiro e mudou a história do futebol mundial", disse o cartola.