Ministro Rebelo critica Justiça por censura a livro contra Teixeira, mas vê Copa acima de atrito
O ministro do Esporte Aldo Rebelo afirmou que a responsabilidade de fazer acontecer a Copa de 2014, na figura de representante do governo, está acima de qualquer atrito passado em sua trajetória. No entanto, em entrevista ao UOL nesta sexta-feira, o responsável pela pasta ligada à organização do Mundial criticou a decisão da Justiça de censurar um livro de sua autoria que comprometia o presidente da CBF Ricardo Teixeira.
Aldo Rebelo presidiu a CPI CBF-Nike em 2000, em que apontou irregularidades na entidade e federações associadas a ela, acusou dirigentes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro e ainda encontrou indícios de irregularidades em movimentações financeiras de Ricardo Teixeira.
FRASE
Não foi o Ricardo Teixeira, foi a Justiça, que censurou o livro de forma absurda. Não vamos absolver a Justiça. Inclusive, ela ordenou a retirada das informações do relatório do Congresso, de forma deplorável. [O livro] até hoje está censurado. Não contém uma única inverdade. Está proibido, lamentavelmente
À época, o atual ministro do Esporte escreveu um livro sobre os resultados da investigação, assinado em parceria com o ex-deputado Silvio Torres (PSDB), relator da CPI. No entanto, o livro foi embargado pela Justiça, a pedido de Ricardo Teixeira. Nesta sexta, este foi o único instante da entrevista em que abalou o domínio de ponderação de Aldo, que manifestou sentimento de ofensa em relação à determinação judicial.
"Não foi o Ricardo Teixeira, foi a Justiça, que censurou o livro de forma absurda. Não vamos absolver a Justiça. Inclusive, ela ordenou a retirada das informações do relatório do Congresso, de forma deplorável. [O livro] até hoje está censurado. Ele não contém uma única inverdade. Está proibido, lamentavelmente", afirmou Rebelo nos estúdios do UOL em São Paulo, em entrevista aos jornalistas Gustavo Franceschini e Vinicius Konchinski.
Em seu discurso sobre o tema, no entanto, Aldo defendeu um posicionamento conciliatório que passe por cima de diferenças passadas, tudo em nome da realização "harmoniosa" da Copa de 2014, em instante privilegiado de exposição internacional do país. Neste processo de organização, o ministro precisa necessariamente lidar com a figura de Teixeira, que acumula os cargos de presidente da CBF e do comitê organizador local do Mundial.
"Procuramos a harmonia para a realização da Copa. O Ministério tem esse compromisso com o interesse público e nacional. Onde houver diferenças, vamos procurar nos adequar, em vista do objetivo comum", declarou o ministro.
"O presidente Obama gostaria que a Copa fosse nos Estados Unidos. A China, Alemanha, a França também gostariam de ter ela. Mas essa Copa é nossa. Como representante do comitê organizador, temos que conduzir esse processo com o Ricardo Teixeira. A harmonia é um objetivo, uma tarefa que se espera de mim. Vamos fazer todo o esforço, obedecendo as diferenças de expectativas, seja da Fifa, do comitê e as do governo", acrescentou.
Sobre o mesmo tema, Aldo afirmou que o governo precisa manter uma certa distância política no trato com os interesses de instituições privadas como a CBF, já que as entidades desta natureza tiveram “os laços cortados” com o estado, em referência à antiga proximidade delas com a ditadura do país.
Aldo Rebelo (PC do B) é ministro do Esporte do governo Dilma desde outubro de 2011, em substituição a Orlando Silva. Na entrevista na sede do UOL nesta sexta-feira, o político ainda abordou temas como lei geral da Copa, Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e a polêmica de desapropriações para a organização deste evento.
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