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Atriz global e ex-jogadora de vôlei diz que novo Maracanã 'perdeu o charme'

Christine Fernandes: futebol é com ela! - Reprodução
Christine Fernandes: futebol é com ela! Imagem: Reprodução

Daniel Marcusso

do UOL, em São Paulo

27/08/2013 06h00

Ela já foi modelo, jogadora de vôlei, apresentadora mas é mais conhecida por seu trabalho como atriz. Fez as novelas Páginas da Vida e A Favorita. O que nunca mudou, desde a infância, foi sua paixão pelo futebol e pelo Flamengo, time do qual é fã de carteirinha. E é sobre o esporte que a atriz falou em entrevista ao UOL Esporte. Mostrando que entende do assunto, criticou o novo Maracanã e disse que apesar de empolgada, também está preocupada com a realização da Copa no Brasil.

UOL Esporte: De onde nasceu a paixão pelo futebol?

Christine Fernandes: De ir para o Maracanã com o meu pai desde os cinco anos. Eu era a parceira de "Maraca" dele... Um tio meu tinha umas cadeiras cativas então íamos sempre. Uma das emoções mais fortes da minha vida era entrar no elevador que levava ao terceiro andar, que hoje não faz parte do projeto novo, ver a porta abrir e contemplar a torcida. Ficava hipnotizada!  Até hoje ainda fico.

UOL Esporte: Não é raro ver fotos de você com a família nos jogos do Flamengo. Como é a relação de vocês com o futebol?

Christine Fernandes: O Floriano (Peixoto, marido da atriz) jogava bola, meu filho é atacante, canhoto, joga bem pra cacete! Participou recentemente com o time onde joga, o Marina Barra Clube, em Portugal, e terminou como vencedor invicto. E eu venho de uma família que sempre respirou futebol. Meu irmão, por pouco não se tornou jogador, tinha um primo que jogava muito bem, eu jogava vôlei, mas também era apaixonada por futebol.  

UOL Esporte: Você disse que seu filho é um ótimo jogador. Está torcendo para que ele jogue profissionalmente no futuro?

Christine Fernandes: O Pedro não engatinhou. Aos nove meses já começou a andar, direto. A primeira palavra que ele falou não foi nem pai, nem mãe, foi gol! Ele e o pai vivem com a bola no pé. Além de jogar no Marina, ele também foi selecionado para participar de uma escola de futebol que o Barcelona abriu no Rio. Se divide entre os dois times e a escola durante a semana. Ele já treina há cinco anos. Se for o destino dele, e der certo, vou ficar muito feliz.

UOL Esporte: E você sempre foi flamenguista?

Christine Fernandes: Desde sempre. O Flamengo é uma religião. Uma tatuagem. Tenho até simpatia por outros times, pela torcida do Corinthians, mas o que eu sinto pelo Flamengo é inexplicável.

UOL Esporte: Está satisfeita com a situação atual do time?

Christine Fernandes: O time está sem dinheiro, então está fazendo o que pode. Hernane está em ótimo momento, André Santos se sai muito bem e dá velocidade ao time. No Brasileirão a gente não tem mais chance, mas acho que dá para pensar na Libertadores.

UOL Esporte: Você está feliz com o novo Maracanã?

Christine Fernandes: Não estou feliz. É muita corrupção. O Maracanã já dobrou o preço que foi estimado para sua reforma. As coisas são muito mal administradas no Brasil. É tudo feito nas coxas e por baixo do pano. É uma falta de transparência absurda. A população tem que cobrar essa transparência. Além disso, perdeu o charme do estádio antigo. Está com uma energia diferente, é mais confortável, bonito, mas não tem mais aquela magia do passado.

UOL Esporte: Tem algum outro esporte que você acompanha?

Christine Fernandes: Gosto de acompanhar o vôlei. Para quem está acostumado ir ao estádio, assistir futebol pela TV perde muito do espetáculo. Não dá para sentir o clima, ouvir direito o que a torcida está cantando... Por sorte o vôlei está sendo mais apreciado aqui no Brasil. Principalmente por conta dos títulos recentes. Ainda não chega aos pés do futebol, mas está caminhando lentamente para um maior reconhecimento. Aqui não existe incentivo ao esporte. O esporte não é levado a sério nas escolas. Já imaginou a quantidade de craques que seriam descobertos se tivesse futebol nas escolas? O esporte salva as crianças das drogas, só ajuda.

"O Maracanã já dobrou o preço que foi estimado para sua reforma. As coisas são muito mal administradas no Brasil. É tudo feito nas coxas e por baixo do pano. É uma falta de transparência absurda."

UOL Esporte: E com relação à Copa do Mundo? Você está empolgada?

Christine Fernandes: Estou empolgada, mas ao mesmo tempo assustada com nossa estrutura. Não temos aeroportos. O Galeão mal funciona. Fico constrangida de pensar na situação dos turistas. Temos a famosa hospitalidade brasileira, mas não temos condições práticas para hospedagem, locomoção. Tenho muito medo do que pode acontecer, principalmente por conta dessa onda de protestos. Deu tudo certo na vinda do Papa ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude, mas a energia era outra. Durante a Copa o clima vai ser de festa e um tropeço pode se transformar em grande confusão. Corremos o risco de ficarmos marcados como um país inapto a receber esse tipo de evento mundial e manchar nossa imagem para as Olimpíadas de 2016. Não somos como os outros países. A gente ainda está muito atrasado.

UOL Esporte: Você pretende fazer algum trabalho relacionado ao esporte futuramente?

Christine Fernandes: Comprei uma câmera e equipamentos de muita qualidade para tocar uns projetos meus. Um deles é um documentário sobre as torcidas de futebol. Pegar as famílias que vão para os estádios, conhecer histórias interessantes de pessoas e a paixão pelos times. É algo que eu estou planejando. Aproveitar esse momento para fazer tudo que sempre quis.

 

  • Arquivo Pessoal

    Christine Fernandes e o filho, Pedro, torcendo pelo Fla