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Eleição para presidente revive acusações dentro do COI

Jacques Rogge é o atual presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) - Fabrice Coffrini/AFP
Jacques Rogge é o atual presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) Imagem: Fabrice Coffrini/AFP

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Buenos Aires (Argentina)

10/09/2013 06h00

Após 12 anos de tranquilidade sob o comando de Jacques Rogge, o COI (Comitê Olímpico Internacional) revive seu período de polêmicas e acusações envolvendo dirigentes em meio à eleição para presidente da entidade, que ocorrerá nesta terça-feira, em Buenos Aires. Favorito em uma votação com seis candidatos, o alemão Thomas Bach,59, sofre acusação de ter burlado regras quando era atleta olímpico, de ter se omitido em casos de doping e de ter a campanha financiada por um colega árabe.

São outros cinco postulantes ao maior cargo máximo do esporte olímpico: Sergey Bubka (Ucrânia), Denis Oswald (Suíça),  Shing-Kuo Wu (Taipei),  Ng Ser Miang (Cingapura) e Richard Carrión (Porto-Rico). Os dois últimos são considerados as maiores ameaças para o alemão. Mas, entre alguns membros do COI, é dada como certa a eleição de Bach, homem-jurídico do comitê durante a gestão de Rogge.

Foi a mídia alemã quem veiculou as acusações contra o favorito para comandar o esporte olímpico. Entre os pontos levantados, está a tentativa de trapacear quando era esgrimista olímpico. Segundo relato de um ex-atleta, Bach teria usado uma luva molhada para evitar a marcação de pontos do equipamento eletrônico. Também foi apontado que ele poderia ter envolvimento com o programa de doping na Alemanha Oriental. Por último, ainda foi acusado de ser beneficiado por apoio financeiro do Sheik Ahmad Al-Sabah, emir do Kwait. Teoricamente, é ilegal anunciar apoio e fazer campanha por um colega pelas regras do COI.

Bach rechaça todas as acusações, classificando-as como "nonsense". Mas a polêmica levou um dos seus concorrentes, Denis Oswald, a critica-lo publicamente e pedir explicações. Como ataques a rivais são proibidos no COI, o suíço teve que pedir desculpas e se retratar. Nesta segunda-feira, véspera da eleição, se calou.

Já o alemão se manteve sorridente e falou sobre as diretrizes que pretende implantar no COI: quer tornar os Jogos Olímpicos mais sustentáveis e realistas. "Quanto a grandes despesas, temos que ter um plano para sustentabilidade dos Jogos. Potenciais candidaturas devem demonstrar como a Olimpíada se encaixa no plano da cidade e devem controlar a forma como a farão", explicou.

Questionado pelo UOL Esporte, especificamente sobre os preparativos do Rio-2016, Bach se recusou a abordar o tema. "Disso não vou falar agora." O alemão sempre esteve ligado ao esporte, pois, depois de ser atleta, era executivo da Adidas. No COI, tem altos cargos há anos, sendo o responsável por toda a parte jurídica da instituição.

Entre os outros candidatos, Carrión,60, disse ter recebido muitas mensagens de apoio, e espera representar a América Latina. Ele é um banqueiro portorriquenho que já foi presidente do Federal Reserve Banco de Nova Iorque. Também é poderoso no comitê, encarregado de todas as finanças da entidade. Nos bastidores, é crítico à organização dos Jogos do Rio-2016, e inimigo político do brasileiro Carlos Arthur Nuzman, presidente do comitê.

NG Ser Miang,64, é vice-presidente do COI, e pode ser considerado um azarão, com alguma chance de triunfo. Com ainda menos chances, há o mais popular dos candidatos: Bubka, 49, medalhista de ouro olímpico e recordista no salto em altura. Sua plataforma é relacionada a um programa voltado para a juventude. Denis Oswald, 64, é o presidente da federação internacional de remo, esporte em que levou uma medalha de bronze. Ching-Kuo Wu, 68, é presidente da federação de boxe.

Ao deixar a presidência, o belga Rogge foi intensamente louvado por todos os dirigentes que discursaram essa semana. Não foi à toa. Após o escândalo de compra de votos de Salt Lake City, em que delegados do COI elegeram a cidade dos EUA em troca de dinheiro, o europeu foi o responsável por iniciar um bem-sucedido processo de limpeza da entidade. Expulsou membros e mudou procedimentos de eleição. Além disso, aumentou o dinheiro ganho com a Olimpíada e expandiu fronteiras dos Jogos para países como Brasil e China. Por isso, seu legado é exaltado por todos os candidatos.