RJ amplia calotes no esporte e já deve para tenista top e Eike Batista
![Empresário Eike Batista e governador Sergio Cabral abraçados. Hoje, governo do Rio deve a ex-bilionário - Danilo Verpa/Folhapress](https://conteudo.imguol.com.br/2013/04/12/19dez2007---o-empresario-eike-batista-recebe-cumprimentos-do-governador-sergio-cabral-filho-na-festa-de-lancamento-do-navio-pink-fleet-barco-evento-ancorado-na-marina-da-gloria-no-rio-de-1365778953947_615x300.jpg)
O empresário Eike Batista e o tenista Novak Djokovic são as mais novas “vítimas” do corte de pagamentos a organizadores de grandes eventos esportivos promovido pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. O ex-bilionário, amigo do governo Sérgio Cabral, e o sérvio atual número 2 do mundo no ranking do ATP (Associação dos Tenistas Profissionais) também envolveram-se em acontecimentos esportivos em terras fluminenses. Assim como outras empresas e entidades, ainda não receberam do Estado o que deveriam e amargam um prejuízo causado pela nova política de apoio ao esporte implantada na SEEL (Secretaria Estadual de Esporte e Lazer).
A secretaria, por anos, ofereceu recursos públicos a empresários e atletas para que eles viessem ao Rio de Janeiro participar de eventos esportivos. No ano passado, porém, o deputado estadual André Lazaroni assumiu o comando do órgão e resolveu cortar esse tipo de investimento estatal. O problema é que ele decidiu isso depois que muitos contratos já haviam sido fechados pela secretária anterior, Márcia Lins. Eventos foram realizados. O pagamento é que não veio.
No final do ano passado começaram a surgir as primeiras acusações de calotes do governo do Estado. Pelo menos cinco casos de falta de pagamento já foram confirmados. Os mais recentes são os relacionados a Eike e a Djokovic:
1- Eike e o calote da Megarrampa 2012
Eike Batista, na época em que ainda era o homem mais rico do Brasil e sonhava ser o mais rico do mundo, resolveu trazer o Megarrampa para o Rio de Janeiro por meio de uma ação de uma de suas empresas, a IMX. O torneio de skate, disputado numa pista gigantesca, reuniu astros do esporte como o brasileiro Bob Burnquist em agosto de 2012.
O Megarrampa 2012 aconteceu no Sambódromo do Rio e atraiu presença de cerca de 10 mil pessoas. A entrada foi gratuita para o público até porque o evento tinha o apoio do governo do Rio de Janeiro. Acontece que o que havia sido prometido pela SEEL não foi pago à IMX. Por isso, acabou não chegando a Eike Batista.
A secretaria confirmou o débito, que pode chegar a R$ 1,2 milhão. Informou que não pagou o que devia porque priorizou o investimento em outros projetos da casa, como o Esporte RJ. Procurada, a IMX não quis se pronunciar sobre o assunto.
2- Djokovic leva calote após visita ao Rio
O Rio de Janeiro deu início em 2012 a uma campanha para trazer ao Estado o torneio de fechamento do circuito anual da ATP. Dentro dessa campanha, resolveu patrocinar a realização de um amistoso entre Djokovic e o maior tenista brasileiro de todos os tempos, Gustavo Kuerten, em novembro daquele ano.
O jogo foi promovido por uma empresa do ex-jogador Petkovic, a Deki 10 Eventos e Ensino. Pet é compatriota de Djoko e usou seus laços com o tenista para trazê-lo ao Brasil para a partida e também para ações de responsabilidade social. Por tudo isso, a SEEL comprometeu-se a pagar a Deki 10 Eventos R$ 4,5 milhões.
Mais de um ano após a visita de Djokovic ao Brasil, entretanto, Petkovic revelou que o tenista ainda não recebeu 60% do que deveria. Levando-se em conta o valor dos contratos firmados para a visita do tenista, o calote seria de R$ 2,7 milhões. Novamente, a SEEL informou que ainda não pagou o que deve a Djoko porque priorizou o investimento em outros projetos.
Na quarta-feira, Guga criticou a SEEL. “É triste ao extremo. É uma falta de respeito. A autoestima e alegria do brasileiro estão sendo aniquiladas por isso", disse.
3- Quebra de contrato de patrocínio à ATP
Nessa mesma campanha para trazer as finais do ATP ao Rio, a SEEL decidiu patrocinar a associação de tenistas. O Estado se comprometeu a pagar R$ 9 milhões a entidade para que ela expusesse a marca RJ em alguns de seus eventos e vídeos.
No final do ano passado, a ATP revelou que o governo quebrou seu contrato com a entidade. Por isso, a marca do Estado deixou de ser exibida pela associação. O fato também encerrou a negociação entre o governo a entidade para que o Rio sediasse uma das etapas mais importantes do circuito do tênis profissional.
Segundo a SEEL, o governo do Estado deixou de patrocinar a ATP porque não pretende mais investir recursos públicos em eventos esportivos. A secretaria informou que organizadores desse tipo de competição podem recorrer à Lei de Incentivo ao Esporte para obterem apoio de empresas para as competições.
4- Soccerex cancela edição carioca
Em novembro do ano passado, uma notícia surpreendeu muita gente: a Soccerex, maior convenção sobre futebol do mundo, após realizar três eventos no Rio de Janeiro, cancelou sua edição 2013 programada para a capital fluminense. O motivo? Quebra de contrato por parte do governo do Estado.
A feira sobre futebol era bancada com recursos dos cofres estaduais desde 2010. Todo ano, a SEEL gastava cerca de R$ 30 milhões com a Soccerex, pagando hotel para convidados e parte da estrutura da feira.
Lazaroni assumiu a secretaria e decidiu cortar esse pagamento. A secretaria sugeriu à Soccerex que ela buscasse apoio por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, o que não foi feito. A feira deixou o Brasil criticando o governo e ameaçando processá-lo. “Fomos tratados de maneira vergonhosa. É uma quebra de contrato e vamos contestar isso na Justiça”, disse o chefe da organização da feira Duncan Revie, após o cancelamento.
5- “Oscar do Esporte” abandona Rio e vai à Malásia
Quem também firmou contrato com o governo do Rio e acabou não recebendo o que deveria foram os organizadores do prêmio Laureus, considerado o “Oscar do Esporte”. A cerimônia para entrega do Laureus foi realizada na capital carioca pela primeira vez na história em 2013 e deveria acontecer de novo na cidade neste ano.
O governo do Rio, porém, não cumpriu com o combinado com a organização do prêmio. A Fundação Laureus chegou a cobrar nominalmente cerca de R$ 11 milhões do governador Sérgio Cabral, em carta enviada a ele. As discussões não avançaram como os organizadores do prêmio imaginavam e a edição 2014 foi transferida para Kuala Lumpur, na Malásia.
A rescisão do contrato entre a Laureus e a SEEL foi assinada no mês passado. A secretaria reconheceu o débito e comprometeu-se a quitá-lo parceladamente.
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