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PMDB e PT se articulam por min. do Esporte. Sócio de Del Nero é cogitado

Sócio de Del Nero, deputado Vicente Candido (PT-SP) foi relator da Lei Geral da Copa  - Gabo Morales/Folha Imagem
Sócio de Del Nero, deputado Vicente Candido (PT-SP) foi relator da Lei Geral da Copa Imagem: Gabo Morales/Folha Imagem

Pedro Lopes e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

12/11/2014 13h34

Com a reeleição de Dilma Rousseff, já começaram em Brasília as movimentações para a reforma ministerial. A renovação da pasta da Fazenda é a que tem maior repercussão no momento, mas a dança das cadeiras pode levar também a uma mudança no Ministério do Esporte. PT, PMDB e PC do B já manobram para emplacar o possível substituto de Aldo Rebelo. E Vicente Cândido (PT-SP), sócio do futuro presidente da CBF, Marco Polo del Nero, é um dos nomes cogitados para o cargo.

O governo deve definir nos próximos meses quem comandará as pastas consideradas mais importantes: Fazenda, Planejamento, Cidades, Minas Energia, e outras. A definição do nome do Esporte deve se dar depois, sob impacto do xadrez político que buscará acomodar simultaneamente os interesses do PT e dos partidos aliados.

O UOL Esporte apurou que, a pessoas próximas, o atual ministro, do PC do B, disse que tem vontade de deixar o cargo para se dedicar a outros afazeres - uma das possibilidades é a sua ida para o TCU (Tribunal de Contas da União). O discurso já chegou às lideranças de seu partido, que desejam manter a pasta no próximo ano, e ainda acreditam em convencer Rebelo a permanecer. Dentro do próprio partido, porém, existe uma corrente que aceitaria ceder ao governo.

A passagem do Ministério do Esporte para o PT envolveria uma troca com Ministério da Cultura, que ficaria com o PC do B. Em contato com parlamentares em Brasília, a reportagem ouviu que a deputada federal Jandira Feghali é um dos nomes que poderia assumir a Cultura pelo PC do B – a possibilidade foi confirmada por fontes próximas ao ex-presidente Lula.

Para o Esporte, um dos nomes ventilados em Brasília é o de Edinho Silva, ex-presidente do diretório paulista do PT.  O líder da bancada da bola na câmara, o deputado Vicente Cândido, também tem sido citado como uma alternativa – tem uma forte ligação com o futebol: sua possível indicação para o Ministério já chegou também aos ouvidos de alguns dirigentes de clubes brasileiros. Sobre algumas pessoas no PT cogitarem o nome dele pro Ministério, o parlamentar disse à reportagem: "Devem ser alguns amigos, apenas (...) Essa perspectiva está muito distante, melhor não comentar".

Cândido tem uma proximidade muito grande com a CBF de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero: é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e sócio de Del Nero em um escritório de advocacia. A presidente Dilma Rousseff nunca escondeu que não tem boa relação com a entidade que comanda o futebol brasileiro, o que dificultaria a indicação. Além disso, Cândido é muito mais ligado ao futebol do que aos esportes olímpicos.

Ouvidos pelo UOL Esporte, Cândido e Edinho disseram não estar informados sobre a nova composição a partir do segundo mandato da presidente Dilma. Nenhum dos dois se pronunciou como candidato ao posto. Edinho até avaliou positivamente a atuação de Rebelo.

Assumir o Esporte não é o desejo da maioria do PT, que entende ser mais importante manter o bom relacionamento com aliados, como o PC do B, além de priorizar pastas consideradas mais importantes. Essa corrente entende que se o partido de Aldo Rebelo quiser fazer uma troca para assumir a Cultura, tudo bem, mas que não deve haver pressão para que um petista substitua Rebelo. Uma pequena ala, da qual Cândido faz parte, porém, acredita que seria importante o PT ter a experiência de administrar o Esporte pela primeira vez.

O PT não é o único, nem o maior interessado no Ministério: o UOL Esporte também apurou que a prefeitura do Rio, sede das Olímpiadas, faz pressão para que a pasta vá ao PMDB. Ter o Esporte durante os Jogos é considerado um passo fundamental para a sucessão de Eduardo Paes na capital carioca: dependendo do desempenho, o possível ministro poderia se tornar o candidato à prefeitura.

O desempenho do Brasil em 2016 será diretamente relacionado ao Ministério do Esporte, que conta com diversos programas de fomento ao esporte olímpico, como Bolsa Atleta, Bolsa Pódio, captação pela Lei de Incentivo ao Esporte. O cargo, inevitavelmente, ficará em evidência, fortalecendo a legenda responsável. O futebol também passa por um momento politizado, com atletas e clubes brigando para aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, e debatendo a democratização da CBF.

*Colaboraram Vagner Magalhães e Vinicius Segalla