Autor da bolada que matou australiano no críquete pode não jogar nunca mais

Na terça-feira, Sean Abbott, 22 anos, defendendo a equipe de New South Wales em partida de críquete contra o South Australia, deu um arremesso que teria consequências muito além das imagináveis. A bola atingiu o pescoço do rebatedor Phillip Hughes, 25 anos, comprimiu e rompeu uma artéria e causou sangramento que, nesta quinta, levou o jogador à morte. Para especialistas na modalidade, o traume pode impedi-lo de voltar a jogar.

"Eu sei o que Sean está passando. Meus pensamentos são por ele também, porque, superando isso ou não, eu não acho que ele vá jogar críquete de novo", afirmou Phil Simmons, à BBC. Ex-jogador, ele viveu experiência semelhante à de Hughes: sem usar capacete, foi atingido na cabeça por uma bolada em 1988. Seu coração chegou a parar, mas ele se recuperou depois de oito dias no hospital.

"Quando você se vira e corre para arremessar de novo, você simplesmente tem aquelas imagens na sua cabeça. Ele vai ser o mesmo arremessador de novo? Não sei", disse Simmons. Abbott visitou Hughes no hospital e tem recebido aconselhamento psicológico da Federação Australiana de Críquete. Ele foi visto deixando o hospital horas depois da confirmação da morte do ex-companheiro de modalidade.

A comunidade internacional do críquete não se esqueceu de Abbott. Ele foi citado por diversas personalidades, jogadores e dirigentes, todos preocupados com os efeitos do lance, considerado totalmente normal, sobre sua carreira. A própria Federação Australiana postou mensagem no Twitter: "a força da família do críquete é mais importante do que nunca neste dia triste. Por favor, mantenham Sean Abbott em seus pensamentos".

Shane Warne, ídolo australiano do críquete, manifestou preocupação com o futuro da carreira de Abbott. "É importante que familiares e amigos estejam com Sean. Tenho certeza que ele está abatido, mas não é culpa dele. Espero que ele fique bem e que possa voltar a jogar", apontou, em entrevista à Sky Sports News. Abott não se manifestou publicamente sobre o ocorrido.